Artigo: O desafio dos seguros na era digital

Num mundo interconectado e em rápida mudança, é obrigação das seguradoras encontrar novos caminhos e reformular o negócio, a fim de identificar novos pontos de crescimento.

O setor dos seguros é muitas vezes visto como tradicional, mas na verdade é um dos mais inovadores. Dada a natureza da sua atividade, que é a proteção de riscos, tem de antecipar tendências e procurar soluções antes mesmo de elas serem requeridas pelos clientes.

Mais recentemente surgiram as fintechs, associadas a esta componente de inovação. Estas empresas, muitas delas criadas após 2010, utilizam a tecnologia computacional ligada às áreas da economia, gestão e programação informática para a criação de produtos inovadores ou que melhorem de uma forma expressiva os já existentes, apresentando como fator diferenciador a componente tecnológica, a facilidade de utilização e o facto de correrem na nuvem, o que permite uma redução dos custos para a empresa recorrendo a conceitos como data mining, machine learning e big data.

 Estes conceitos mais não são do que a utilização de gigantescas bases de dados, que com o recurso a algoritmos estatísticos e econométricos, permitem retirar conclusões sobre padrões de comportamento quer de indivíduos quer de empresas, tendo por base uma evidência científica.

Ao nível segurador, este tipo de ferramenta irá permitir o aumento da taxa de aceitação das apólices, potenciando desta forma as vendas das seguradoras, concomitante com uma redução da taxa de sinistralidade, devido essencialmente a uma melhoria na perceção de risco das entidades e a uma capacidade de integração desta ferramenta nos modelos de rating das seguradoras, no sentido de reforçarem as suas capacidades preditivas.

Este tipo de tecnologia permite o desenho de produtos melhor adaptados às necessidades de segmentos específicos, incorporando a alteração mais frequente de coberturas, preços e tarifas mais ajustados a riscos mais segmentados, potenciando um preço adaptado ao perfil de cada consumidor. Adicionalmente, e em termos regulatórios, monitoriza e emite alertas preventivos sobre as métricas dos modelos, assim como extrai do programa informático informações necessárias para validação interna e conformidade regulamentar.

A atual digitalização da economia obriga a um repensar do modelo de negócio das seguradoras, nomeadamente o seu suporte tecnológico e as várias componentes da cadeia de valor do setor. No mundo interconectado e em rápida mudança em que hoje vivemos, os clientes das seguradoras enfrentam riscos complexos como os riscos de crédito, político, de reputação ou de conformidade com regulamentações em diferentes países, sendo obrigação das seguradoras encontrar novos caminhos para trilhar e reformular o negócio, a fim de identificar novos pontos de crescimento.

Os desafios para as seguradoras passam, desta forma, por obter alterações tecnologicamente disruptivas, tendo presente que o sucesso depende da eficácia e da implementação da inovação, assim como da qualidade do ecossistema que as seguradoras criarem com os seus parceiros de negócio.

Fonte: O Jornal Econômico