Adesão à medida de distanciamento cai 20% em maio; economista sugere controle de entrada e saída entre os municípios da região
A taxa de isolamento social em Campinas, Sumaré, Paulínia, Hortolândia, Valinhos, Indaiatuba, Americana, Itatiba, Vinhedo e Santa Bárbara D’Oeste, cidades com população superior a 70 mil habitantes, caiu 20% ao longo do mês de maio, período em que os municípios tiveram aumento no número de contaminados pelo novo coronavírus. Até o dia 31 de maio, foram contabilizados 2.903 casos e 133 mortes nessas localidades, de acordo com estudo do Observatório PUC-Campinas. (Veja o estudo completo)
A possível relação entre a queda na adesão do distanciamento social e o crescimento expressivo de casos se manifesta em números: no início de maio, Campinas, município de maior incidência na região, apresentava taxa de isolamento de 54% e 372 ocorrências notificadas de Covid-19. No último dia do mês, a aderência à medida de afastamento terminou em 46%, enquanto o número de casos chegou a 1.753. Os dados nas demais cidades sugerem comportamento semelhante.
Embora Campinas esteja, em números absolutos, no topo da lista de casos notificados e mortes atreladas ao coronavírus, os municípios que possuem as maiores taxas são Paulínia, com 170,42 casos confirmados, e Indaiatuba, com 8,23 óbitos a cada 100 mil habitantes. A cidade de Itatiba, que obteve o menor percentual de adesão às medidas de isolamento ao término do período de análise, foi a única a apresentar uma trajetória crescente de casos em todas as semanas de maio.
O informativo, coordenado pelo economista Cristiano Monteiro (Foto/Divulgação), estabelece, ainda, uma relação entre fatores econômicos e sociais nos municípios da RMC. Para ele, deve-se considerar o fator geográfico e a proximidade entre as cidades, que tornam a dinâmica de infecção potencialmente perigosa. Em outras palavras, o vírus pode migrar facilmente de um município ao outro em razão das conexões de trabalho, saúde e educação existentes entre as cidades.
“O deslocamento diário de pessoas economicamente ativas entre Campinas, Paulínia, Valinhos, Vinhedo, Indaiatuba e Hortolândia, e também outras regiões com alto nível de desenvolvimento econômico e interação social, como se prova com as várias idas diárias para São Paulo, pode ser um fator dinâmico de casos de Covid-19”, avalia o professor extensionista.
O docente também lembra que a população idosa residente na RMC vem crescendo de maneira exponencial nos últimos anos, e que a mobilidade intermunicipal pode favorecer o crescimento de casos da covid-19 nesse grupo de risco. Para evitar o colapso do sistema público de saúde na região, ele defende a adoção de medidas de contenção.
“De imediato, julga-se necessárias ações do setor público, sobretudo na área de saúde pública, no sentido de maior controle das pessoas economicamente ativas que se deslocam diariamente para outras localidades. Em outras palavras, uma fiscalização de entrada e saída de pessoas nas cidades em pauta. Além disso, é importante o aprofundamento da leitura dos dados relativos à população contaminada, de modo que as lideranças promovam medidas eficazes de proteção à vida”, sugere Cristiano.