Confira a importância de contar com a tecnologia em ambiente de trabalho

Futurecom Digital Summit discute sobre tecnologias a serviço da Justiça na pós-pandemia

Primeiro dia do encontro on-line destaca questões como mobilidade, negócios locais, conectividade e interação social

Sabemi


O Futurecom Digital Summit teve início nesta segunda-feira. As atividades virtuais seguirão até o dia 2 de julho. O tema “O Mundo além da pandemia”, tem o objetivo de debater tudo o que envolve o ecossistema de tecnologia, que passou a dominar os dias atuais e faz parte dos preparativos que antecedem a 22ª edição do Futurecom, principal evento de tecnologia, telecomunicações e transformação digital da América Latina, que ocorrerá de 27 a 29 de outubro, no São Paulo Expo, em São Paulo.

Sob a batuta e organização da Informa Markets, o Digital Summit leva para seus debates a mesma qualidade dos conteúdos do encontro físico. São duas sessões diárias com acesso totalmente gratuito e veiculadas pelo site do Futurecom 2020.

Hermano Pinto, diretor de Infraestrutura & Tecnologia da Informa Markets abriu o primeiro dia abordando os conteúdos das trilhas FutureGOV e FutureJUD.

Na abertura, Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), trouxe um estudo da entidade em que debateu principais pontos na palestra “TIC Governo Eletrônico”. “A criticidade da Internet no Brasil é indiscutível, mas a boa notícia é que nesses tempos de pandemia a conectividade respondeu bem, não houve colapso. No entanto, precisamos entender a complexidade dessa conectividade em algumas regiões”, explica Getschko. O estudo aponta o total de órgãos públicos federais e estaduais com acesso à Internet, que têm 94% de conexão via fibra óptica. Big data tem sido uma das novas tecnologias mais utilizadas por esses órgãos públicos.

Digital Summit

O Digital Summit seguiu com o painel “Cidades Inteligentes na Pós-Pandemia: Estratégias Essenciais na Recuperação Econômica na Vida das Cidades”, que abordou temas como mobilidade, negócios locais, cidadãos conectados e interação social. O time de painelistas contou com a participação de Abraão Balbino, superintendente de Competição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); Cris Alessi, presidente do Fórum Inova Cidades; Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade da Mongeral Aegon; e Mauro Calliari, editor do Caminhadas Urbanas/O Estado de S. Paulo.

Transformação Digital

Cris Alessi destacou o importante papel da Transformação Digital, que é uma pauta constante para auxiliar na construção de cidades inteligentes, e como os setores público e privado, academia e sociedade podem contribuir para esse movimento. “A pandemia tem acelerado esse processo de transformação digital. Vimos a adesão de pessoas às compras digitais pela primeira vez e isso irá se manter. Vemos os negócios se transformando, os consumidores mudando seus hábitos e a tecnologia ganhando cada vez mais espaço. Isso só tende a evoluir e precisa permear os setores públicos. É fundamental ter infraestrutura para disponibilizar serviços e produtos digitais”, disse a presidente do Inova Cidades, destacando as implementações na mobilidade urbana em Curitiba (PR).
Revitalização do transporte público

Mauro Calliari, do Caminhadas Urbanas, reforçou a necessidade de revitalização do transporte público, do comércio local e da mobilidade ativa, com maior uso de bicicletas, por exemplo, com compartilhamento delas. “Mas a pandemia inverteu um pouco esse cenário. Hoje, seria preciso aplicar mais a tecnologia a serviço da gestão. No transporte público, a curto prazo, precisaria separar mais as pessoas, evitar aglomerações e não há sensores para isso”, alerta Calliari. Ao retomar à normalidade, o ideal seria melhorar a qualidade dos serviços, com a mobilidade integrando os meios de transporte, incluir métodos mais sustentáveis e reduzir a desigualdade social.

Índice de Desenvolvimento de Longevidade – IDL

Sobre os benefícios às pessoas da terceira idade, Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade da Mongeral Aegon, destacou a iniciativa do Índice de Desenvolvimento de Longevidade (IDL), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Trata-se de uma ferramenta que auxilia os gestores municipais de 800 cidades brasileiras a entenderem a posição da cidade no IDL e avaliar quais necessidades devem ser priorizadas para seus habitantes. “Precisamos estar preparados para receber esse público mais longevo e ativo”, defende Molina. Em relação ao momento que estamos vivendo, o presidente do Instituto de Longevidade destacou o processo de disrupção comportamental que a pandemia trouxe para todos”.

Transversalidade na Política Pública

O superintendente de Competição da Anatel, Abraão Balbino, ressaltou que a escalada da discussão caminha cada vez mais para a transversalidade na política pública e no desenvolvimento da transformação digital nas cidades. “Precisamos adotar estratégias e mecanismos para suprir as carências de infraestrutura, além de entender as dificuldades de acesso à Internet de alguns municípios”, avalia Balbino. A implementação das redes 5G tem um potencial de transformação digital, onde o 5G é um guarda-chuva que cria um ecossistema de habilitadores, com novos agentes no mercado, segundo o executivo da Anatel.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também mereceu especial atenção no debate das cidades inteligentes. “A privacidade de dados no ambiente digital é uma questão fundamental. Há um volume de dados cada vez maior. Há que se ter uma construção do processo conciliatório da privacidade com o direito e da privacidade com ativos econômicos e compreender como isso se comporta no mundo digital. Temos que exercer uma educação cidadã”, destaca Balbino.

Para finalizar, Cris Alessi diz que é preciso haver planejamento sobre as soluções sociais e econômicas na vida das cidades e que a inovação tem que ser exercida na prática e não ser apenas etérea.

