Pandemia de covid-19 mudou hábitos e acelerou o avanço da tecnologia nas empresas
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19), e as consequentes medidas de restrição de como conter a doença, fizeram emergir um novo ciclo de mudanças no cotidiano. Por exemplo, o trabalho remoto que já está incorporado na vida de boa parte da população. Do ponto de vista da mobilidade urbana, provocou a diminuição da quilometragem percorrida dos veículos e as despesas com o deslocamento.
“A previsão é que, no futuro, muitas pessoas mudarão para um modal que reduza risco de infecção, mas isso dependerá muito de seus hábitos”, diz Fabio Acorci, diretor comercial corporate da Ituran Brasil. “Quem possui veículo próprio, até por uma necessidade de caixa, talvez transforme este ativo em despesa – locando um veículo e até irá usá-lo com maior frequência; no lugar do transporte público. Já os que puderem andar de bicicleta, patinete ou mesmo a pé – recorrerão a esse recurso no atual mundo em que os especialistas classificam de ‘novo normal”, continua.
Os impactos da Covid-19, por determinação, paralisaram Detrans, fábricas diminuíram suas produções e feirões foram cancelados para evitar aglomerações – e tudo isso trouxe uma nova dinâmica no mercado nacional. A comercialização de carros novos e usados chegou, em um primeiro momento, a cair até 90%. “Uma tendência possível é que frotistas, que hoje possuem veículos próprios, até por uma necessidade de gerar caixa, busquem a terceirização: vendam seus ativos e os transforme em despesa corrente”, pondera Acorci.
“A capacidade de projetar o futuro, nesse contexto, é um aliado imprescindível nessa curva de aprendizado. Projetamos o futuro e a mobilidade por meio da tecnologia, mais que isso, estamos à frente entendendo tendências e criando soluções. O Big Data (a análise e a interpretação de grandes volumes de dados), além de aliado, mudou o conceito do negócio e da relação com o público”, destaca.
A tecnologia permite definir, por exemplo, semana após semana, a utilização real do veículo, além de alertas de colisão em caso de acidente, de excesso de velocidade entre outras funções. “Essa mudança reduz os custos para os consumidores e aumenta a segurança dos condutores, além de proporcionar auxílio em casos de emergência: em um mundo onde custos se tornaram uma variável importante. Outro desafio das empresas do setor é a necessidade de se manter atualizado com as modernas tecnologias de comunicação de dados – que também será um vetor de diferencial competitivo”, analisa o executivo da Ituran Brasil.
O futuro da telemetria estará voltada para a segurança do meio ambiente. A novidade transita pelo uso de sofisticados algoritmos de grande complexidade, responsáveis pelas análises da relação entre motor, combustível e lubrificantes, com ênfase na redução de poluentes (controle de CO₂) e do consumo, sempre valorizando o desempenho dos carros.
“Outro ponto de convergência é a integração com soluções para a calibração de câmeras de vídeo para veículos. Por exemplo: o sistema ADAS (Advanced Driver Assistance Systems) que escaneia a rota durante o percurso, calcula a distância e a velocidade dos veículos à frente e atrás, emitindo alertas de segurança para o condutor. Um grande aliado tanto nas estradas quanto nas manobras dentro da garagem”, lembra Acorci.
As empresas ainda estão entendendo a importância da telemetria no dia a dia das frotas. Algumas já entenderam a necessidade deste sistema de monitoramento para a segurança dos seus funcionários e também como mecanismo para prevenção de acidentes ou de mau uso dos veículos. “Acho que nenhuma empresa gosta de ver veículos carregando seu logotipo envolvidos em acidentes. Falo isto tanto do aspecto da marca em si quanto do fator humano, da pessoa que está conduzindo o carro eventualmente se machucar”, diz.
A instalação de um sistema de telemetria nos veículos pode, inclusive, ajudar a reduzir custos. “A telemetria ajuda a inibir o mau uso dos veículos da empresa – aqui falo sobre excesso de velocidade, direção perigosa e colisões, por exemplo – sem falar na redução do consumo de combustível. Algumas empresas tiveram redução de cerca de R$ 40 mil no gasto mensal com diesel”, explica.
“De acordo com a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSEG), no Brasil, cerca de 70% dos carros não têm seguro. “É um comportamento bastante diferente do que acontece na Argentina, por exemplo, onde as pessoas não saem com o carro da garagem se não tiver seguro, assim como em Israel, país-sede da Ituran. Nestes países, os governos estimulam que os veículos sejam monitorados como forma de evitar o ‘diz-que-me-disse’ em caso de acidente”, compara Acorci.
Acorci falou também sobre o custo da operação, em inglês TCO (Total Cost of Ownership), que pode ser empregado para aferir uma estimativa dos custos diretos e indiretos na gestão de frotas, como seu uso e manutenção. Na hora de contratar o serviço de telemetria é muito importante considerar o software e o hardware que será instalado no veículo pois, a empresa contratada precisa ter capilaridade e condições de instalar em várias localidades e prestar as devidas manutenções. “Quem é que nunca teve que chamar um técnico para consertar a TV a cabo? exemplifica Acorci” Por isso, devemos considerar todos os aspectos que vão muito além do custo da mensalidade do serviço”. “TCO é extremamente relevante para saber o custo real de uma operação, uma vez que analisa a cadeia como um todo. É uma métrica importante de planejamento e gestão”, pondera.
Para ele, em tempo de pandemia o mundo real se vê cada vez mais conectado com o mundo virtual e, nesse aspecto, o uso da tecnologia com criatividade revela-se estratégica. “Haverá uma mudança substancial e, todos nós, faremos parte dela: os que projetam soluções e o que usarão neste novo futuro como forma de segurança e integridade”, finaliza Acorci.