CNseg avalia positivamente desempenho do setor de seguros em 2020

CNseg avalia positivamente desempenho do setor de seguros em 2020

Em plena pandemia o setor cresce 2,8% em termos reais comparativamente ao PIB

A Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg realizou uma coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (14), em ambiente virtual, para apresentar o Balanço 2020 do Setor Segurador, com a participação do presidente da CNseg, Marcio Coriolano, e os presidentes das quatro Federações: Antonio Trindade, Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg); Jorge Pohlmann Nasser, Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi); João Alceu Amoroso Lima, Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e Marcelo Farinha, Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).

Veja a seguir os principais temas abordados:

Desempenho do setor

Em 2020, o setor vem sendo impactado não apenas pela pandemia, mas também pela taxa de juros, muito baixa – que afeta a rentabilidade do setor – pela redução da massa salarial e pela volatilidade de ativos, que influencia a rentabilidade dos planos de acumulação e capitalização, além das provisões técnicas das seguradoras em geral.

“O choque foi muito forte a partir de março. Em janeiro e fevereiro nós tínhamos o desempenho equivalente ao que tivemos no ano passado e progressivamente alcançando todos os ramos. Veio a pandemia em março, em abril fomos ao fundo do poço e em maio começou uma lenta recuperação gradual. É claro, não no mesmo patamar dos outros anos”, afirmou Marcio Coriolano, presidente da CNseg.

Ainda assim, Coriolano avaliou de forma positiva o desempenho do setor. “O ano de 2019 foi superlativo, com uma arrecadação perto de quase R$ 490 bilhões, incluindo Saúde Suplementar. Sem Saúde, o faturamento também foi muito bom para todos os ramos, R$ 270,2 bilhões (seguros, previdência e vida, e capitalização), uma variação nominal de 12,1% sobre 2018, o que significou 9% de crescimento real. Em 2020, com a crise da pandemia, o desempenho ainda é positivo, de 3,4% em 12 meses móveis até setembro de 2020”, explicou. O presidente da CNseg frisou que uma caraterística do mercado segurador é a resiliência, o que explica o crescimento real do setor de 2,8% até setembro de 2020 sobre o PIB negativo de 4,8%.

Entretanto, na avaliação por segmentos, Coriolano observou que a pandemia afetou todos os ramos. “O desempenho de Danos e Responsabilidades foi o que menos sofreu em termos de taxa de crescimento, com 4,6% em 12 meses móveis até setembro de 2020, ainda que abaixo da observada em 2019, que foi de 5,3%”.

Por outro lado, os Seguros de Vida/Riscos e os Planos de Acumulação foram os que mais sofreram. Em 12 meses móveis até setembro de 2020, a taxa de crescimento de seguros de vida foi de 4,6%, contra 13,9% em 2019, e planos de acumulação de 3,1% contra 16,8% no mesmo período.

“Além da queda da massa da renda, houve toda uma exacerbação de expectativas, que alcançou o mercado financeiro, gerando volatilidade que atingiu bastante o PGBL e o VGBL. O mesmo aconteceu com Capitalização. No caso da Saúde Suplementar, ela deve fechar com os mesmos 8,7% do ano passado, em razão da dinâmica dos custos médicos e hospitalares”, avaliou.

Pandemia

Para Jorge Pohlmann Nasser, presidente da FenaPrevi, a pandemia fez o brasileiro ficar mais sensível sobre a importância da aquisição de seguros.

“Nos seguros de Pessoas, temos que falar que cumprimos uma missão muito importante, que foi desconsiderar a cláusula de exclusão de pandemia no seguro de Vida. Chegamos ao final de setembro com R$ 13,4 bilhões de pagamentos de indenizações no Vida. Isso é, sem dúvida, um valor fantástico, 26% maior que no ano passado. O setor mostrou resiliência em provisionamento para conseguir garantir a solvência das suas empresas, das associadas e cobrir uma cobertura que não era contemplada nos contratos e, mais do que isso, atender a tempo e a hora os nossos participantes”, destaca,

Atividades do setor durante o isolamento social

O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, avalia que nenhuma atividade do setor segurador foi prejudicada com o isolamento social.

