Reforma segue indefinida e alvo de pressões

Reforma segue indefinida e alvo de pressões

Confira as notícias e análises por Rosa Riscala e Mariana Ciscato, do Bom dia Mercado

… O acordo da Opep para aumentar a produção de petróleo em 400 mil barris por dia, já a partir de agosto, foi a notícia mais importante para os mercados no fim de semana. Na agenda internacional, a reunião do BCE (5ªF) pode mexer com o câmbio, enquanto os investidores continuam monitorando o risco de antecipação do tapering nos EUA. BCs da Rússia, África do Sul e China também decidem sobre juros. Em NY, a temporada de balanços avança com as high techs. Aqui, o IPCA-15 de julho (6ªF) é a principal expectativa da semana, enquanto o recesso do Congresso deixa em stand-by a reforma do IR e os ruídos da CPI, embora as notícias continuem movimentando esses dois temas.

… Em reunião com um grupo de empresários que apoiam Bolsonaro (Brasil 200) na última 6ªF, em SP, Guedes sinalizou que poderá mudar mais alguns pontos na segunda versão da proposta que pretende derrubar o IRPJ para 12,5%.

… O almoço foi organizado sem alarde e divulgado pelo ministério da Economia só no começo da noite.

… Participantes revelaram que o ministro estava aberto ao diálogo e prometeu conversar mais com o setor privado.

… No encontro, foi definida a criação de uma comissão formada por empresários e advogados tributaristas para debater sugestões de mudanças ao texto, como a inclusão do ICMS estadual e do ISS municipal na reforma tributária.

… Sobre o Imposto de Renda, Guedes se comprometeu em compensar a volta do imposto sobre lucros e dividendos com uma redução “agressiva” do IRPJ, admitindo que o governo abrirá mão de uma arrecadação de R$ 50 bilhões.

… Esse rombo, segundo o ministro, será coberto pelo aumento das receitas com a recuperação econômica.

… Guedes ouviu, também, pedidos para que a taxação de dividendos seja postergada para 2023 e para que a faixa de isenção seja mantida em R$ 20 mil mensais. O relator já disse que pretende reduzir para R$ 2,5 mil mensais.

… Em entrevista ao Estadão/domingo, o deputado Celso Sabino (PSDB) confirmou ajustes adicionais no parecer, como “uma tabela progressiva para a tributação de dividendos”, deixando a sensação de que a reforma segue indefinida.

… À jornalista Adriana Fernandes, antecipou alguns estudos, como a possibilidade de criar uma faixa mais alta para essa taxação, acima dos 20%, e a possibilidade de isenção da distribuição de dividendos entre empresas coligadas.

… Já sobre o fim da dedução do JCP, o relator descartou mudanças. “Vamos aumentar a carga sobre os bancos.”

… Questionado sobre as críticas de Estados e municípios, que já recomendam às suas bancadas a rejeição da proposta, Sabino disse que são “absolutamente injustas”, que “não haverá queda de arrecadação com a pujança da economia.”

… O relator Celso Sabino também defendeu o corte de subsídios tributários para compensar a perda de arrecadação com a reforma do IR, mas essa é uma aposta considerada frágil, pelas dificuldades de aprovação no Congresso.

… Assim como governadores e prefeitos resistem às mudanças, setores visados pelo corte de incentivos fiscais, como o fim do PIS/Cofins, também já se movimentam contra as medidas previstas pelo projeto do Imposto de Renda.

… De R$ 60 bilhões de compensações para a queda do IRPJ e a correção da tabela do IRPF em 2022, R$ 25 bilhões viriam da extinção de benefícios a produtos farmacêuticos, químicos, embarcações, aeronaves e termoelétricas.

… Outra compensação difícil para o rombo inclui R$ 14,9 bilhões com mudanças na tributação de fundos exclusivos, que a equipe econômica tentou duas vezes e não conseguiu (a medida caiu nas votações do Congresso).

… Sabino disse na entrevista que o mercado “amou” o seu parecer, mas o risco para as contas públicas já tem impacto na curva dos juros longos e nas expectativas dos investidores, que seguem com a preocupação fiscal no radar.

NOVAS DENÚNCIAS – Integrantes da CPI continuam ativos nas redes sociais e entrevistas, comentando as denúncias que não param de chegar no recesso do Congresso, sustentando os ruídos políticos que atingem o Palácio do Planalto.

… Neste domingo, o primeiro ato de Bolsonaro ao deixar o hospital foi defender Pazuello das acusações de que teria negociado a compra de 30 milhões da vacina Coronavac por um preço quase três vezes maior (US$ 28/dose).

