A digitalização do mercado de seguros e o cenário pós-pandemia

A digitalização do mercado de seguros e o cenário pós-pandemia

Confira o artigo escrito por Wlamir Marques Sobrinho, Diretor comercial na Globant

Wlamir Marques Sobrinho, Diretor comercial na Globant
Wlamir Marques Sobrinho, Diretor comercial na Globant

Quando uma tendência, tecnologia ou moda transforma um hábito da população, o que os provedores de serviço precisam fazer? Adaptar. Foi assim com a transição da locadora para o streaming e será (provavelmente) também com adoção crescente de energia verde, por exemplo. Mas, agora, e quando não um hábito, mas toda rotina de trabalho e vida pessoal da população muda? Quando esses detalhes do dia a dia de alguém – mobilidade, atividade física, moradia – embasam todo o seu modelo de negócios, esse processo de adaptação, já complicado, ganha novas camadas. Um mundo novo de adaptação é o trabalho de casa do mercado de seguros, desde 2020, quando a Covid-19 colocou a vida de todos de cabeça para baixo. O primeiro passo para passar por isso: abrir um chamado no TI.

Antes de falar sobre como todos os caminhos de adaptação do setor passam pela tecnologia, vejamos como ficou o mercado com a chegada do novo coronavírus. As condições impostas pela pandemia provocaram uma série de transformações no comportamento das pessoas. Trabalho remoto, menor mobilidade (muitas vezes sequer utilizando o próprio automóvel), mais atenção/cuidado com o ambiente domiciliar e crescimento no sedentarismo.

Ação e reação. A partir dessa nova realidade, produtos passaram a ser menos e mais demandados. É o caso, por exemplo, do seguro de automóveis. Pelo fato de as pessoas estarem saindo menos de casa e usando mais apps de carona, o setor registrou aumento de 45% na procura por planos mais enxutos, segundo levantamento da TEx. Outro efeito, esse decorrente da crise econômica provocada pela pandemia, é o menor acesso a seguros de saúde e vida, descontinuados graças à redução (ou extinção) de salários e menores benefícios trabalhistas em empresas que ainda tentam se manter de pé.

Mas o que cresceu ou deve ser mais procurado, no cenário durante e pós-pandemia? Uma pesquisa da Salesforce mostrou que mais de 50% dos brasileiros trocariam de emprego, se pudesse trabalhar em modelo de home office. Uma imposição de agora, mas que demonstra ser tendência para o futuro, o trabalho remoto deve influenciar em duas linhas de produto: domiciliar e, com o tempo, adoção mais ampla de planos de saúde. Isso porque, com as pessoas passando mais tempo dentro de casa, é mais provável que seguradoras tenham mais oportunidades de venda de soluções focadas no lar. Já o outro, por conta de medidas restritivas e aumento no sedentarismo, é tendência de alta na procura por planos de saúde.

Os caminhos e benefícios da digitalização

Mas o que a tecnologia tem a ver com o momento do mercado de seguros e com o cenário que estaremos no pós-covid? Tudo. Soluções tecnológicas, de Inteligência Artificial a Cloud Computing, por exemplo, já resolveram problemas do consumidor e de empresas do setor bancário, entretenimento, farmacêutico e muitos outros. No setor segurador, a aplicação de tecnologia é essencial em um cenário normal de temperatura e pressão. Agora, em uma pandemia, com diversas restrições e isolamento, é ainda mais imprescindível. Isso porque é por meio da transformação digital que as seguradoras poderão, além de se adaptar ao novo cenário ganhando competitividade e eficiência, resolver alguns dos grandes desafios do setor nos últimos anos.

Entre eles estão a necessidade de se estreitar o relacionamento com os corretores e suas plataformas; a busca por canais alternativos de distribuição de seguros via bancos, varejistas, agências de viagens, cartões de crédito etc; e otimizar processos internos, como portais de autoatendimento, automação do pagamento de sinistros e despesas, melhoria de sistemas para permitir um melhor “product to market”, processos automatizados e integrados com parceiros de negócios.

Esses desafios, relacionados principalmente ao direcionamento correto de soluções, conexão, transparência e uso correto de dados, são gerenciáveis por meio de soluções tecnológicas que a Globant já aplica. Um exemplo é o uso do Smart Watch associado aos seguros de Saúde e Vida, funcionando como um coletor de dados valiosos sobre o estilo de vida do cliente. Já a Telemetria Inteligente, solução normalmente usada por gestores de frotas, é um tipo de tecnologia que deve beneficiar principalmente a venda de seguros de automóveis, com aplicações de cobertura extra para o uso de transporte particular, seja por aplicativo ou táxi, por exemplo. Já os produtos residenciais podem contar com melhores insights graças à Internet das Coisas (IoT), uma das tecnologias que torna possível, hoje, as Smart Houses.

O que todas essas aplicações tecnológicas têm em comum? A coleta de informação valiosa — que deve ser protegida e usada com ética e responsabilidade — sobre os hábitos e necessidades do cliente, seja sobre ele mesmo, sua locomoção (seja por seu carro ou por um serviço de transporte) ou sua casa.. Com uma cultura guiada por dados, é possível usar esse conteúdo para oferecer personalizado ao consumidor, como cobertura e/ou serviços que de fato resolvam os seus problemas. Isso está no DNA da Globant: o cliente no centro. Soluções criadas para demandas reais e focadas nas pessoas.

Sabendo que, antes ou durante a pandemia, quem correu atrás da transformação digital saiu na frente, fica a pergunta: com novas tecnologias e novos hábitos adotados pela população, para onde vai o setor de seguros?

Com a coleta mais refinada de dados e melhores insights, uma das principais tendências é o modelos de negócio As a Service, que vai oferecer soluções/pacotes de acordo com as demandas do consumidor — seja por necessidade financeira, como vimos no início do artigo, ou por melhor customização. O atendimento ágil, efetivo e transparente passa a ser cada vez mais importante na decisão de compra e fidelidade do consumidor. Por isso, as seguradoras precisam se manter conectadas para prover esse serviço de excelência, de forma que se gere um ciclo virtuoso. Experiência bem sucedida, que faz o cliente ficar mais satisfeito e fiel à empresa, que, por consequência, se sente mais inclinado a compartilhar mais dados com a seguradora.

Em resumo: é preciso se digitalizar ou se digitalizar.