Diretor Comercial da Euler Hermes traz panorama do comportamento do mercado no último ano e para 2021
Com a pandemia e consequentemente as perdas causadas por conta da crise econômica, o número de indenizações nas empresas brasileiras no último ano foi significativo.
As primeiras estatísticas de 2021 mostram um recuo do número de empresas que pediram recuperação judicial. Embora o cenário de pandemia esteja longe de se resolver, vemos que o empresário que sobreviveu a 2020 teve muita resiliência e flexibilidade no gerenciamento do seu negócio, e deveria aproveitar a perspectiva um pouco mais positiva da economia em 2021. As previsões de crescimento do PIB em 2021, depois de um desastre em 2020, são muito encorajadoras. Portanto, esperamos um ano melhor no que se refere a empresas em recuperação judicial.
A análise é do diretor comercial da seguradora de crédito Euler Hermes, Luciano Mendonça. O executivo acredita que este quadro foi potencializado também pelo fato de novas empresas estarem buscando cobertura de crédito em virtude de atrasos e não pagamentos que ocorreram ao longo do último ano. “Esta tendência deverá ser acompanhada pelo aumento da exposição ao risco, principalmente nos setores que ensaiam alguma retomada, como metais, construção, químicos e alimentos”, exemplifica.
Impactos e perspectivas
O diretor lembra que, no início da pandemia, o prognóstico do mercado de seguro de crédito era bastante negativo: a partir do 2Q2020 houve aumento do número de sinistros (não-pagamentos informados pelos segurados) em comparação com 2019. No entanto, Mendonça afirma que este aumento se reduziu no 2H2020, levando ao fechamento do ano com apenas 15% mais perdas que em 2019.
“Isto não foi ao acaso: quando a pandemia eclodiu, tomamos ações de redução de exposição que estavam alinhadas à redução das vendas dos nossos segurados, desta forma limitando potenciais perdas. Com a melhora que se percebeu ao final de 2020, tivemos possibilidade de retomar nossa exposição a níveis pré-pandemia, com aumento constante de exposição ao risco em setores mais resilientes à crise. Sem dúvida, nosso monitoramento da situação econômica nos permitiu gerenciar mais precisamente a exposição ao risco de crédito nos vários mercados onde atuamos, retomando o apetite de cobertura antes de qualquer outra seguradora”, conta.
Setores mais afetados buscam proteção
Mendonça explica que os setores ligados à infraestrutura, como metais e construção, além de plásticos/embalagens, foram os que sofreram mais no começo da pandemia e têm buscado proteção com seguro de crédito.
“Estes são os setores mais afetados por uma redução da atividade econômica, e suas cadeias têm pouco tempo de adaptação a uma nova conjuntura de risco. Assim, as perdas se espalharam por diferentes elos da corrente. Por isso, percebemos o aumento de apólices em empresas destes setores já no final de 2020, o que continuou neste primeiro quadrimestre”, afirma.
Monitoramento é aliado
Com mais de 85 milhões de empresas monitoradas diariamente em todo o mundo, a base de dados da Euler Hermes auxilia na gestão de crédito de empresas dos mais variados tamanhos e setores. “Se sua empresa fornece para um cliente, é muito provável que este cliente já tenha sido avaliado anteriormente pela Euler Hermes como um risco de crédito junto a outros fornecedores”, afirma Mendonça.
Diante dessa expertise, a seguradora conta com uma visibilidade transversal sobre a cadeia de suprimentos dos clientes e isto faz com que esteja em posição privilegiada no monitoramento do risco de pagamento das empresas, uma vez que a seguradora é a primeira a saber sobre potenciais atrasos e caso estes se tornem inadimplência, é a Euler Hermes que indeniza as perdas.
Mercado em desenvolvimento
O diretor afirma que o seguro de crédito ainda é uma ferramenta pouco difundida no Brasil. Apenas no estado de São Paulo, há mais de 42 mil corretores de seguros habilitados, e aproximadamente duas dezenas deles são especializados em seguro de crédito. Portanto, é um campo aberto para corretores de seguro que querem diversificar a oferta de soluções para seus segurados atuais.
“O seguro de crédito é a melhor ferramenta de gerenciamento de risco de crédito: além de monitorar a capacidade de pagamento das empresas, o seguro indeniza as perdas caso um cliente segurado fique em inadimplência. Uma empresa pode ter o melhor time de analistas de crédito e as melhores ferramentas de monitoramento de risco, mas nenhuma delas põe dinheiro na mesa caso um cliente não honre os pagamentos”, explica.
O diretor lembra ainda que o ano de 2020 assustou muitos empresários com as perdas ocorridas, o que despertou a busca por soluções contra o não pagamento e o seguro de crédito faz este papel. “Já no final de 2020, percebemos um aumento da busca de proteção e este movimento se confirmou em 2021. Ano passado crescemos +25%, e neste ano nossos números já estão bastante positivos”, comemora.