Baseados em espaços de testes, os projetos visam dar suporte e condições para que empresas invistam em tecnologia
O tema inovação ganhou ainda mais força em 2020 em decorrência do isolamento social. Se antes as empresas ainda tinham dúvidas sobre usar a tecnologia a seu favor, esse período mostrou ser necessário estar em equilíbrio com as tendências. E para garantir a qualidade, segurança e benefícios a população, órgãos reguladores responsáveis por diferentes segmentos apostaram em projetos de experimentação, chamados “Sandbox Regulatório”.
O termo é bastante usado por profissionais de Tecnologia e Informação para se referir a ambientes de experimentação, que tem por natureza serem seguros e isolados, a fim de entender e estudar novas aplicações de soluções para o mercado. Em outras palavras, o Sandbox Regulatório é um projeto experimental que possibilita empresas de todos os portes pensarem em produtos, soluções e jornadas muito mais simples, modernas e ágeis, sem atingir um sistema de regulamentação consolidado.
Algumas agências e órgãos reguladores, como a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já anunciaram projetos de regulamentação experimental para 2021. No caso do mercado de seguros, a Susep selecionou 11 empresas com atuação securitária abrangente para liderar os investimentos em tecnologia para o setor em outubro do ano passado, já a CVM fechou o período de inscrições para as empresas na segunda quinzena de janeiro e anuncia os selecionados no final do semestre.
Segundo Felipe Barranco, CEO e cofundador da Flix, seguradora digital com foco na venda de seguros e assistências pessoais e uma das escolhidas para o Sandbox Regulatório da Susep, apostar em ideias que mudem a visão de consumo da população dentro de um determinado setor, contribui para uma dinâmica muito mais simples e inclusiva de mercado.
“O que percebemos com o passar dos meses é a busca por identificação em produtos e jornadas mais simples e que resolvam um problema de maneira ágil, segura e eficaz”, comenta Felipe. “Enquanto insurtech e uma empresa com menos de um ano de atuação, atender essa demanda só é possível investindo em tecnologia e acessibilização de produtos, focando em entender o que já dá certo dentro do nosso campo de atuação e no que precisamos melhorar. A ideia do Sandbox, para a Flix, é fazer parte dessa mudança e mostrar o seguro como um produto aliado ao planejamento financeiro e proteção”, explica.
Diferente das empresas já consolidadas no mercado, companhias não reguladas, como as fintechs, insurtechs e startups, por exemplo, ganham a oportunidade, por meio do Sandbox Regulatório, de estar aptas para investir e testar seus modelos de negócios, produtos e serviços de maneira menos restritiva.
Porém, ainda que o ambiente seja de teste, os projetos têm tempo e regras para serem executados e permanecem sob a responsabilidade e avaliação dos órgãos reguladores. São eles que monitoram o desenvolvimento de novas soluções e seus possíveis impactos para o mercado, autorizando, ou não, a atuação de forma plena do projeto no fim do período. Além disso, os Sandbox Regulatórios também permitem que os órgãos entendam a mudança de comportamento e apliquem regulamentações não apenas para os participantes, mas para todas as empresas do segmento.