… O presidente desqualificou o vídeo como prova contra o ex-ministro, argumentando que, “se fosse algo secreto ou um negócio superfaturado”, ele não estaria dando entrevista e, sim, “escondidinho lá no porão do ministério”.

… No vídeo, gravado em março, dois meses após o governo ter fechado 100 milhões da Coronavac com o Butantan, por US$ 10/dose, Pazuello aparece com empresários de Santa Catarina, identificados como intermediários da Sinovac.

… A empresa World Brands, que teve acesso ao MS, pertence a Jaime José Tomaselli, condenado pela Justiça Federal de Itajaí, em maio de 2014, por participar de conluio que fraudou documentos de importação de produtos.

… Em declarações também ontem, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues disseram que o vídeo deixa claro que o ex-ministro Pazuello mentiu para a CPI, ao afirmar que não participou de negociações para a compra de vacinas.

… Ainda sobre denúncias, o senador Randolfe escreveu no Twitter que a CPI descobriu que o faturamento das empresas que vendem remédios ineficazes contra a Covid-19 (o chamado Kit Covid) ultrapassou R$ 500 milhões.

O FUNDÃO – Outra encrenca para Bolsonaro, que volta a despachar normalmente hoje em Brasília, foi a aprovação do fundo partidário, incluído na LDO/2022, aumentado de R$ 2 bilhões em 2020 para R$ 5,7 bilhões em 2022.

… Na entrevista à porta do hospital, o presidente sinalizou que poderá vetar o fundão, mas pegou leve, já que está entre a reação negativa de sua base eleitoral e os interesses de bolsonaristas, inclusive seu filho, e aliados do Centrão.

AGENDA ESVAZIADA – O IPCA-15 de julho, na 6ªF, é a principal expectativa da semana entre os indicadores domésticos.

… O dado tem potencial para ajustar as expectativas para o Copom de agosto, que continuam divididas entre uma dose menor (0,75 ponto) e maior (1 ponto) de alta da Selic. Saem ainda as prévias do IPC-S (6ªF) e do IPC-Fipe (hoje, 5h).

… Para o IPCA-15 de julho, o mercado antecipa as pressões dos preços administrados, especialmente da conta de luz, com o reajuste da bandeira vermelha 2 da Aneel, e do reajuste dos combustíveis pela Petrobras no início do mês.

… Já o câmbio mais apreciado e a desaceleração dos preços das commodities, que começam a abandonar o boom da primeira metade do ano, podem servir de contraponto aos choques observados na inflação.

… O BC monitora de perto a evolução dos preços para decidir se deve assumir um maior conservadorismo, que leve a taxa Selic a superar a taxa neutra (6,5%) até o final do ano, ou se a dinâmica inflacionária não exige tanto.

… Na Focus (hoje, 8h25), a aposta para o IPCA em 2022 vem caindo (3,75%), mas segue bem acima da meta (3,5%).

… Sem data certa, o mercado espera ainda nesta semana a arrecadação de junho, que deve atingir R$ 137,450 bilhões (mediana do Broadcast), recorde histórico para o mês, com alta de 59,35% contra um ano antes.

… O BC oferta hoje até US$ 750 mi em swap para rolagem (11h30) e até US$ 4 bi em compromissadas de 3 meses (12h).

CORPORATIVO – No calendário das empresas, Vale (hoje, após o fechamento) e Petrobras (5ªF) soltam seus dados de produção e vendas do segundo trimestre. Na 5ªF, sai a precificação do novo follow-on da Magazine Luiza.

LÁ FORA – O risco de antecipação do tapering nos EUA continuará sendo monitorado, depois de Powell ter reconhecido recentemente que é um desafio saber como reagir à inflação “bem acima” (e não mais moderadamente acima) de 2%.

… Destaque entre os indicadores da semana, a leitura preliminar de julho do PMI/Markit composto sai na 6ªF nos EUA, zona do euro, Alemanha e Reino Unido. Hoje (11h), será divulgado nos EUA o índice NAHB das construtoras em julho.

… Na 5ªF, o BCE decide sobre juro. Semana passada, Lagarde antecipou “algumas variações e mudanças interessantes” nos instrumentos de política monetária para cumprir a meta de inflação de 2%, mas não deu mais detalhes.

… Também os BCs da Rússia (6ªF), África do Sul (5ªF) e da China (hoje à noite, 22h30) se reúnem.

