Avançam estudos com remédios e vacinas contra o novo coronavírus

Expectativa é de redução na curva de contágio pela doença

 Quando a pandemia de covid-19 começou na China, em novembro do ano passado, estudos começaram a serem feitos para descobrir a causa do vírus. A doença infecciosa causada pelo novo vírus, provocou uma pandemia. Já são mais de 3 milhões de casos no mundo e mais de 180.000 mortes. No Brasil são quase 80.000 casos, mais de 6 mil mortes e passam de 24 mil o número de pacientes curados.

Os estudos, análises e pesquisas do SARS–CoV-2 tem acontecido em vários países para tentar descobrir a sua origem, como ele reage ao corpo e a cura e vacina para prevenção. A Revista Seguro Total conversou com o Biomédico Analista Clínico, Alex de Camargo Coque, para saber como está o andamento das pesquisas com o novo coronavírus.

Camargo disse que foi organizada uma força-tarefa com profissionais e alunos da saúde e da ciência, trabalhando com artigos científicos, análise de números publicados pelo Ministério da Saúde e pela Coordenação Geral como a Organização Mundial da Saúde, Estados Unidos e até da China, apesar dos números não serem totalmente confiáveis.

O biomédico contou que há, aproximadamente, 11 mutações do vírus. “Se você pegar o vírus que teve origem na China, comparar com o vírus da Itália, depois com da Espanha, e até mesmo com o que a gente tem aqui no Brasil, você vê diferenças entre o vírus”, afirmou ao explicar que ainda não se sabe a velocidade e capacidade de mutação.

Uma variação do vírus já vinha sendo estudada pela medicina veterinária há alguns anos, apesar de não ser transmissível para humanos inicialmente. “Anteriormente já existiam pesquisas desse vírus em animais, mas agora ele sofreu mutação e passou a infectar humanos também”, esclareceu Camargo.

Mesmo com a busca por soluções em remédios e vacinas, o especialista alertou que nenhum medicamento deve ser usado por conta própria. “Os medicamentos, como a hidroxicloroquina, estão em estudo e são usados para o tratamento de outras doenças”, completou.

Curva de contágio

Segundo o biomédico, é difícil analisar a evolução dos casos, visto que o vírus leva, em média, 5 dias para manifestar algum sintoma e, em alguns casos pode levar até 14 dias. “A janela entre pegar o vírus e começar a demonstrar algum sintoma é muito grande. É importante ressaltar que nesse tempo você está transmitindo, numa tosse, na sua respiração. Existem os chamados pacientes assintomáticos, que tem o vírus no organismo, mas podem não apresentar sintomas e transmiti-lo”, acrescentou.

Os sintomas mais comuns são febre, tosse seca, e, eventualmente, pode causar dores no corpo. Camargo relatou que o mais grave é a falta de ar, causada pela insuficiência respiratória, “esse é sintoma que, normalmente, quando se apresenta você tem que correr para o médico”.

O isolamento social é uma medida que diversos países têm adotado para diminuir a curva de contágio. O aumento de casos é esperado, segundo Camargo. Cálculos diversos são feitos para preparar o sistema de saúde para a curva de contágio. Muitas pessoas não estão seguindo as recomendações de ficar em casa, se puder, e em caso de necessitar sair usar máscara, luva e lavar as mãos regularmente. “A Itália e Espanha, por exemplo, demoraram muito a começar a seguir as recomendações e isso fez com que o vírus se disseminasse de uma forma absurda”, relembrou.

No Brasil, o primeiro caso confirmado foi em fevereiro, e a curva tem seguido a tendência esperada, mas a expectativa é que os casos comecem a diminuir, caso as pessoas sigam as recomendações das autoridades de saúde. O ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, comentou em uma das coletivas de imprensa que o fato de a pandemia ter acontecido após o carnaval foi positivo. “Vamos imaginar que, numa aglomeração, onde você tem 10 mil pessoas, num fluxo de carnaval, 100 pessoas tinham o vírus o disseminariam de uma maneira grande. Imagine posteriormente, com o aumento do número de casos. Esse número poderia ser 1 mil, 2 mil pessoas disseminando, o que seria muito pior”, esclareceu.

O biomédico ressalta a importância do sistema público de saúde e a eficiência que tem mostrado, mas que os números apresentados podem ser muito maiores. “O governo tem feito um bom trabalho, mas falta, na minha concepção, um pouco de conscientização por parte das pessoas, ainda vejo que muitas pessoas ainda não estão levando a sério e, é uma situação preocupante”, disse.

O vírus tem baixa letalidade, mas devido a capacidade de mutação sempre existe um risco. “As pesquisas têm mostrado que o vírus, provavelmente, não vai evoluir muito além do que a gente já tem. Vai ficar na mesma linhagem. Ele está mais ou menos como o vírus da gripe, apesar da alta capacidade de mutação, tem baixa letalidade”, analisou. Em tom otimista, finalizou: “com uma imunidade natural ao vírus, pode-se futuramente até pegá-lo que o corpo prontamente já poderá ter uma resposta mais rápida a essa infecção”.