Levantamento inédito foi divulgado pela Ituran Brasil
Embora os números de roubo e furto tenham registrado uma queda de 33%, de 23 de março a 22 de abril, acompanhando a diminuição dos carros nas ruas – desde o início das restrições após a deflagração da crise provocada pelo coronavírus (Covid-19) – o sinal de alerta apareceu em abril. É o que mostra o novo levantamento da Ituran Brasil, líder mundial em rastreamento veicular. Os números absolutos do estudo são considerados estratégicos pela empresa e, por isto, não foram revelados.
De acordo com Rodrigo Boutti, gerente de operações da Ituran, o sinal de alerta ocorreu agora nas últimas semanas de abril – onde foi registrado um aumento expressivo da quantidade de eventos -, sinalizando a possibilidade de um boom (expansão rápida e muito abrangente) nos crimes de roubos e furtos de veículos ao término da quarentena. “Considerando o mesmo período de 2019 com circulação social a 100%, comparando com as taxas de isolamento divulgadas pelo Governo do estado de SP, vemos que proporcionalmente temos mais crimes acontecendo”, analisa Boutti. “Podemos afirmar que nas últimas três semanas, temos cerca de 16% a mais de eventos proporcionalmente que em tempos ‘normais’ e no mesmo período do ano passado”, continua.
Outro dado que chama a atenção é o período do dia no qual ocorreram os furtos/roubos. “Percebemos uma migração do período noturno e madrugada, que agora passou para tarde. Isso indica que, com o ‘fechamento’ da vida noturna (bares e restaurantes), o crime se adaptou a esse novo cenário”, pontuou Boutti.
Segundo Boutti, outra mudança constatada é que aumentou, consideravelmente, o tempo em que a vítima demora para comunicar uma ocorrência. “41% em veículo utilitário, 38% em veículo de passeio”, revelou. Na visão dele, a possibilidade de uma crise econômica mais severa, gerada pela queda no faturamento das empresas e, o consequente aumento no desemprego e na renda das famílias, pode provocar um aumento significativo no número de furtos, roubos e fraudes nos seguros. “Percebemos um aumento no percentual de eventos como possíveis fraudes, sempre levando em consideração os sinais emitidos pela tecnologia embarcada versus a versão da vítima”, acrescentou.
Em relação a modelos mais visados, o Uno (6%) passou a liderar os indicadores, seguido de Palio (5%) e Gol (5%); Voyage (4%), Fiesta (4%) e Onix (4%); Fox (3%), HB20 (2%), Siena (2%) e Celta (2%). “Também observamos uma diminuição dos crimes às sextas e sábados – migrando para o domingo, segundas e quartas. Esse movimento está relacionado a privação das opções de lazer no período de isolamento”, ressaltou Boutti.
Boutti alerta que ocorreu um aumento significativo envolvendo caminhões e cargas – em torno de 80% no comparativo com o ano passado -o que demonstra que o crime migra para onde ainda há ‘movimento’ e ‘oportunidade’ de fluxo. “Acreditamos que isso está relacionado, possivelmente, em relação a suspensão temporária da necessidade de pesagem dos caminhões nas estradas e consequentemente a diminuição das fiscalizações nas vias federais”, finalizou Boutti.