… O FMI divulga na 4ªF o relatório de perspectiva econômica global. Na 5ªF, é feriado no Japão.

… Apesar da variante Delta, o Reino Unido pretende relaxar hoje as restrições de mobilidade e negócios.

BALANÇOS – Depois de os bancos terem aberto a temporada, vêm aí os resultados das gigantes de tecnologia, com IBM (hoje, após o fechamento), Netflix (amanhã), Twitter e Intel (5ªF). Johnson & Johnson solta seus números na 4ªF.

… Aqui, a safra de balanços começa com Indústrias Romi e Neoenergia (4ªF) e Hypera, que publica resultado na 6ªF.

PETRÓLEO – Neste domingo, a Opep+ decidiu aumentar a produção mensal em 400 mil bdp a partir de agosto. O acordo resolve o impasse das últimas semanas e vence as resistências dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita.

… Na primeira reação ao acordo, o petróleo recuava perto de 1,5% no final da noite de ontem.

VIROU ALVO FÁCIL – Em dia de exercício de opções, o ambiente negativo do exterior, na 6ªF, veio a calhar para os vendidos promoverem vendas generalizadas nas blue chips e tirarem 2 mil pontos do Ibovespa.

… Depois de ter testado os 128 mil pontos na máxima intraday (128.010,15), o índice à vista viveu sob a volatilidade do game, perdeu os 126 mil pontos e fechou próximo da mínima (125.807,95), em queda de 1,18% (125.960,26).

… O desempenho levou o Ibovespa a zerar os ganhos do mês, voltando a acumular perdas (-0,66%).

… Na falta de catalisadores domésticos, diante da agenda esvaziada, as incertezas sobre a recuperação econômica dos Estados Unidos serviram de argumento para uma onda de cautela entre os papéis mais líquidos.

… Nenhum banco foi poupado: Bradesco PN, -2,21% (R$ 24,37), Itaú, -1,62%, BB ON, -1,21%, e Santander unit, -1,75%.

… Com os comprados levando a pior, a Petrobras (PN, -1,48%, R$ 26,68, e ON, -1,91%, R$ 27,17) desperdiçou a leve alta do petróleo. O Brent/set subiu 0,16% (US$ 73,59) e o WTI do mesmo prazo, +0,25% (US$ 71,56).

… Também a Vale (ON, -1,80%, R$ 113,40) e as siderúrgicas (CSN ON, -3,43%, e Gerdau PN, -2,14%) caíram bem mais do que o minério (-0,30%), para comprovar que o jogo especulativo das opções prevaleceu.

… Passado o exercício, os papéis têm chance de reação, especialmente porque o preço do minério segue elevado.

… Em entrevista ao Broadcast, no domingo, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, manteve previsão otimista para o minério no curto prazo, mesmo descartando um novo superciclo da commodity, como nos anos 2000.

… Entre as varejistas, os papéis da B2W dispararam (+4,15%) antes do último capítulo da fusão com a Lojas Americanas (PN, +1,51%). A empresa resultante da união das companhias passar a ser negociada hoje na B3 sob o ticker AMER3.

… Lojas Americanas permanecerá listada na bolsa, mas passará a representar uma fatia de 38,9% na nova companhia.

BAIXA TOLERÂNCIA A RISCO – Coincidindo com a piora da bolsa doméstica, o dólar já estava na reta final do pregão quando parou de cair, diante das incertezas sobre o tapering nos EUA, que é decisivo para o fluxo aos emergentes.

… A moeda americana chegou a virar para o positivo na última hora, mas acabou fechando no zero a zero (+0,01%), cotada a R$ 5,1154, distanciando-se da mínima de R$ 5,0744 para fechar perto da máxima de R$ 5,1276.

… O saldo da semana, porém, foi de alívio importante (-2,36%), diante da agenda movimentada de IPOs e follow ons.

… No DI, os juros futuros fecharam em queda, mas [como o dólar] se afastaram das mínimas registradas mais cedo, conforme o humor do mercado mostrava piora à tarde, diante do risco de retirada antecipada dos estímulos do Fed.

… O dado do IGP-10 de julho (0,18%), pouco acima do esperado (0,15%), mas com uma forte desaceleração em relação a junho (2,32%), colaborou para que os movimentos em toda a curva fossem contidos.

… Após os ajustes, o DI para jan/22 caiu a 5,795% (de 5,829% no pregão anterior); jan/23, para 7,260% (de 7,314%); jan/24, 7,850% (de 7,966%), jan/25, 8,180% (de 8,285%); jan/27, 8,600% (de 8,673%), e jan/29, 8,880% (8,933%).

