Euler Hermes divulga novo estudo sobre as perspectivas do PIB global para 2020

Estimativa de crescimento cai de +2,4% para +0,8%

A equipe de economistas da Euler Hermes publicou um novo relato da perspectiva econômica para 2020. Desde janeiro, o impacto econômico do surto do Coronavírus tem se desdobrado em três fases: de um choque no abastecimento centrado na China, que enviou ondas de choque no comércio global e desestabilizou cadeias de fornecimento, um derretimento generalizado nos mercados financeiros, conforme os investidores entenderam o caráter inevitável da recessão, e um choque de demanda violento e prejudicial ao consumo e investimento na China, Europa e nos EUA.

Formuladores de políticas públicas adotaram medidas extraordinárias em uma época fora do comum para achatar a curva da recessão. No contexto central, os economistas da Euler Hermes esperam uma recessão global acentuada no primeiro semestre de 2020 na grande maioria das economias desenvolvidas e emergentes, seguida de uma recuperação em forma de U. O custo do isolamento social pode chegar a um choque de 20-30% para cada economia por um mês, se aprendermos com a situação chinesa. Além disso, o custo de uma disrupção de trimestre inteiro para o comércio global deve chegar a 772 bilhões de dólares conforme os EUA e a UE adotam medidas de isolamento social fortes, incluindo severas restrições nas fronteiras. “Revisamos negativamente nossa estimativa do crescimento do PIB global para 2020 de +2,4% para +0,8%. No ponto mais baixo, prevemos que o PIB global contrairá em -15% t/t anualizados no segundo trimestre, comparável ao período de 2008-09 cumulativamente. Nesse contexto, esperamos um crescimento do PIB de +0,5% nos EUA uma contração do PIB de -1,8% na Zona do Euro e na Alemanha”, disse Ludovic Subran, Economista-chefe da Euler Hermes.

Assumindo que as medidas de isolamento social darão certo, a Euler Hermes espera uma recuperação da atividade econômica na segunda metade de 2020. A saída da recessão continuará a apresentar desafios sérios para algumas empresas, especialmente aquelas excessivamente endividadas e que não investiram em capitalização, uma vez que será difícil compensar a perda no crescimento de volume de negócios durante a crise até o final do ano. Os economistas preveem que as insolvências de empresas aumentarão em +14% no mundo todo em 2020.

A pausa na atividade econômica coloca 65 milhões de trabalhadores na UE em risco de precisar de auxílio do governo. Para preservar empregos, fornecer apoio financeiro e evitar danos prolongados à economia, os governos da Zona do Euro estenderam e flexibilizaram o acesso a esquemas de remuneração especiais que podem custar 120 bilhões de euros, ou 0,9% do PIB. Dado que a crise econômica é bastante acentuada, mas temporária por natureza, a taxa de desemprego na Zona do Euro deve subir em apenas 1ppt para pouco acima de 8%, com cerca de 1,5 milhão de empregos perdidos nos próximos 12 meses. A perda do emprego será especialmente prejudicial para trabalhadores em regimes temporários, além de autônomos.

Para mercados de capitais, a Euler Hermes espera uma volatilidade de curto prazo, o que pode ensejar mais correções para baixo. No entanto, os mercados de capitais devem reverter gradualmente as perdas até o final do ano, conforme a credibilidade dos formuladores de políticas públicas e a recuperação em forma de U se revelarem.

A Euler Hermes também rodou um cenário alternativo de crise econômica e financeira prolongada devido a uma crise de saúde de 12-18 meses (com possibilidade de reinfecção). Em relação a riscos negativos, as movimentações de queda acentuada nos preços em mercados de bens e ações gerariam um tensionamento da liquidez e eventos de crédito, desvelando fraquezas fundamentais na economia global como em 2008-2009, incluindo um tensionamento substancial, nos mercados de títulos corporativos. Também há o risco de que se cometam erros nas políticas públicas: conforme os bancos centrais e secretarias do tesouro fornecem um apoio monetário sem precedentes, o risco de recaídas é elevado. Esse cenário significaria uma recessão que se estenderia para 2021, e uma recuperação em forma de L com monetização da dívida, problemas sistêmicos com ações/créditos/liquidez e ações mais diretas por formuladores de políticas públicas que trariam disrupções para os mercados nos próximos anos, com certa dificuldade em reaquecer os motores.

“O mundo será um lugar diferente depois da crise. O COVID-19 certamente mudará a maneira como vemos investimentos em saúde e definimos o capitalismo inclusivo; o soft power da China; globalização; a luta contra a mudança climática, outro desafio exponencial, probabilístico e coletivo que temos à frente, e talvez a maneira como economizamos para lidar com eventos graves”, disse Subran.