Fonte: Bom dia Mercado, análise e notícias por Rosa Riscala e Mariana Ciscato
Nos EUA
Os estoques de petróleo do DoE (11h30) têm previsão de queda de 900 mil barris para o óleo bruto, -1,3 milhão para gasolina e -1,5 milhão para os destilados. Ontem o, o API estimou recuo de 400 mil barris de petróleo.
Pacote de Infraestrutura
Os republicanos preparam uma contraoferta de US$ 1 trilhão para a Casa Branca, que representaria um aumento substancial em relação ao plano original da oposição, de US$ 568 bilhões.
O montante, no entanto, ainda é menor do que a última proposta do governo Biden, divulgada na semana passada, de US$ 1,7 trilhão, depois de Washington ter desistido do lance inicial de US$ 2,3 trilhões.
A proposta dos republicanos deve ser apresentada amanhã, dias antes do prazo não oficial fixado para o andamento das negociações, que “vence” no feriado do Memorial Day (cai na próxima 2ªF).
Inimigos do Rei
O investidor, que já viu antes o filme de suspeitas de ingerência política nas estatais, repercutiu mal a renúncia do presidente da Previ. Pesou na bolsa, no câmbio e afastou os DIs das mínimas.
A saída de Coelho aprofundou na reta final as quedas do Ibov, que já sentia a pressão da Vale, das siderúrgicas e dos bancos privados. A bolsa esvaziou a esperança de revisitar ontem o topo histórico dos 125 mil pontos.
Em baixa de 0,84%, o índice à vista devolveu os 123 mil pontos (122.987,71), com giro de R$ 28,1 bilhões.
A trégua nos ganhos não desanimou a Ativa Investimentos a elevar ontem a sua previsão para o Ibovespa no final do ano, de 128 mil para 138 mil pontos, no otimismo desencadeado pela temporada positiva dos balanços do 1TRI.
Nesta 3ªF, além de ter causado estragos ao BB (ON, -1,34%) nos minutos finais, a repercussão à Previ não poupou a Petrobras (PN, -2,08%, a R$ 25,84, e ON, -1,79%, a R$ 25,22), sempre sensível a sinais de intervencionismo.
As mínimas das ações coincidiram nesta 3ªF com o anúncio da renúncia do presidente da Previ.
A onda de vendas despertada nos papéis da companhia petrolífera pelo temor renovado de interferência política nas estatais destoou da apatia do petróleo, que deu um tempo no rali da véspera, quando exibiu alta superior a 3%.
Ontem, o Brent/julho subiu só 0,18%, a US$ 68,49, e o WTI do mesmo prazo ficou estável (+0,18%), a US$ 68,49.
O Ibov também foi influenciado por relatos de que o governo estuda tributar ganhos de capital de instituições financeiras, afetando a rentabilidade dos bancos (Bradesco PN, -0,50%, a R$ 25,73, e Itaú, -1,05%, a R$ 29,00).
A bolsa sofreu ainda o impacto negativo desencadeado pela forte venda (2,9 milhões de ações) exercida por único investidor nos papéis da Vale (ON, -2,49%, a R$ 107,05), que arrastou as siderúrgicas ladeira abaixo.
Usiminas PNA caiu 3,09% e CSN ON, -2,39%, apesar de o minério (+0,23%) ter quebrado a sequência de tombos.
Cielo liderou as altas (ON, +7,63%) com a entrada da Alelo, seu braço de alimentação corporativa, no segmento de adquirência e de entrega (delivery), que indica a chance de desmonte da Cielo, controlada pelo Bradesco e BB.
No caso da saída do Bradesco, por exemplo, a impressão entre parte dos analistas de mercado é a de que, a companhia que entrar no lugar do banco pagaria mais pela Cielo do que a companhia vale atualmente.
Cuidado com os IPOs
Profissionais de mercado ouvidos ontem pelo Broadcast em evento do BTG Pactual recomendaram cautela aos investidores com a nova febre de ofertas públicas iniciais (IPO) que vem aí.
De acordo com eles, nestes momentos de excessiva liquidez, surgem muitos modismos no mercado financeiro, trazendo uma série de empresas novata que não necessariamente estão prontas para operarem na bolsa.
