Euler Hermes rebaixa a classificação de risco de 18 países e 126 setores

Análise avalia o risco de uma recessão prolongada e onda de falências causadas pelo surto de Covid-19

Sabemi

Nesta segunda-feira (30), economistas da Euler Hermes divulgaram um novo documento analisando o risco país e setores da economia por conta da pandemia do Covid-19.

De acordo com a análise, com a interrupção de cadeias de suprimentos e operações comerciais em empresas de todo o mundo, a confiança das famílias e do mercado está sendo afetada, limitando severamente comércio internacional.

Segundo a Euler Hermes, o crescimento econômico global em 2020 registrará uma forte desaceleração, atingindo apenas +0,5% (+2,5% em 2019). Paralelamente, o comércio internacional contrairá este ano em -4,5%. Como resultado, o risco de não pagamento aumentará significativamente, por isso espera-se que as insolvências aumentem em +14% em 2020. Nesse cenário internacional fraco, vários países e setores serão duramente atingidos.

Riscos-país

Todos os trimestres, a Euler Hermes publica suas classificações de risco-país e risco setor para medir e acompanhar o desenvolvimento de risco de não pagamento sobre o contas a receber.

As inadimplências na Argentina e no Líbano nestes últimos meses confirmam a necessidade do modelo de risco-país para medir as vulnerabilidades que uma crise, como o surto de Covid-19, pode expor.

No primeiro trimestre de 2020, a classificação foi reduzida de 18 países: Equador, Tailândia, Indonésia, Índia, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Marrocos, Quênia, Gana, Maurício, República Tcheca, Polônia, Romênia, Irlanda, Eslováquia e Lituânia. Esta lista inclui economias desenvolvidas e em desenvolvimento.

Por exemplo, o Brasil está pagando caro nesta crise econômica e de saúde global, apesar das esperanças iniciais de que reformas dinâmicas acelerariam o crescimento. Da mesma forma, o Japão, que já era frágil no início de 2020 após vários choques no outono passado, agora vê suas fraquezas pioradas com a pandemia de Covid-19.

A Índia também está na lista: o país já estava enfrentando inúmeros desafios estruturais e cíclicos, e estes agora estão sendo amplificados pela situação atual.

“As consequências visíveis e potenciais da pandemia do Covid-19 estão integradas à nossa análise de risco-país. Ainda estamos prestando atenção à situação de outros países desenvolvidos, notadamente a França, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. Esses países têm os meios necessários para proteger suas empresas, mas sua situação pode se tornar rapidamente mais complicada caso suas medidas de isolamento e o congelamento de suas economias dure mais tempo”, alerta Ludovic Subran, economista-chefe de Euler Hermes.

Riscos por setor: rebaixamento recorde

Além disso, a Euler Hermes rebaixou 126 classificações de risco setor em diversos países, um novo nível histórico, nunca visto antes: o recorde anterior foi no primeiro trimestre de 2016, com um total de 70 setores com classificação de risco rebaixados.

É importante destacar que, em 60% dos casos, essas mudanças levaram o rating do setor a passar de “risco moderado” a “alto risco”. Esses dois sinais provam que a economia global e as empresas estão atravessando um período sem precedentes, extremamente complexo e incerto.

O setor automotivo é o mais severamente impactado. A Euler Hermes o rebaixou em 26 países, seguido pelo setor de transporte (rebaixado em 21 países), eletrônicos (14) e varejo (12).

Produtos farmacêuticos, software e tecnologia da informação são os dois setores mais resilientes. A partir de uma perspectiva regional, a Europa Ocidental sofre o maior número de rebaixamentos de classificação do setor, com 52 casos. Esta região é seguida pela Ásia-Pacífico (29) e Europa Central e Oriental (24).