Aumento da propensão a riscos em investimentos é tendência no cenário de juros baixos

O atual cenário de juros baixos tem sido uma novidade desafiadora para os investimentos dos brasileiros. Acostumados a um quadro bem diferente, com juros altos, as pessoas estavam confortáveis com suas aplicações conservadoras, optando em sua maioria por poupança, previdência renda fixa e fundos de renda fixa.

Porém, com a Selic a 6,5% e com as chances cada vez maiores de permanecer nesse patamar em 2019, o menor da história do País, o brasileiro terá que sair da zona de conforto e tomar mais riscos para obter retornos incrementais. Um levantamento recente do MIT e Harvard mostra que pessoas em ambientes de baixa taxa de juros investem significantemente mais em ativos de risco do que pessoas em ambientes de juros elevados. Investidores individuais quando submetidos a situações em que ativos de risco, que possuem o mesmo prêmio de risco e a mesma volatilidade, porém partindo de níveis distintos de juros básicos, tendem a alocar em ativos com maior risco quando o juro básico é menor.

Com isso, os investidores devem ter uma propensão maior a correr riscos para obter rendimentos melhores em suas aplicações em 2019. Adicionalmente, investidores individuais tendem a se movimentar por notícias recentes, variações extremas de preço e aumento de volumes negociados, ou seja, com o aumento de veiculações nas mídias sobre a performance da renda variável também poderá levar mais investidores a adquirir ativos de maior risco. 

Não haverá mais espaço para ficar acomodado na renda fixa. Segundo dados recentes da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), as aplicações que contém renda variável significam somente 2% do total das reservas dos planos de previdência.  Devido à grande quantidade de fundos de previdência disponíveis, cabe esclarecer que o primeiro passo para as pessoas se familiarizarem com risco são os fundos multimercados e balanceados com alguma parcela de renda variável.  Estes fundos apresentam uma volatilidade maior que a renda fixa, porém são mais amenos que uma exposição a ações.

Um estímulo adicional a aplicações em renda variável é a baixa penetração dos fundos de previdência. Somando os fundos de pensão e os de previdência aberta encontramos uma participação de 23% do PIB, enquanto em países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) essa taxa alcança 130%. A combinação de taxa de juros menores com a necessidade de formação de poupança de longo prazo, gera a situação ideal para que os indivíduos iniciem suas alocações em ativos de maior volatilidade.

Fatores macroeconômicos também influenciam. A consolidação do novo governo, a possível entrega das reformas fiscais, a estabilização da inflação, a conjuntura internacional mais recessiva são fatores que contribuem para a manutenção da taxa de juros em níveis reduzidos, o que historicamente não presenciamos no passado e que poderá nos levar a outro nível de alocação em renda variável.

Para 2019, prevemos a continuação do movimento de maior apetite por riscos. Hoje, a indústria de previdência privada já oferece fundos com vários níveis de alocação em ações, desde 0% até 70%; além de fundos multimercados, de inflação e de crédito. Também observamos a necessidade de aumento da educação financeira para os investidores individuais; a qual permitirá que cada pessoa possa tomar as corretas decisões sobre seu patrimônio.

 

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