Empresas brasileiras devem ter queda no número de insolvências em 2020

Em 2020, o número de inadimplência corporativa deve crescer pelo quarto ano consecutivo (+6% a/a).  Neste ano, quatro em cinco países apresentarão um aumento nas insolvências, tendo o Brasil (-3% a/a) e a França (0%) como as principais exceções. Os dados são do Relatório Global de Insolvências, divulgado neste mês de janeiro pela Euler Hermes, líder mundial em seguro de crédito e especialista em seguro garantia.

De acordo com o conteúdo, embora esse aumento esteja em seu movimento mais lento desde 2016, os números refletem um conjunto de desafios que as empresas devem enfrentar neste período. O primeiro deles é um ritmo moderado de crescimento econômico, com as principais economias registrando um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) abaixo do potencial. Além disso, efeitos retardatários de disputas comerciais, incertezas políticas e tensões sociais, manterão as empresas sob pressão.

“No total, essa possibilidade de insolvência exige mais seletividade e ações de gerenciamento de crédito preventivas. O momento pede um monitoramento próximo das disputas comerciais, além de outros riscos políticos que criarão um alto nível de volatilidade ao longo dos 12 meses”, explica Maxime Lemerle, economista da Euler Hermes. “Ao mesmo tempo, esperamos que as políticas monetárias continuem fornecendo apoio em 2020, contribuindo para um financiamento de dívida mais sustentável no curto prazo; elas ajudarão a reduzir o crescimento de insolvências neste ano, mas aumentarão os riscos de liquidez em uma perspectiva de médio prazo”.

Ainda segundo o estudo, a Ásia será o principal contribuinte para o crescimento de insolvências (+8% a/a) em 2020, sobretudo graças à China (+10%) e à Índia (+11%). A Europa Ocidental, onde o crescimento econômico continuará abaixo do limiar histórico que costuma estabilizar o número de insolvências (+1,7%), terá um aumento na maioria dos países, porém moderado, especialmente na Alemanha (+3%), Itália (+4%) e Espanha (+5%), bem como no Reino Unido (+3%).

Já no mercado americano, após uma década de declínios estáveis para um nível historicamente baixo, com menos de 22.200 casos em 2018, o número de insolvências nos Estados Unidos começou a aumentar apenas em 2019. Para este ano, o estudo prevê um aumento moderado nas insolvências corporativas (+4% para 23.800 casos, em comparação com +3% em 2019).

 

América Latina

As insolvências na América Latina devem continuar crescendo em 2020 (+13%) pelo nono ano consecutivo. No entanto, é prevista uma redução gradual no Brasil (-3%), após um 2019 mais difícil do que o esperado para as empresas, em parte devido ao impacto macroeconômico do atraso na reforma da previdência (nível estável de 2.700 casos em 2019, notavelmente para PMEs e, em termos de setores, serviços e varejo).

“Por outro lado, esperamos que protestos sociais, ambiente político incerto e menor confiança nos negócios gerem insolvências em outros países da região: prevemos outro aumento no Chile (+21% antecipado em 2020), bem como na Colômbia (+5%), onde as medidas adotadas para acelerar o tratamento de insolvências pendentes já impulsionou as insolvências em 2019 (+34%)”, afirma Lemerle.