De ferramentas para comunicação a sistema de controle do ponto, gestores falam sobre adequar-se tecnologia na gestão a distância
A adoção do trabalho remoto foi uma medida tomada por muitas empresas para contribuir com o isolamento social. A situação deve permanecer ainda por um tempo, apesar da retomada gradual das atividades em algumas capitais do país. Segundo Ronn Gabay, Diretor da Bematize, muitas empresas tiveram que se adequar às pressas ao home office, e assim, fizeram uso da tecnologia para que a gestão remota não atrapalhasse o relacionamento entre RH e colaborador.
“A tecnologia salvou os RHs que tiveram que se adequar às pressas ao home office. Ferramentas que possibilitaram chamada de vídeo coletiva, controle de ponto e benefícios a distância contribuíram para que a gestão de pessoas fosse realizada com eficácia no período de crise”, comenta Gabay.
Solução Tiza
A empresa de benefícios desenvolveu uma solução chamada Tiza, plataforma online que integra subserviços de RH e que facilitou a gestão de seus clientes no período de crise. “Empresas que utilizam tecnologia integrada aos subsistemas de RH possuem melhor aproveitamento na gestão a distância. O compartilhamento de formulários e documentos permite que o próprio colaborador acesse suas informações remotamente, sem a necessidade de acessar e-mail de comparecer na empresa”, explica o especialista da Bematize.
Na Everis Brasil, empresa de consultoria e terceirização, o trabalho remoto já fazia parte da rotina e podia ser realizado pelos colaboradores em alguns dias da semana, desde que os gestores fossem avisados com antecedência. A adaptação ao isolamento social foi rápida e a organização adequou-se às mudanças.
“Fomos rápidos e eficazes na mudança para o atendimento remoto. Hoje fazemos uso de ferramentas que nos ajudaram muito, desde o recebimento de documentos admissionais até atendimento online. A gestão de benefícios, realizada por meio de uma plataforma online, também tem auxiliado o RH no relacionamento com colaboradores a distância” comenta Rita de Cássia, head de pessoas na Everis Brasil.
Empresas adeptas ao home office que não utilizavam ferramentas tecnológicas no processo de comunicação com o colaborador tiveram que se adequar por conta do trabalho remoto. Algumas delas contam que novos canais foram criados, abrindo novas oportunidades de trabalho.
“Antes da pandemia nós já éramos adeptos do trabalho remoto, porém, apenas algumas pessoas eram elegíveis ao esquema e ele era realizado, no máximo, duas vezes na semana”, conta Erika Jardim, gerente de recursos humanos na Mega Leilões.
Com o distanciamento social, a empresa de leilões, que aplicou o home office a todos os colaboradores, hoje utiliza ferramentas online de comunicação interna para manter a equipe engajada em suas atividades. “Nós passamos a utilizar o Microsoft Teams, que é uma ferramenta de comunicação interna, com compartilhamento de arquivos e possibilidade de realizar videochamadas. Através dela foi possível criar um canal de comunicação entre os times, facilitando a divulgação de comunicados gerais e dando espaço a novos formatos de trabalho”, finaliza Erika.
Desafios na gestão de benefícios e controle de jornada do colaborador
Os principais desafios e dificuldades estão sendo enfrentados por empresas que ainda não possuem ferramentas tecnológicas para apoiar o trabalho remoto. Segundo Marcelo Germano de Oliveira, sócio-diretor comercial da iFractal, empresa de softwares em RH, acompanhar a jornada de trabalho dos colaboradores é importante mesmo que a distância, “Para o bom andamento do trabalho do RH, acompanhar a jornada de trabalho dos funcionários e fazer a gestão de ponto em home office são atividades essenciais. Isso por que os dados obtidos com as marcações de ponto geram, automaticamente, diversos relatórios com indicadores para uma gestão de pessoas eficiente”, explica.
A empresa disponibiliza aplicativo de ponto para que os colaboradores façam a marcação pelo computador ou smartphone em casa. Todo processo é feito de forma segura com reconhecimento facial, geolocalização, geodelimitação, comprovante por e-mail e acesso às marcações e justificativas.
“Empresas que trabalham a gestão flexível de benefícios sofrerão menos na retomada”, é o que diz Ronn Gabay, da Bematize. Para o especialista, os RHs que optam pela forma tradicional, terão dificuldades em reorganizar tudo, cotar novos fornecedores e até em pensar nas novas estratégias para o colaborador.
“O RH que trabalha com benefícios flexíveis não sofrerá tanto, ele só precisa abrir uma nova eleição pensando na retomada, assim ele deixa na mão do colaborador se mantém ou não o benefício. Mas os desafios serão enfrentados por empresas que trabalham a gestão de benefícios de forma tradicional, pois as que tiveram que cortar benefícios por causa da crise terão que cotar novos produtos e, até mesmo, estudar novas possibilidades que não prejudiquem o colaborador”, comenta Ronn.
Para finalizar, o especialista em benefícios ainda alerta que a crise gerou um aprendizado na gestão de pessoas.
“Essa crise ensinou uma lição muito importantes a todos os gestores de RH, que é pensar na inovação ao definir estratégias. Os que entenderem isso vão conseguir passar por cima de todos os obstáculos que atrapalhem a gestão de pessoas, seja ela realizada a distância ou de forma presencial”, finaliza.