Bradesco BBI e Itaú BBA foram contratados e avaliarão alternativas para o cumprimento das normas de Provisões Técnicas da Susep, entre elas a capitalização da Companhia
O IRB Brasil RE apresentou nesta segunda-feira, 29 de junho, os resultados da Companhia referentes ao primeiro trimestre de 2020. O lucro registrado, bem como as demonstrações financeiras de 2019 foram revisadas. Estas últimas foram reapresentadas após uma análise liderada pela nova diretoria, empossada a partir da segunda quinzena de março de 2020, que demonstrou fatos e indícios de que uma série de registros contábeis conduzidos pela antiga gestão estavam efetivamente incorretos e demandavam ajustes.
Resultados
Os ajustes tiveram um efeito total no resultado de 2019 da Companhia de cerca de R$ 553,4 milhões, e de R$ 117,2 milhões em 2018. O efeito no patrimônio líquido do IRB Brasil RE foi de R$ 727,2 milhões em 2019 e R$ 369,1 milhões em 2018. Com isso, o lucro líquido do exercício, após a revisão, ficou em R$ 1,21 bilhão em 2019 (contra R$ 1,76 bilhão nas demonstrações anteriormente divulgadas) e R$ 1,10 bilhão em 2018 (contra R$ 1,21 bilhão anteriormente divulgado). Segundo a nota explicativa divulgada nas demonstrações revisadas, os principais motivos para as alterações foram o registro em competências inadequadas de determinados sinistros, a ausência de registro da provisão para um número de outros sinistros e provisão subestimada para um grande número de casos, dentre outros ajustes detalhados nas Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras.
“Revisar demonstrações financeiras já apresentadas nunca é desejável. Porém, isto foi necessário frente ao que foi encontrado e ao nosso compromisso de apresentar ao mercado um quadro completo e verdadeiro sobre a Companhia”, diz Werner Suffert, vice-presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores.
As apurações contaram com especialistas de empresas renomadas e procedimentos internos de auditoria e compliance, que levaram aos ajustes e também identificaram os Diretores e demais colaboradores responsáveis pelos registros realizados de forma inadequada. Em breve, o IRB Brasil RE apresentará essas conclusões à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Superintendência de Seguros Privados (Susep), e analisará o oferecimento de denúncia às autoridades competentes sobre os fatos e indícios apurados, visando as devidas investigações. Na semana passada, o IRB Brasil RE já havia apresentado a esses órgãos, bem como ao Ministério Público Federal (MPF), as conclusões relativas à investigação independente sobre a divulgação intencional de informações falsas ao mercado e apurações internas sobre pagamentos realizados de forma indevida.
Resultados trimestrais
Em números consolidados, o IRB Brasil RE registrou lucro líquido de R$ 13,87 milhões com as operações de resseguro e retrocessão no primeiro trimestre de 2020 – o resultado ajustado do mesmo período de 2019 foi de R$ 177,89 milhões. Já o prêmio emitido do ressegurador nestes três primeiros meses foi de R$ 1,996 bilhão, um crescimento de 13% em relação ao trimestre do ano anterior.
Em prêmios ganhos, o IRB obteve R$ 1,499 bilhão no período, contra R$ 1,241 bilhão entre janeiro e março de 2019. Já com referência ao pagamento de sinistros, a companhia desembolsou, em indenizações, o montante de R$ 1,147 bilhão no trimestre, montante superior aos R$ 959 milhões gastos no mesmo intervalo do ano passado. Já o patrimônio líquido do IRB, calculado em R$ R$ 3,94 bilhões no último trimestre do ano passado, recuou para R$ 3,56 bilhões em março deste ano.
“A revisão dos números e os resultados do primeiro trimestre mostram uma Empresa sólida, mas que ainda necessita de ajustes na sua estrutura de atuação geográfica, linhas e tipos de negócios de forma a adequá-la ao perfil de ressegurador de classe mundial, com foco em seus clientes e resultados consistente e sustentáveis” diz o presidente do Conselho de Administração e atual diretor-presidente, Antonio Cassio dos Santos. “Definitivamente, creio que tais focos constituem a única forma para a recuperação da confiança de nossos públicos alvos: clientes, acionistas, colaboradores, reguladores e parceiros de negócios.”
Capitalização
Além disso, a Companhia informou também que o Conselho de Administração aprovou a contratação de dois bancos – o Bradesco BBI e o Itaú BBA – para avaliar alternativas visando uma solução técnica para o cumprimento das regras da Susep (Resolução CNSP 321/2015) quanto ao volume de ativos garantidores para a cobertura de Provisões Técnicas e de liquidez regulatória.
Essas alternativas incluem um potencial aumento de capital da Companhia, o que permitiria o reenquadramento imediato da Companhia aos critérios definidos pela Susep. Além disso, uma capitalização, se efetivada, fortaleceria a estrutura de capital do IRB Brasil RE, bem como a melhoraria sua posição de caixa.
“A capitalização, ainda em estudo, é parte da solução para a Companhia, no sentido de que a fortalece perante os necessários enquadramentos regulatórios e melhora ainda mais os níveis já elevados de solvência, gerando mais valor para os nossos stakeholders”, finaliza Antonio Cassio.