Educação corporativa pode se tornar um novo nicho de negócios para as empresas

Empresa de marketing digital, a Like Marketing começou com treinamentos desenvolvidos para seus contratados. Hoje, disponibiliza tais conteúdos para outros empreendedores

 

Na atualidade, as empresas vêm sentindo cada vez mais a necessidade de capacitar seus colaboradores para que eles consigam desempenhar de maneira eficiente as atividades necessárias para o sucesso do empreendimento. Com o intuito de contornar o gap do ensino promovido pelas universidades, na maioria das vezes pouco voltado à prática, as corporações investem em educação corporativa, criam treinamentos e cursos, que, em algumas ocasiões, transbordam seu objetivo inicial, tornando-se um segmento de seus negócios.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Like Marketing, empresa do segmento de marketing digital, que tem como fundadora e proprietária a especialista em mídias sociais e produtora de conteúdo Rejane Toigo. “A Like Marketing só conseguiu se desenvolver no momento em que criou treinamentos para uso interno com o objetivo de capacitar os novos funcionários”, afirma a especialista em mídias sociais.

Rejane conta que, num primeiro momento, os vídeos gravados para treinar os novos colaboradores começaram a ser disponibilizados para empresas que buscavam os serviços da Like Marketing, mas que não tinha condições de grandes investimentos. Posteriormente, relata a produtora de conteúdo, a Like Marketing expandiu seus negócios e começou a produzir e vender treinamentos, tornando-se uma empresa-escola.

Para a fundadora da Like Marketing, além de ser bom para os negócios e propiciar colaboradores mais qualificados, a escolha da empresa em formar ou desenvolver profissionais também é importante porque qualifica o mercado onde atua. “Hoje, eu acredito que toda a empresa precisa ensinar o mercado. Quando se faz isso, eleva-se o nível de excelência deste mercado, da concorrência e de tudo que está ao redor, inclusive de quem consome seus produtos,”, diz.

A Like Marketing, destaca Rejane, tem sua própria experiência de sucesso no que se refere ao desenvolvimento do mercado através de seus cursos e treinamentos. A especialista em mídias sociais relata que a maioria de seus alunos da formação de social media – o primeiro curso profissionalizante desenvolvido pela empresa para uso interno – tornou-se empreendedor do mercado de marketing de conteúdo, muitos deles abrindo a própria agência.

Desafios relacionados à educação corporativa

São inúmeros os desafios que as empresas enfrentam quando decidem implementar uma estratégia de educação corporativa. Mas o principal deles, para Rejane, é transformar os colaboradores em educadores. “Além de capacitar seus funcionários para que realizem suas funções, uma empresa-escola precisa ser competente em torná-los líderes capazes de treinar outras pessoas, fazendo, inclusive, com que esses colaboradores se tornem ensinantes digitais, responsáveis por ensinar o mercado sobre aquilo que desenvolvem dentro da empresa”, explica.

Para ajudar nessa tarefa, a Like Marketing, explica sua fundadora e proprietária, tem alguns axiomas, conjunto de princípios que regem o comportamento de seus colaboradores e colocam em prática a missão, a visão e os valores da empresa. “O principal deles é que a pessoa a ser contratada pela companhia entenda que ensinar o que ela sabe faz parte do aprendizado dela”, diz. Até porque, destaca a produtora de conteúdo, a Like Marketing produz conhecimento a partir do conhecimento das empresas para quem presta serviço. “Dessa forma, gostar de disseminar o conhecimento tem que ser uma característica fundamental de um profissional que pretenda trabalhar na empresa”, afirma.

Além de ensiná-los a serem líderes capazes de ensinar o mercado, as empresas-escolas devem desenvolver em seus colaboradores outras competências e habilidades para que sejam bem-sucedidos nesta nova era da educação corporativa. De acordo com Rejane, a habilidade de comunicação, a didática e a empatia (competência importante para quem pretende desenvolver pessoas), são as principais soft skills que uma empresa precisa ter para que consiga de fato implantar a educação corporativa e fazer com que ela se torne um novo segmento de negócio para a companhia.

Tendências e inovações

Entre as principais tendências de futuro que prometem transformar drasticamente o cenário da educação corporativa no Brasil e no mundo está a inteligência artificial e o aprendizado da máquina, afirma Rejane. “Essas tecnologias vão ajudar a globalizar a educação, permitindo que os alunos assistam a um curso online no idioma que quiserem a partir de alterações na mecânica labial e tradução de voz”, explica. Mas o mais importante, segundo a especialista em mídias sociais, será o papel desempenhado pela IA na organização didática dos conteúdos. “Por meio dessa tecnologia será possível criar métodos de ensino muito melhores”, diz.

Além de uma maior aplicação da IA, a fundadora da Like Marketing afirma que, no futuro, cada vez mais os conhecimentos produzidos terão uma aplicação prática propiciada por ferramentas. “Trata-se de uma grande tendência de todos os mercados: ao professor ou ensinante não caberá apenas construir aulas e passar os ensinamentos, mas sim fornecer ferramentas para que o aluno consiga aplicar o que aprendeu”, diz a especialista em mídias sociais, dando como exemplo uma disciplina universitária. “Esta não será somente uma área de estudo, mas um aplicativo que auxiliará o aluno na execução de seus aprendizados”, destaca.

Dicas para iniciar processo interno de treinamento

Às empresas que almejam se dedicar ao segmento de educação corporativa, mas não sabem por onde começar, Rejane dá algumas sugestões. “Minha melhor dica é: transforme em processo o método de treinamento da sua equipe e depois transforme esse processo de treinamento em um método de ensino voltado para o público externo”, diz. Dessa forma, explica a fundadora da Like Marketing, a empresa capacitará o mercado e futuramente colherá os frutos dessa capacitação ao fazer um processo de seleção e ter à sua disposição candidatos mais bem qualificados e alinhados com a política e os processos da empresa.

Além disso, ressalta a especialista em mídias sociais, é imprescindível para um processo interno de treinamento bem-sucedido que as empresas disseminem a cultura de aprendizado entre seus colaboradores. Segundo Rejane, a melhor maneira de fazer isto é oferecer um plano de carreira, não somente focado em resultados ou metas, mas, principalmente, na curva de aplicação desse aprendizado, ou seja, naquilo que o colaborador consegue aplicar do que aprendeu.