Demissão tem sido saída para hospitais absorverem custos com piso da enfermagem

A demissão tem sido a solução para pequenos e médios hospitais absorverem o custo provocado pelo piso nacional de enfermagem, sancionado no último dia 5 pelo presidente. Segundo o presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Adelvânio Francisco Morato, a estimativa é de que haja redução de 30% do quadro de enfermagem nos hospitais com até 100 leitos. Atualmente o país registra mais de 2,4 milhões de profissionais de enfermagem. Ele explica que as unidades de menor porte não têm recursos para absorver o custo imposto pela lei que estabeleceu o piso. O salário de R$ 4.750 proposto para enfermeiros, por exemplo, representa um aumento na média salarial que varia dependendo do estado, podendo chegar a mais de 120%.

Segundo estimativas, o piso vai provocar um aumento total de despesas por ano da ordem de R$ 18,4 bilhões, sendo R$ 6,3 bilhões para o setor público, R$ 6,2 bilhões para entidades sem fins lucrativos e R$ 5,8 bilhões para entidades com fins lucrativos. “Para que os hospitais não fechem, a única alternativa é o desligamento de parte do quadro de enfermagem, pois é impagável o custo da folha de pagamento com o piso nacional”, lamenta Morato.

O presidente da FBH relembra que o setor hospitalar vem de uma crise provocada pela soma da queda de atendimento na pandemia e a superinflação no preço de insumos. “Desde o ano passado, tem se registrado o fechamento de hospitais que não conseguiram se recuperar”, relata Morato, citando como exemplo o Hospital Samaritano, em João Pessoa, que encerrou as atividades recentemente. Uma unidade que funcionava desde 1971.

Ele ainda ressalta que, apesar da necessidade, as demissões têm efeito negativo para os estabelecimentos, pois reduzem a capacidade de atendimento e prejudicam a qualidade da assistência prestada. Nessa equação entre mais custos e recursos limitados, quem vai pagar a conta final é a população, que vai ficar desassistida, seja devido ao fechamento de hospitais privados ou a queda na capacidade de atendimento. “A pergunta que fica é se o SUS vai ter estrutura para absorver essa demanda”, indaga o presidente da FBH. (Foto: ClickPB)