A SOMBRA DA INFLAÇÃO – As advertências de Powell, de que anda agora mais desconfortável com as pressões inflacionárias, encontraram argumento no componente de inflação divulgado pela Universidade de Michigan.

… Não só o dado de sentimento do consumidor nos EUA mostrou uma piora (caiu para 80,8 na leitura preliminar em junho, do consenso de 86,3), como a expectativa de inflação no curto prazo atingiu o nível mais alto desde 2008.

… Subiu de 4,2% para 4,8%. O resultado ofuscou a reação positiva dos mercados observada mais cedo com a surpresa das vendas no varejo, que tiveram alta inesperada de 0,6% em junho, contrariando a previsão de queda de 0,4%.

… A surpreendente recuperação do varejo, sugerindo que o consumo está vivo, não foi suficiente para neutralizar a preocupação de que a alta dos preços possa desestimular o ímpeto do consumidor, em algum momento.

… Além disso, no pano de fundo, a escalada da variante Delta e a perda de fôlego da campanha de vacinação nos EUA, apesar da abundância de doses (muita gente se recusa a se vacinar) também pesaram para os negócios.

… Em NY, as bolsas viraram para o negativo. O índice Dow Jones registrou desvalorização de 0,86%, para 34.687,85 pontos, o S&P 500 recuou 0,75%, a 4.327,16 pontos, e o Nasdaq cedeu 0,80%, a 14.427,24 pontos.

… Entre os Treasuries, o juro da Note de dez anos chegou a responder em alta ao otimismo das vendas no varejo, mas acomodou o impulso (a 1,300%, de 1,299%), diante da busca por proteção com a cautela provocada pela inflação.

… O chefe de pesquisas de renda fixa do Julius Baer, Markus Allenspach, avalia que o impasse sobre o teto fiscal nos EUA tende a pressionar os Treasuries, mas não deve provocar o mesmo estresse observado uma década atrás.

… Em 2011, a S&P rebaixou a nota de crédito do país pela primeira vez na história, após uma batalha no Congresso sobre corte de gastos e aumento de impostos para reduzir a dívida e permitir a elevação do limite de endividamento legal.

… No câmbio, a busca por hedge elevou o dólar contra o iene (110,08/US$), euro (US$ 1,1808) e a libra (US$ 1,3764).

EM TEMPO… O presidente da ELETROBRAS, Rodrigo Limp, disse que a operação de capitalização e consequente privatização pode envolver uma oferta de ações na Bolsa de Nova York, já que a companhia tem ADRs listados…

… Conselho aprovou captação de R$ 1,6 bilhão por sua controlada Furnas Centrais Elétricas; recursos serão usados para pagar dívidas mais onerosas e para cumprimento do programa de investimentos do biênio 2021/2022.

UNIPAR fechou contrato de outorga de opção de compra com Atlas Lar do Sol Holding para ter direito a ser sócia de sociedades de propósito específico para realizar projetos de energia solar em estágio greenfield em Pirapora (MG).

ITAÚ UNIBANCO venceu disputa com Santander Brasil pela folha de pagamento do funcionalismo de Minas Gerais; segundo o governo mineiro, o banco pagou R$ 2,42 bilhões, 18% acima do lance mínimo exigido.

CCR. O tráfego total nas rodovias aumentou 13,1% de 9 a 15 de julho ante o mesmo intervalo do ano passado.

TEGMA informou que o conselho de administração rejeitou, por unanimidade, a proposta de combinação de negócios feita pela JSL no dia 1º de julho, em reunião realizada na 6ªF.

JHSF realizou o resgate integral do JHSF Rio Bravo Fazenda Boa Vista Capital Protegido Fundo de Investimento Imobiliário (FBV FII), que foi constituído em 2013 com o objetivo de investir na Fazenda Boa Vista…

… Com aporte de R$ 125,4 milhões, integralmente restituído aos cotistas, o FBV FII teve remuneração acumulada aproximada de 115,2% até 16 de julho, ante 93,9% de variação acumulada do CDI no mesmo período.

SUZANO informou que irá resgatar todo o saldo (US$ 352,793 milhões) do montante principal das notes de 5,250% com vencimento em 2024, por meio da subsidiária Fibria Overseas Finance (FOF); títulos foram emitidos em 2014.

ENJOEI informou que os fundos de investimentos geridos pelo Morgan Stanley atingiram participação de 5,2% das ações ordinárias emitidas pela companhia.