“Não estou dizendo que este ciclo vai ser ruim, mas que a quantidade depois da valorização dos ativos que tivemos nos últimos 18, 12 meses aumenta a chance de produzirmos retornos piores do que em ciclos passados.” A declaração é do sócio da SPX Investimentos, Leonardo Linhares, que recorreu ao ano de 2007, quando se registrou o maior número de IPOs, mas, segundo ele, foi o pior ano das ofertas públicas nos 12 anos para frente.
COPOM em aberto
O alívio com o IPCA-15 de maio (+0,44%) perto do piso do intervalo de estimativas dos analistas (0,43%) esvaziou as apostas de alta mais agressiva da Selic (1 ponto), indicando que 0,75 pp pode dar conta do recado.
Também o discurso de Campos Neto de que a normalização parcial da política monetária (ainda) é adequada empurrou os juros futuros para baixo nesta 3ªF, ainda que tenham abandonado as mínimas sob o “efeito Previ”.
Mas o próprio RCN fez o hedge sobre o futuro da Selic, que está, em grande parte, nas mãos da evolução da crise hídrica e seu impacto sobre a inflação, diante do risco de escassez de chuvas manter a bandeira vermelha até 2022.
Ontem, pelo menos dois grandes bancos citaram o risco energético para elevarem as projeções para o IPCA deste ano, de 5,10% para 5,60% (Safra) e de 5,2% para 5,4% (Barclays), ambas acima do teto da meta (5,25%).
Para 2022, agora o horizonte relevante de política monetária do Copom, o banco inglês manteve a expectativa em 3,70% e o Safra subiu de 3,50% para 3,60%, ligeiramente acima do centro da meta (3,50%) fixado para o ano que vem.
Também a eventual prorrogação do auxílio emergencial para além de julho entra como fator de risco de última hora para a inflação, no cenário de retomada da atividade econômica. Os bancos não param de puxar as projeções do PIB.
O Banco Fibra, que apostava que o Brasil cresceria 4% este ano, já fala em 5%. O Citi projeta 3,6%, de 3,0% antes.
Seja como for, ontem, a surpresa com o IPCA-15 fraco de maio e a queda do yield dos Treasuries de dez anos para baixo do patamar de 1,6% (abaixo) ajudaram na devolução de prêmios de risco em toda a curva do DI.
Após ajustes, o jan/22 caiu para 4,995% (de 5,056% ontem); jan/23 recuou a 6,710% (6,809%); jan/24, a 7,655% (7,767%); jan/25, a 8,150% (de 8,275%); jan/27, a 8,760% (de 8,864%); e jan/29, a 9,110% (de 9,193%).
O dólar, que vinha em queda até o meio da tarde, esgotou o fôlego de baixa, refletindo a piora de humor no mercado externo (com a inflação já comprometendo o consumo) e os novos sinais de ingerência política nas estatais.
O câmbio tem estado dividido nestes últimos dias entre a perspectiva negativa para os emergentes de uma retirada antecipada de estímulos pelo Fed e a influência positiva da força das exportações brasileiras.
No mercado à vista, o dólar subiu de leve ontem (+0,23%), para R$ 5,3371, mais próximo da máxima (R$ 5,3431) do que da mínima (R$ 5,2964). No câmbio futuro, o contrato para junho fechou em alta de 0,34%, a R$ 5,3395.
Efeito corrosivo
Em NY, dois indicadores fracos esvaziaram o debate de superaquecimento da economia americana e voltaram a levantar a lebre de que as pressões inflacionárias podem estar afetando o poder de compra.
Já na semana passada, esta hipótese havia sido levantada pelo sentimento de Michigan e foi confirmada nesta 3ªF pela confiança do consumidor (Conference Board), que caiu a 117,2 em maio, contrariando o consenso de 118,7.
Ainda as vendas de moradias novas recuaram 5,9% de março para abril, a 836 mil unidades, frustrando a previsão de 959 mil, no movimento que, para os economistas, também foi comprometido pela alta dos preços.
A percepção de que a inflação pode estar inibindo o ímpeto de retomada da economia levou os juros dos Treasuries a recuaram ao menor nível em 18 dias, com o yield da Note de dez anos a 1,555%, contra 1,603% na véspera.
