Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) revela que saúde (3,2) e segurança (3,6) são os serviços públicos com pior qualidade, de acordo com a percepção dos moradores das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, as duas maiores do país. A pesquisa também avaliou a qualidade do transporte (4,7), universidades (4,6) e escolas e creches (4,6), em notas que iam de 0 a 10 pontos.
A Sondagem de Serviços Públicos foi realizada em dois momentos: antes dos Jogos Olímpicos (junho e julho), e logo após o evento (outubro e novembro). “Depois das Olimpíadas houve ligeira melhora na avaliação da qualidade de todos os serviços, um efeito temporário, considerando a melhora do ânimo da população com o sucesso da realização do evento. Diferente foi a avaliação sobre o transporte, que teve ganhos reais no Rio de Janeiro, especificamente no local de investimentos de obras de infraestrutura”, destacou Viviane Seda Bittencourt, responsável pelo estudo e coordenadora da Sondagem de Bem-Estar da FGV IBRE.
Comparando o resultado das duas cidades, os paulistanos mostraram maior satisfação com a qualidade dos serviços prestados, tanto antes como depois das Olimpíadas. No Rio, a média geral na primeira etapa da pesquisa foi de 3,2 e, na segunda, de 4,0. Já em São Paulo, a média da qualidade dos serviços ficou em 3,9 e 4,3, na primeira e na última fase, respectivamente.
Cariocas e paulistanos ainda responderam sobre sua satisfação em relação a aspectos da vida urbana nas regiões da cidade, conferindo notas em uma escala entre 0 e 10. São Paulo ficou à frente dos Rio em 8 dos 10 quesitos avaliados, perdendo apenas em qualidade do ar e infraestrutura para a prática de esportes. “Nessa comparação, as notas de antes e depois das Olimpíadas quase não se alteraram. Aparentemente uma diferença estrutural, considerando as características de cada cidade”.
Segurança e transporte são destaque no Rio
A economista destacou a melhora da percepção sobre o transporte e a segurança após o evento, cujas notas subiram de 3,6 para 4,5, para o transporte, e de 2,5 para 3,4 pontos, para a segurança, ainda assim ambas ficam abaixo da média geral. Para Viviane, “a percepção dos cariocas antes dos Jogos era de um trânsito caótico, com a cidade repleta de obras, mas houve uma percepção de ganho no transporte em todas as sub-regiões”. Já com relação à segurança, a especialista pondera: “Mesmo que a população tenha percebido uma melhora na segurança após a realização do evento, o nível de qualidade continuava a ser o segundo pior entre os serviços analisados. Com a crise do estado e o aumento da criminalidade um ano depois, se a pesquisa fosse realizada hoje, talvez esse resultado fosse ainda pior”.
Segundo a coordenadora, é importante avaliar a segurança também sob o aspecto da satisfação dos cidadãos na região onde moram. “Os moradores da Zona Norte e Ilha do Governador são os mais insatisfeitos. Já os moradores da Zona Sul e Grande Tijuca apresentaram a maior satisfação em relação à qualidade da água, disponibilidade de hospitais, segurança e infraestrutura para prática de esportes”.
Qualidade da Saúde no Brasil é baixa comparada a países Europeus
Pesquisa realizada pela agência Eurofound, em 2013, comparou a percepção da qualidade de serviços de países da Europa. A média dos sistemas de saúde, por exemplo, ficou em 5,5 em Portugal, 6,6 na Alemanha e 8,0 na Áustria, nota mais alta nesse quesito. O Brasil, em levantamento da Sondagem do Bem-Estar no mesmo período, ficou com 2,9, bem atrás dos países europeus.
A coordenadora da Sondagem de Bem-Estar, Viviane Seda Bittencourt, estará disponível para atender a imprensa nesta terça (1o), a partir das 9h, pelo telefone: (21) 3799-6764. A pesquisa completa pode ser acessada no link: goo.gl/SmPH5U.