Foto: Akil Mazumder / Pexels

Setor de seguros se adapta à crise climática

Empresas do ramo enfrentam desafios frente aos fenômenos extremos, que são cada vez mais frequentes em todo o mundo

Sabemi

O ano de 2024 foi o ano mais quente já registrado, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O aumento da temperatura média global tem gerado efeitos que podem ser percebidos em várias regiões do mundo. As catástrofes climáticas, cada vez mais graves e comuns, são uma de suas consequências.

Ondas de calor, secas prolongadas, incêndios florestais, chuvas acima do nível habitual, enchentes, deslizamentos de terra, vendavais, tempestades, furacões são alguns exemplos de fenômenos que no passado eram raros. Hoje, o intervalo entre um evento e outro é menor, eles tomam conta de noticiários com frequência e causam preocupação constante.

A crise climática gera impactos severos na qualidade de vida das pessoas, além de causar perdas materiais consideráveis. Nesse cenário, o setor de seguros precisou se reinventar e realizar adaptações para continuar suas operações, dado o risco e demanda crescentes.

Quais são os segmentos mais afetados?

O desequilíbrio ambiental gera efeitos em larga escala e não é restrito a apenas um segmento ou local.

Os produtores rurais, por terem atividades extremamente sensíveis às mudanças do clima, estão entre os maiores acionadores de seguros. Em caso de perda de safra, o agricultor está amparado com recursos financeiros que cobrem seu prejuízo e podem ser aplicados em operações que facilitam a sua recuperação (como a preparação do solo, plantação de novos produtos, entre outros).

No Brasil, o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) do Governo Federal passou de R$ 1,7 bilhão em 2021 para R$ 9,4 bilhões em 2023.

Outro segmento bastante afetado é o habitacional. Milhares de pessoas ficam desabrigadas por conta de danos às estruturas das residências, como desmoronamentos, destelhamentos e alagamentos.

De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), dos R$12,2 bilhões em prejuízos materiais no Rio Grande do Sul na última crise, em maio de 2024, os danos do setor habitacional corresponderam a cerca de R$ 4,7 bilhões.

Como as seguradoras calculam os prêmios e indenizações?

O cálculo do prêmio, valor pago mensalmente pelos segurados (as pessoas que contratam um seguro), é uma equação complexa que deve levar em consideração uma série de variáveis.

Os dados mais relevantes para serem analisados são o tipo de bem segurado, o perfil da pessoa que está contratando o seguro, seu histórico com seguros, a localização do bem, a frequência que eventos podem acontecer, entre outras características.

Cada região possui suas próprias particularidades, o que impacta diretamente nos valores praticados pelas seguradoras. No Rio Grande do Sul, por exemplo, dado o seu histórico com enchentes, o risco e o custo de operação é mais elevado, tornando as coberturas de danos estruturais mais caras.

Já a indenização paga ao cliente em caso de sinistros (eventos cobertos pelo contrato) está relacionada aos acordos estabelecidos no contrato (apólice). Portanto, é importante avaliar bem as opções de coberturas, comparar vantagens entre seguradoras e conhecer os bens assegurados para que o plano contratado seja compatível com o patrimônio.

Como as seguradoras têm se adaptado?

Além de analisar o cálculo dos riscos e dos custos de operação ou criar novos tipos de coberturas, as seguradoras têm realizado investimentos em tecnologias que aliam dados meteorológicos e cálculos de previsão.

Isso permite acompanhar, de forma mais eficaz, a probabilidade de acontecimento de eventos extremos e a preparar-se para eles, disparando comunicados e alertas aos clientes sobre os riscos, medidas para proteger os bens e mobilizar recursos para que o atendimento não seja prejudicado sob o aumento da demanda durante e após catástrofes.

A capacidade de adaptação do setor dos seguros às mudanças climáticas é capaz de promover maior sustentabilidade econômica, já que em um momento de mudanças no planeta, as companhias procuram mitigar impactos ambientais, econômicos e sociais.