Tecnologia a serviço da Justiça

O segundo bloco do Digital Summit deu início com a Ministra Maria Cristina Peduzzi, Presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT). Em sua apresentação sobre o tema “Tecnologia a serviço da Justiça”, a ministra fez reflexões do momento crítico com a pandemia. “Vivemos uma crise sanitária e econômica, com reflexos na política, no trabalho e no emprego. A sociedade tem um novo paradigma, uma outra forma de ver o mundo. São novas lentes que permitem enxergar a realidade que antes não era percebida”.

Essa mudança de paradigma tem alterado o mercado e o trabalho. É preciso prolongar a vida e garantir a economia com segurança. E isso atinge também o Poder Judiciário. A Presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) explanou como a Justiça do Trabalho tem utilizado as ferramentas digitais para manter o funcionamento de suas atividades jurídicas durante a pandemia, com sua atuação no atendimento à sociedade de forma remota e eficaz, trabalhando na resolução de conflitos por meio de audiências em sessões virtuais e telepresenciais por videoconferência, priorizando a estabilidade social e a segurança jurídica. O teletrabalho foi implementado a partir da reforma trabalhista de 2017 e está 98% informatizado e atendendo com êxito a grande maioria dos servidores remotos.

“A tecnologia tem se mostrado como a principal aliada no combate ao novo coronavírus, bem como tem se revelado um instrumento fundamental para garantir o trabalho e a renda”, ressaltou a Ministra Maria Cristina Peduzzi.

“Justiça 4.0 – A Importância da Adoção de Tecnologias na Continuidade da Prestação Jurisdicional”

O painel “Justiça 4.0 – A Importância da Adoção de Tecnologias na Continuidade da Prestação Jurisdicional” contou com a moderação de Ademir Piccoli, sócio-diretor da Piccoli Consultoria, na abordagem sobre os “Desafios da TI/conectividade nos Tribunais online; “Utilização de inteligência artificial para obtenção de propostas de solução por algoritmos”; “A segurança no acesso home office / criptografia autenticidade e integridade aos documentos digitais”; e “A mudança de cultura”. Participaram da discussão Fabio Correa Xavier, diretor do Departamento de Tecnologia da Informação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo; e Francisco Luciano Lima Rodrigues, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Fabio Correa Xavier destacou a importância do gerenciamento de informações, destacando a questão fundamental de se manter um processo eficiente de comunicação e armazenamento de dados. “A adoção da tecnologia nos trouxe uma redução de custo, além de atingirmos uma evolução no desenvolvimento em escala exponencial no Tribunal de contas do Estado de São Paulo, um trabalho proporcionado pela transformação digital”, endossa Fabio Correa Xavier.

O trabalho de TI no Tribunal de Contas passou por pilares importantes: a digitalização dos serviços públicos internos e externos, refletindo em uma agilidade para a sociedade em geral. Outro ponto considerado foi manter a informação com total integridade, tendo foco na coleta de dados e envio em tempo real. Um terceiro pilar foi a criação de painéis e mapas públicos (com amostragem de obras paradas e atrasadas, apontamento da dimensão da Covid-19, entre outros temas relevantes), mantendo assim um banco de dados confiáveis, além da democratização dessas informações, com inteligência analítica, tendo cruzamento de análise de dados e gerando evidências do sobre uso do dinheiro público.

“Neste momento da pandemia, mantivemos uma colaboração integrada, utilizando videoconferência, chats, fazendo troca de arquivos mesmo estando em home office, sem prejuízo para a atividade”, afirma o diretor do Departamento de Tecnologia da Informação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. “Identificamos que as pessoas executam o trabalho remoto de maneira mais eficiente. Estatísticas mostram que aumentou em 30 a 40% a produtividade desses trabalhadores, com pessoas mais felizes, sem enfrentar o tempo de deslocamento de trânsito”, pondera Xavier.

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo mostrou que tem capacidade de armazenamento, de processamento e de conexão, permitindo a todos atuar com mais efetividade, tendo a tecnologia como aliada, como um parceiro ativo e estratégico. A reestruturação da área de TI e a inserção de inovação permitiram trabalhar de forma aplicada.

Para Francisco Luciano Lima Rodrigues, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, houve avanços, no entanto, há pontos que precisam ser superados. “O Judiciário, historicamente, é um tanto refratário, fechado, mas tem avançado na resistência a novas mudanças. Sabemos que o acesso à Justiça ainda não é ideal, mas pode ser mais efetiva a partir do uso da tecnologia, como a Inteligência Artificial”, destacou o Desembargador.

Em 2010, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará fez a migração do modelo físico para o eletrônico, promovendo a automação do serviço judiciário naquele Estado. Entre as vantagens, destacam-se o aspecto da transparência, além do espaço físico para guardar uma quantidade enorme de processos. “Tivemos um tempo para a atividade-fim, com redução do custo da mão de obra, tendo um acervo todo digitalizado. Nosso maior desafio é como utilizar a IA para auxiliar na prestação jurisdicional”, afirma Francisco Luciano Lima Rodrigues. Para o desembargador do TJCE, a tecnologia é um meio e não um fim.

A pandemia trouxe mudanças estruturais, novidades como o trabalho remoto, mas também evidenciou uma certa exclusão digital. “Há pessoas que ainda não têm acesso aos meios digitais para falar com um juiz, para assistir a uma sessão. A inclusão digital tem que ser discutida. Para que a Transformação Digital seja completa, precisamos promover a democratização das tecnologias”, concluiu o desembargador do TJCE, Francisco Luciano Lima Rodrigues.