Presidente da CNseg participou hoje de webinar do SindSeg-SP sobre tendências do mercado segurador
Com o objetivo de discutir como foi o ano de 2020 no mercado segurador brasileiro e as tendências para 2021, o Sindicato das Seguradoras de São Paulo (SindSeg-SP) realizou nesta quinta-feira, 04, uma live com a participação do Presidente da CNseg, Marcio Coriolano, e do Presidente do Sindicato de Empresários e Profissionais Autônomos da Corretagem e da Distribuição de todos os ramos de Seguros (Sincor-SP), Alexandre Camillo, mediada pelo Presidente do SindSeg- SP, Rivaldo Leite.
Em se falando do ano de 2020, evidentemente que a pandemia do novo coronavírus teve um papel de destaque, fazendo com que o setor saísse de um crescimento de 12,3% em 2019 para 1,3% em 2020, como pontuou Marcio Coriolano. Coriolano afirmou que essa queda é até positiva, comparada com a queda da indústria e do setor de serviços, que foi bem maior. O único setor que se salvou foi o agroindustrial”, afirmou.
Complementando o Presidente da CNseg, Camillo lembrou que no ano passado o Brasil teve uma retração de 4,1% no PIB e mesmo os países com quedas não tão acentuadas no PIB tiveram um desempenho na indústria do seguro positivo como o nosso nessas circunstâncias.
Detalhando o desempenho do setor de acordo com os diferentes segmentos, Marcio Coriolano afirmou que o resultado no Brasil foi influenciado positivamente, sobretudo pelos segmentos de Saúde e de Danos e Responsabilidades, este último que cresceu cerca de 6%, enquanto o segmento Vida ficou estável e o de Capitalização caiu. “O seguro residencial, por exemplo, cresceu porque a casa das pessoas passou a ser também o local de trabalho e de educar os filhos”, afirmou. “Na pandemia, a procura pelos serviços associados aos seguros residenciais mais que dobrou, ultrapassando os de guincho”, afirmou o Presidente do SindSeg- SP, Rivaldo Leite.
Outro segmento que apresentou desempenho “espetacular”, segundo Coriolano, foi o de Responsabilidade Civil, com muita gente querendo se proteger contra eventuais processos. “O ramo de pessoas também não foi tão ruim, pois Vida Risco teve um bom desempenho, apesar do VGBL e PGBL, que não foram tão bem devido à grande volatilidade dos ativos”, complementou.
O Presidente da CNseg lembrou que todos os números citados por ele estão presentes na publicação Conjuntura CNseg, disponível no site da Confederação Nacional das Seguradoras e que, segundo Rivaldo, é um material “riquíssimo” que, inclusive, como afirmou, “inspirou a realização dessa live para explicarmos para a comunidade securitária como o ano de 2020 foi bom”.
Capacidade de enfrentamento e superação do setor
Mas se o mercado segurador brasileiro teve esse desempenho considerado tão positivo para as circunstâncias, qual seria a razão? Segundo Coriolano, uma das razões reside no fato de ter havido uma aproximação e uma sinergia muito grandes entre seguradores e corretores, além de um “comprometimento muito maior de nós todos”.
Outra razão citada por ele para esse bom desempenho foi a possibilidade de se poder contar com uma tecnologia muito efetiva, que possibilitou, além do trabalho remoto, o incremento dos canais digitais de comercialização, “impedindo que os consumidores ficassem desassistidos”.
Além disso, lembrou Camillo, as seguradoras souberam trazer produtos bem alinhados às necessidades dos segurados. “Quando nos deparamos com uma crise, temos que nos virar com o que temos e tínhamos seguradoras muito bem preparadas tecnologicamente e atentas às necessidades dos consumidores, além de uma rede de distribuição extremamente preparada”, sintetizou o Presidente do Sincor-SP.
O papel do Governo e da Susep
Reconhecendo os avanços regulatórios que, em suas palavras, “vão possibilitar um melhor desempenho do setor em 2021”, o Presidente da CNseg destacou como positivas a regulação do Sandbox, que “pode ajudar a criar novos patamares de tecnologia e novos nichos de negócio”; a norma que estabelece proporcionalidade de requisitos de capital de solvência de acordo com o tamanho das sociedades seguradoras, e as normas de flexibilização de contratação por combos para produtos de ramos elementares.
Coriolano, entretanto, lembrou que no início da pandemia vivíamos “um período de ultrarregulação, com o setor submetido ao estresse de eficiência e eficácia”, ao mesmo tempo em que ocorria uma “avalanche de projetos de lei” no Legislativo, com desdobramentos nem sempre potencialmente positivos.
Alexandre Camillo também criticou algumas iniciativas da Susep que, em sua visão, trouxeram “desassossego à distribuição”, afirmando que “não adianta querer ensinar a nadar quem está se afogando. Temos que jogar a boia”.
O presidente do Sincor-SP também cobrou uma atitude mais enérgica do Governo em relação ao mercado marginal de seguros que, segundo ele, retira recursos das seguradoras e corretoras, faz o estado perder receita vinda dos impostos e ainda destrói a imagem institucional do seguro.
Perspectivas para o futuro
“Em vista de tudo que realizamos em 2020, faremos um trabalho ainda melhor em 2021, mas o desafio é grande”, disse o Presidente da CNseg, complementando que “existem várias oportunidades, mas elas dependerão da capacidade de nos mobilizarmos em conjunto e exigir que o Governo e o Congresso façam o seu papel de estabilização e nos dê os instrumentos necessários”.
Coriolano também reconhece que a capacidade de vacinação terá um papel importante na retomada, bem como as políticas pró-cíclicas, que envolvem tanto o auxílio emergencial aos cidadãos que perderam renda, como o auxílio a certos setores de negócios, por meio de subsídios e empréstimos.
Outro fator lembrado por ele foi o da necessidade de incorporar mais gente ao mercado segurador. “Nós alcançamos apenas 30% dos cidadãos brasileiros, pois 70% da população ganha menos de 2 salários mínimos. É tanto um dever moral quanto de negócios do nosso mercado propor um marco regulatório para que possamos expandir o setor negócio por meio do microsseguro, ou seguros inclusivos, ou o nome que se dê”, concluiu, já ao fim da live.