O achatamento da curva ocorreu mesmo depois de ter ganhado força o debate sobre a redução do QE [tapering].
O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, disse que “poderá haver algum momento” nas próximas reuniões em que os dirigentes do BC americano comecem a debater a diminuição gradual do programa de compra de ativos.
Sem apetite por risco, o índice Dow Jones recuou 0,24%, para 34.312,46 pontos, o S&P 500 registrou leve desvalorização de 0,21%, a 4.188,13 pontos, e o Nasdaq fechou estável (-0,03%), a 13.657,17 pontos.
No câmbio, a decepção com os indicadores americanos e, por outro lado, a maior alta em dois anos do sentimento das empresas (Ifo) na Alemanha em maio (99,2) explicaram o euro (US$ 1,2253) melhor do que o dólar.
Mas a moeda americana ainda conseguiu levar a melhor contra a libra (US$ 1,4149) e o iene (108,74/US$).
Em tempo… CVM acusou o fundador da MARFRIG, Marcos Molina, de uso de informação privilegiada em negociação na B3 em 2018, quando teria vendido ações da empresa antes de anunciar a aquisição do controle da National Beef.
BRF informou que o JPMorgan passou a deter 7,15% do capital da companhia.
ELETROBRAS. STJ retoma hoje recurso da estatal no processo movido pela Decoradora Roma em empréstimos compulsórios tomados pela empresa entre os anos 1962 e 1993. Créditos podem chegar a R$ 14 bilhões.
CEMIG. Em vídeo nas redes sociais, o governador Romeu Zema (MG) e o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, anunciaram que as contas residenciais de luz não terão reajuste pelo segundo ano consecutivo, até maio/22.
OMEGA GERAÇÃO aprovou aumento de capital de R$ 2,69 milhões, para R$ 3,83 bilhões.
3R PETROLEUM aprovou apresentação de ofertas, contrato com Pecom Energia e aumento de capital social.
QUALICORP. Fundos geridos pela Pátria Investimentos atingiram participação acionária de 15,06% do capital social. Assim, quatro acionistas concentram metade do capital (Rede D’Or, 25%, Opportunity, 7%, e Atmos Capital, 5%).
MATER DEI. Fundos de investimento ficaram com a maior parcela do IPO do hospital, que estreou na Bolsa em 16/4, comprando 58.660.510 ações, o equivalente a 72,3% do total ofertado (81.027.956 ações)…
… No IPO, companhia girou R$ 1,413 bilhão, com ações precificadas a R$ 17,44, cotação 20% abaixo da faixa indicativa de preço inicialmente apresentada.
DASA informou a aquisição, por meio da controlada Allbrokers, de 100% do capital social das sete sociedades que compõem o Grupo Case, além da Itech Care – Assessoria Empresarial e em Tecnologia. Valor não foi divulgado.
HYPERA PHARMA concluiu a venda de Centro de Distribuição de Goiânia por R$ 231,463 milhões.
BR PROPERTIES assinou contrato, no valor de R$ 156,5 milhões, para aquisição das futuras unidades autônomas do galpão Edifício Centauri, que faz parte de um complexo localizado em Jarinu (SP).
AZUL. O CEO, John Rodgerson, afirmou ao Estadão que uma consolidação no mercado de aviação brasileiro pode ser saudável e que uma eventual aquisição de concorrente não enfrentaria a resistência no Cade…
… A declaração veio um dia depois de a Latam encerrar acordo de compartilhamento de voos que tinha com a Azul. O grupo Latam informou nesta 3ªF que não quer vender a operação brasileira para a concorrente.
AEROPORTOS. Câmara aprovou a permissão para que concessionárias de aeroportos antecipem o pagamento de outorga ao governo federal, com o objetivo de levantar receita extra de R$ 8 bilhões este ano…
… Em troca, elas ganhariam desconto que pode chegar a 14%. A proposta vai ao Senado.
GENERAL MOTORS (GM) vai parar completamente por seis semanas a produção da fábrica de São Caetano do Sul (SP); motivos são falta de peças e adequação das linhas de montagem para a produção de uma nova picape.
NISSAN. Fábrica em Resende (RJ) vai parar linha de montagem por 5 dias em junho por falta de semicondutores.