Aluguel de carros elétricos: consumidor deve testar antes de comprar

Com vendas que correspondem a aproximadamente 1% do mercado nacional, os carros elétricos ainda geram dúvidas no consumidor brasileiro. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) demonstram que o volume comercializado no ano passado, de 19.310 unidades, mais do que o dobrou na comparação com 2022, quando 8.458 veículos foram negociados no mercado doméstico. A novidade já começa a adentrar ao mercado das locadoras de veículos, que podem ser grandes aliadas aos interessados mais receosos.

O CEO Auto Avaliar, J.R. Caporal, afirma que primeiramente é preciso desmistificar algumas informações sobre o carro elétrico. Uma delas é sobre a duração do sistema de baterias, feito para durar até 25 anos, mas que atinge cerca de 85% da capacidade total um pouco antes deste tempo. “O desgaste da bateria varia conforme a cidade. Se tem muita subida e descida, a propensão é de o consumo de energia ser maior e a vida útil menor. Se carregar sempre em um carregador rápido a possibilidade é de redução da durabilidade. No elétrico, a bateria tem um peso importante na hora de avaliar”, afirma.

A importância da durabilidade da bateria fez a plataforma Auto Avaliar, por exemplo, lançar um sistema que ajuda a classificar a situação deste item. “Com tecnologia baseada em Inteligência Artificial, o sistema capta a imagem do painel do carro usado e consegue passar para o avaliador, com exatidão, qual é a vida útil daquela bateria”, explica Caporal, também um dos idealizadores da solução.

Outro ponto que diferencia o veículo elétrico do tradicional é a durabilidade do motor que, segundo o executivo, demora mais para necessitar de manutenção do que o automóvel em si. “Já vi casos de carros elétricos que rodaram 400 mil quilômetros sem necessidade de trocar as pastilhas de freios. Neste quesito, observamos uma vantagem importante destes modelos”, diz. Bruno Leite, diretor-executivo da Carflip Locadora, empresa de locação de veículos seminovos do Grupo Auto Avaliar, concorda com as análises e complementa dizendo: “Para diversos tipos de utilização, seja particular ou profissional, o carro elétrico pode ser uma opção muito viável, principalmente sob o ponto de vista de custos de se ter e manter um veículo”.

Fica claro contudo que os consumidores ainda têm algumas ressalvas e dúvidas com relação a compra de um veículo 100% elétrico. E na opinião do Bruno a locação dos veículos elétricos é uma excelente alternativa para esses consumidores. “Um dos principais fatores de “receio” dos clientes propensos a adquirir um veículo 100% elétrico é a depreciação depois um, dois ou três anos de uso. Na locação a venda do carro no final do ciclo de contrato é um ‘problema’ da locadora. Outro ponto é que as revisões, documentação etc  que já estão inclusos no valor da locação mensal que o cliente paga”, explica.

Quando se trata da locação de um veículo elétrico usado, as vantagens podem ser ainda maiores: o carro elétrico usado já experimentou o primeiro ciclo de depreciação e tem sido adquirido por condições de preço bem interessantes o que reflete no valor final de locação para os clientes. ACarflip possui planos a partir de 12 meses para uso particular, e de seis meses para motoristas de aplicativo o que permite aos clientes viver a experiência do elétrico de maneira mais barata e sem dores de cabeça já que toda gestão do uso do veículo é por conta da locadora.

Segundo o executivo, os planos a partir de 12 meses contam com cashback de 25% sob os valores de locação que forem pagos ao longo do contrato caso o cliente decida comprar o veículo ao final do período contratado. “Além de economizar com a locação ele tem a possibilidade de receber parte do que pagou de volta na compra do veículo se considerar que a experiência com o veículo elétrico foi positiva” diz Leite.

Vale lembrar que, atualmente, há três tipos principais de carros elétricos: Modelo híbrido (HEV) – que possui dois motores, um movido a eletricidade e outro à combustão, permitindo o abastecimento com os combustíveis convencionais; Híbrido plug-in (PHEV) – também com dois motores, mas munido de um cabo de recarga que permite a utilização da rede elétrica; e o modelo 100% elétrico (BEV).

Considerando o cenário brasileiro, J. R. Caporal acredita que, a princípio, o modelo híbrido mais simples terá maior demanda. “Além da relação custo-benefício, os veículos HEV são alternativas mais flexíveis para a grande maioria dos consumidores, ainda pouco familiarizados com o funcionamento dos elétricos. No Brasil, há o costume de “usar o carro para tudo”. É uma questão de adaptação. Para longas viagens, por exemplo, um modelo totalmente elétrico pode pegar os condutores desprevenidos”.