Setor automotivo global deve apresentar queda em 2020

Três principais mercados apresentam perspectiva fraca, segundo relatório da Euler Hermes

Sabemi

Segundo análise divulgada nesta semana pela equipe econômica da Euler Hermes, o mercado global de automóveis tende a apresentar mais uma queda em termos de volume em 2020 (-1%), caindo para 90,4 milhões.

Após um notável declínio de -4% em 2019, os três principais mercados (2/3 do total) apresentam uma perspectiva fraca para 2020. A China (-1%) não deve passar por outra rodada de desenvolvimento em alta velocidade registrado nos últimos 20 anos, especialmente caso a epidemia do coronavírus seja prolongada. A epidemia atrasaria as vendas e a produção, uma vez que a região de Hubei é o quarto centro automotivo do país (com 9% da produção nacional) após Guangdong, Jilin e Xangai.

 

O mercado norte-americano, que atingiu um pico em 2016 com 17,9 milhões, deve notar outro declínio ‘moderado’ em 2020 (-2,5%) graças à desaceleração macroeconômica e à precificação atrativa de carros de segunda mão relativamente novos, com os preços de novos veículos ficando em torno de 40 mil dólares, em média.

Já a Europa (-2%) deve observar seu primeiro declínio após seis anos consecutivos de crescimento, levando a 15,3 milhões em 2019. O salto nos registros no final de 2019 foi impulsionado por um efeito de promoção de vendas e registros de modelos com menor emissão de CO2 para limitar multas em 2020.

Aumento nas vendas de veículos elétricos

O Chefe de Setor e Pesquisa de Insolvências da Euler Hermes, Maxime Lemerle, explica que, apesar do crescimento nas vendas dos veículos de propulsão alternativa (APV, Alternatively Powered Vehicles), este ainda não será suficiente para sustentar uma recuperação do mercado automotivo global em 2020.

“Os primeiros números disponíveis para 2019 indicam um aumento de dois dígitos nas vendas globais de veículos elétricos (EVs, Electric Vehicles) para mais de 2 milhões. Esperamos que as vendas desse setor em 2020 continuem a ter uma forte dinâmica no nível global (+20%)”.

O que isso significa para as empresas?

Segundo Lemerle, a previsão para este ano é que a maior competitividade nos preços limite o crescimento da receita e intensifique a pressão sobre as margens, especialmente para fabricantes de automóveis mais preocupados com questões de emissão de CO2 na Europa (uma vez que ofertas comerciais podem ser necessárias para acelerar a transição para EVs para limitar multas por CO2).

“Para 2020, esperamos uma melhoria limitada na receita (+1%) e outro declínio no EBITDA, tanto em termos de valor quanto em termos relativos (margem de EBITDA caindo abaixo de 10%), apesar da maior pressão sobre fornecedores e outra rodada de corte de custos (através do fechamento/relocalização de fábricas, demissão de pessoal). Essa última possibilidade parece altamente provável, uma vez que a indústria ainda precisa investir massivamente em veículos de emissão zero e enfrenta outras questões de mobilidade, como carros conectados e veículos autônomos”, finaliza.