Evento da SBCS revela convergência das entidades de seguro

Com a participação de dez entidades, o “Papo Seguro” debateu questões de interesse comum, como o ensino, conhecimento, função social do seguro, papel dos corretores etc

A Sociedade Brasileira de Ciências do Seguro (SBCS) promoveu, no dia 28 de junho, o evento denominado “Papo Seguro – conceitos, tendências e percepções em seguros”, no auditório do Sindicato dos Securitários de São Paulo, com a participação de representantes de dez entidades do setor. Mesmo sem um tema central, o inédito evento revelou grande convergência das entidades em torno de questões que estão na agenda do seguro brasileiro. Muito além do interesse comum de difusão do conhecimento em seguro, todas demonstraram estar bem alinhadas no proposito de preparar os profissionais do mercado de seguros para os novos desafios.

Sob a coordenação da diretora Educacional da SBCS, Paula Souza, e mediação do diretor de Relacionamento com o Mercado, Osmar Bertacini, o evento foi aberto pelo presidente da SBCS, Affonso Fausto. Coube a ele introduzir no debate o tema crise atual e as oportunidades na área de seguros. Em artigo sobre o assunto, lido e comentado pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Josafá Ferreira Primo, Fausto listou os seguros pouco comercializados que correspondem a oportunidades: seguros de recebíveis, de fusões e aquisições, de gestão de crises, consórcios, seguro de vida e produtos de acumulação de renda e o seguro de D&O. “É obrigação das entidades do setor divulgar essas coberturas para garantir o pleno desenvolvimento da sociedade geradora de bens e serviços”, registrou.

O vice-presidente acadêmico da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP), Sergio Nobre, comentou sua surpresa com a estimativa do número de alunos que assistirão a sua palestra, em outubro, no curso de ensino à distância de uma famosa universidade. “Cerca de 20 mil alunos assistirão online e o conteúdo poderá ser baixado por 100 mil”, disse. Durante o debate, ele opinou sobre a solução para evitar a guerra de preços e produtos em seguros. “Customer experience, conceito de experiência do cliente que veio da área de saúde”, disse.

Bertacini, que também representou a Associação Paulista dos Técnicos de Seguro (APTS) no evento, defendeu maior participação dos corretores de seguros na distribuição do seguro de vida. Para ele, a crise também oferece oportunidades para aqueles que resolvem deixar as lamentações e começar a trabalhar. Em seguida, Bertacini, que também atua como secretário do Sincor-SP, comentou os projetos do sindicato na área de ensino, destacando a nova fase do Cultura do Seguro. “Hoje, assinaremos um termo com a Secretaria de Educação para adentrar as escolas públicas e levar a conscientização sobre a necessidade de proteção”, disse.

Adevaldo Calegari, mentor do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP) lembrou a origem nobre da entidade, que nasceu 45 anos atrás durante o regime militar para dar voz aos corretores de seguros, então impedidos de se manifestarem por meio de seus sindicatos. Ele, que também representou a Câmara dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Camaracor-SP), ressaltou a evolução do seguro desde 1972, época em que iniciou na área, que cresceu em participação no PIB e em número de ramos e produtos. “Quando iniciei, existiam cerca de cinco ramos de seguros. Hoje, existem mais de 30 soluções, de risco cibernético a risco de responsabilidade civil”, disse.

A atuação da Escola Nacional de Seguros foi comentada por Ronny Martins, gerente da regional São Paulo, que mencionou os cursos em todos os níveis de escolaridade e as palestras em todo o país. “Em 2016, realizamos mais de 270 palestras, em 109 cidades, com a presença de 14 mil pessoas”, disse. Ele também citou o Portal Tudo sobre Seguros, o Programa Amigo do Seguro, voltado aos estudantes do ensino público, e destacou as novidades, como o novo curso de D&O e o seminário de riscos cibernéticos que será realizado em breve. “Também oferecemos cursos para que os corretores se aprimorem, como curso de canais digitais”, disse.

Representando a Limra (Life Insurance and Market Research Association), entidade internacional da área de pesquisa e conhecimento em de seguro de vida, com mais de cem anos de existência, Ronald Kaufmann falou sobre os objetivos no país. “Quero ofertar a capacidade da Limra de produzir pesquisas em conjunto com entidades do mercado que produzem conhecimento”, disse. A última pesquisa, segundo ele, foi sobre a geração Milênio e revelou hábitos de consumo novos. “Eles não pensam em comprar carros como bens duráveis, querem usar somente por algumas horas. Por isso, precisarão do seguro apenas para aquele momento. Temos de observar o comportamento dos novos consumidores e perceber suas necessidades”, disse.

A função social do seguro foi um dos assuntos abordados por Tiago Moraes, diretor de Seguros do Clube Vida em Grupo São Paulo (CVG-SP). “O seguro está presente nos momentos em que a pessoa mais precisa: na dor da perda de um ente querido, na doença, quando bate o carro. Nosso desafio é trazer essa experiência para dentro da área técnica e para o pessoal de assistência”, disse. Ele também destacou as mudanças no comportamento de consumo. “A nova geração não tem apego pelas coisas; eles querem fazer, e não ter. Dai surge a possibilidade de fazer uma venda diferenciada do seguro, em parceria com os corretores”, disse.

“A UCS luta pelos interesses da categoria, denunciando práticas e procedimentos contrários aos bons costumes e não pautadas pela legalidade”. Assim Marcelo Guirao, presidente do conselho da União dos Corretores de Seguros definiu o foco da entidade, dentre outras atribuições. Durante o debate, ele tocou em um tema sensível aos corretores, que é a venda de seguro online, ressaltando que os benefícios das parcerias com seguradoras no processo de adaptação dos profissionais. “Na venda online, fica claro o papel de consultor do corretor, porque a venda a máquina pode fazer. Algumas seguradoras dispõem de ferramentas que facilitam a venda por meio do corretor”, disse.