Seguro viagem: item obrigatório mesmo se você não utilizar

Países que fazem parte do Tratado de Schengen exigem seguro-viagem com cobertura mínima de 30 mil euros; agente passa mal e seguro cobre tudo

Contratar um seguro para uma viagem à Europa não é opção, mas obrigatoriedade. Os 27 países que integram o Tratado de Schengen – acordo internacional assinado em 1985 para estabelecer uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas na Europa – exigem que o turista tenha um seguro-viagem com cobertura de, pelo menos, 30 mil euros para entrar no continente. Apesar de não fazerem parte da União Europeia, Islândia, Noruega e Suíça assinaram o acordo. Fora do tratado estão Bulgária, Croácia, Irlanda, Reino Unido e Romênia.

E foi na Romênia que a veterana agente de viagens Vilma Alagiyawanna experimentou a sensação de nascer de novo. Em junho do ano passado, ela organizou uma excursão por quatro países da Europa – Albânia, Macedônia, Bulgária e Romênia – e aconselhou aos clientes contratar um seguro-viagem. Apesar da exigência do seguro, nenhum país cobra do viajante o documento na entrada. “Mas se cobrar na imigração e não tiver, o turista pode ser barrado e ter de voltar ao Brasil”, comenta.

Desmaio

No voo de São Paulo a Amsterdã, na Holanda, Vilma teve uma síncope na porta do banheiro da aeronave. Quando acordou no aeroporto de Schiphol, já estava sendo atendida por uma equipe médica. Retida por quatro horas, só foi liberada para continuar a viagem depois de recuperar todos os sentidos.

Horas depois, Vilma foi ao encontro do grupo em Roma, na Itália, e de lá seguiu de ônibus para Tyrana, capital da Albânia. Por causa de intensas dores de dente e de cabeça, acionou o seguro na Macedônia e foi encaminhada a um hospital na capital Skopje. “Não desembolsei um centavo e fui muito bem-atendida por um médico armênio.”

Romênia

Próximo de Bran, onde se localiza o castelo do Conde Drácula, na Transilvânia, na Romênia, ela começou a perder a memória. “Não me lembrava quem era, nem quem eram as pessoas que me acompanhavam. Quando me viram com olhar estranho, não falando coisa com coisa, pediram ao guia para acionar o seguro de novo”. A agente de viagens foi encaminhada a um hospital especializado em neurologia em Iasi, onde passou por uma cirurgia para retirada de um coágulo no cérebro. “Era um aparato de CTI”, recorda ela do comentário de uma cliente no retorno ao Brasil. O resultado foi três dias no hospital romeno.

“O valor do seguro-viagem é baixo para você ter tranquilidade e segurança, principalmente se está em um país estranho”, destaca Vilma Alagiyawanna, diretora da VTours, representante da operadora Queensberry em Minas Gerais
Só despesas com bilhetes aéreos custaram R$ 24 mil

Para acompanhar Vilma Alagiyawanna, o seguro April Brasil pagou passagem e hospedagem para a amiga Ana Maria Barbosa. “As passagens de Ana Maria custaram cerca de R$ 13 mil e as minhas, R$ 11 mil”, comenta Vilma.

A despesa no hospital na Romênia foi barata, cerca de US$ 1.000, mas ela não pagou nada.
“Se o ocorrido fosse nos Estados Unidos ou no Reino Unido, onde a saúde é muito cara, o tratamento teria um valor absurdamente alto”, salienta.

Vilma considera fundamental um seguro em toda viagem internacional, especialmente em destinos exóticos, onde não se conhece o idioma, os costumes e a gastronomia. “Nesses casos, o cuidado deve ser redobrado”, enfatiza.

Para uma viagem de 27 dias, com a parte terrestre custando 6.371 euros e US$ 35 mil de cobertura, Vilma desembolsou R$ 414,70 pelo seguro-viagem.

“O valor do seguro é baixo para você ter tranquilidade e segurança, principalmente se está em um país estranho. Basta você ligar a cobrar para a seguradora e ela toma todas as providências. Você não precisa se preocupar com nada”, salienta.

EUA têm os custos médicos mais caros do mundo

Uma vez que o custo médio diário de uma internação hospitalar nos Estados Unidos pode chegar a US$ 2.200, segundo dados do site Kaiser Family Foundation, especializado em pesquisas sobre saúde, o seguro-viagem em solo norte-americano é indispensável, mesmo sem ser uma exigência. Além de alto, esse custo é normalmente multiplicado pela diferença de câmbio.

“Cobertura de R$ 10 mil para despesas médico-hospitalares não dá para nada”, reconhece Ana Paula, da Affinity Seguro. Menos que US$ 70 mil, adianta Agnaldo Abrahão, diretor da April Brasil, o viajante fica em situação muito frágil. “Um seguro com cobertura de US$ 70 mil vai custar US$ 7,95 ao dia. É muito barato”, exemplifica o executivo.
Abrahão recorda da queda que sofreu na Riviera Maya, no México, ainda nos anos 70. “Fiquei quatro horas no hospital e recebi uma conta de US$ 8.500, tudo pago pelo seguro”.

Por ser o destino mais procurado pelos brasileiros, os exemplos nos Estados Unidos se multiplicam facilmente. Sérgio Frade, da Solutions Gestão de Seguros, recorda de um cliente que se assustou com uma conta de US$ 50 mil por conta de uma cirurgia para tratar de uma fratura da clavícula.

“Estou há 27 anos nesse segmento e entendo que o grande desafio ainda é o cliente adquirir um produto completo para as necessidades dele, principalmente em viagens ao exterior”, conclui Evandro Correa, da Bekup Corretora de Seguros.

Fonte: otempo.com.br