Mulheres são maioria e mostram sua força no setor de seguros, mas enfrentam desigualdade de oportunidades e ganhos

Estudo da Escola Nacional de Seguros mostra expressiva participação feminina e alta qualificação, 

mas reconhecimento ainda não corresponde

 Elas são maioria no setor de seguros no Brasil e obtiveram avanços significativos em sua qualificação para o trabalho. No entanto, ainda convivem com uma desigualdade profunda entre gêneros, que se reflete na distribuição dos cargos de liderança, consequentemente também nas faixas de remuneração. O 2ºEstudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, da Escola Nacional de Seguros – lançado na sede da instituição, em São Paulo, nesta quarta-feira, 26 – aponta os desafios e gargalos da força de trabalho feminina em um segmento que, apesar da persistente crise econômica, atrai um número crescente de profissionais.

As mulheres respondem, hoje, por 56,3% da mão de obra no mercado de seguros, contra 49% no ano 2000. No entanto, homens, embora minoria, ficam com sete de cada 10 cargos executivos nas empresas seguradoras. De todos os funcionários masculinos de uma seguradora, 4,7% se tornam executivos. Na ala feminina, essa proporção cai para 1,4%. Isto é, a probabilidade de um homem se tornar executivo da empresa é quase 3,5 vezes maior que a de uma mulher.

Nos cargos intermediários, a proporção é semelhante. Em 2015, seis em cada 10 gerentes das empresas seguradoras eram homens. De todos os funcionários masculinos de uma seguradora, 10,6% se tornam gerentes; entre elas, esse índice foi de 5,4%. Logo, a chance de um homem alcançar o posto de gerente é duas vezes maior que a de uma mulher.

A diferença é ainda mais gritante ao se considerar a remuneração da mão de obra feminina neste mercado. Em uma amostra com 18 empresas seguradoras (que representam de 85% a 90% do total de funcionários do setor), o salário médio é de R$ 4.520/mês. Os homens recebem R$ 5.371, em média, contra R$ 3.858 mil para mulheres. Dessa forma, o salário médio das mulheres corresponde a 72% da remuneração dos homens.

Feito com base em dados de 2015, o levantamento foi coordenado pelos professores Maria Helena Monteiro e Francisco Galiza – respectivamente, diretora da área de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros e consultor da Escola – e ouviu 316 mulheres. É a segunda edição de um estudo realizado pela primeira vez em 2012. A maior parte (45% do total) das entrevistadas tem entre 36 e 45 anos, com uma origem profissional bastante diversa: corretoras, securitárias, órgãos representativos de classe, prestadoras de serviços, empresas de seguros etc.