“A boa notícia é que todos os planos de contingência das seguradoras funcionaram, principalmente o teletrabalho, e também as plataformas digitais. Ou seja, em todo esse período, nós não tivemos nenhum comprometimento maior dos nossos fundamentos”, avaliou Coriolano

Legislação

Para o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, houve preocupação porque diversos projetos de lei não levaram em conta os principais fundamentos do seguro, colocando em risco sua integridade, se fossem à frente.

“Do ponto de vista Legislativo, tivemos leis federais e estaduais prevendo toda sorte de facilidades e ampliação de coberturas. Foram sete mil projetos de lei, o que teve impacto na nossa atividade corporativa. Também tivemos, no Judiciário, novos processos pedindo coberturas extraordinárias e de julgamentos de processos importantes para o mercado segurador. A resposta do setor veio por meio da flexibilização dos contratos de vida e de seguro saúde. Todos sabem que, embora não estivesse prevista a cobertura de catástrofes em seguro de vida, alcançando aí a pandemia, houve um entendimento com a própria Susep para pacificar muitas das questões de mercado, dando cobertura de morte e também de doenças decorrentes de pandemias que não eram previstas nos contratos de vida e de saúde. Trocamos muitas informações com essas entidades internacionais, como Fides e GFIA, que sofreram pressões parecidas em seus países”, avaliou Marcio.

Reajustes dos planos de saúde

Para João Alceu Amoroso Lima, da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), é importante a reposição ao longo dos 12 próximos meses dos reajustes suspensos dos planos de saúde nos meses de setembro a dezembro.

“É fundamental manter a solvência do sistema. Não se pode suspender reajustes previstos em contratos, e não recuperar isso. Caso contrário, pode haver problemas mais adiante e custar mais caro para todos”, avaliou.

DPVAT

O presidente da FenSeg, Antonio Trindade, afirmou que, até o final de 2020, o mercado deve tomar conhecimento de como será administrado o Seguro DPVAT. “A gente ainda não tem certeza de quem vai estar operando o sistema de Seguro DPVAT, ou se a Caixa Econômica é uma das alternativas para essa administração ao longo de 2021. Ainda não está decidido a que preço esse seguro será comercializado – se a custo ínfimo ou se eventualmente a custo zero. O que se pretende – e estamos conversando enquanto indústria com o regulador – é repor o DPVAT, um seguro extremamente importante do ponto de vista social e acertar algum formato que gere concorrência, em vez de monopólio. O formato também deve beneficiar a indústria, o consumidor e a República. Esse é o Norte que estamos desenhando”.

Novas tecnologias

Para o presidente Marcelo Farinha, da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), a tecnologia pode ser muito útil para a distribuição de títulos de capitalização.

“No primeiro momento, a pandemia afetou com a queda da demanda pelo fechamento das unidades físicas de distribuição. Em resposta, nossa distribuição que era física passou por uma transformação silenciosa, possibilitando um acesso maior a plataformas digitais. A crise intensificou algo que já estava acontecendo, permitindo um ambiente propício para novas formas de relacionamento”, avalia.

Perspectivas para 2021

O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, avalia que qualquer previsão para 2021 depende dos cenários econômico e político. Além disso, não há perspectivas de as seguradoras deixaram o home office ou voltaram a fazer eventos presenciais.

“Não temos data para voltar. Estamos trabalhando com a premissa básica de que não vamos colocar em risco a saúde dos colaboradores das empresas do setor de seguradoras, de jeito nenhum”, explicou o executivo, destacando que tem voltado a aumentar a ocupação dos hospitais por causa do aumento do contágio.