Pix e Open Banking, assim como a chegada do 5G, exigem cuidado redobrado, mas tecnologia de segurança também pode ser aliada na proteção
Nunca o usuário – elo mais fraco da tríade da tecnologia formada por dispositivos, sistemas e pessoas – esteve tão vulnerável aos ataques virtuais não só mais sofisticados, como também mais agressivos e em maior volume, já que a pandemia obrigou boa parte da vida a migrar para o mundo digital. As facilidades trazidas pelo novo meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, o PIX e pelo Open Banking, também devem trazer consigo novos tipos de fraudes e aumentar ainda mais os riscos.
Dados da Apura Cybersecurity Intelligence, empresa especializada em segurança digital, apontam alta de quase 400% nas ameaças eletrônicas no ano passado, na comparação com 2019. Em 2020, foram contabilizados vazamentos de 958 mil CPFs, 592 mil cartões internacionais, 262 mil cartões nacionais e 220 milhões de credenciais de acesso, como senhas. Como ameaça, a empresa considera todos os indícios de crimes detectados por seus sistemas que vasculham a internet como um todo, de redes sociais à “deep web”. Ao todo, foram 272 milhões de ameaças apontadas, segundo a Apura Cybersecurity Intelligence.
De acordo com o especialista Victor Hugo Pereira Gonçalves, presidente da SIGILO, 2021 será ainda mais arriscado, pois as ameaças se espalharão para os demais dispositivos conectados à internet como Smart TVs, automóveis, sistemas inteligentes, entre outros que surgirão com o advento do 5G. “É muito importante tomar alguns cuidados básicos, como não deixar o celular desprotegido, não cadastrar a mesma chave em bancos diferentes e estar atento a qualquer contato de estranhos”, diz.
Para ajudar os usuários, a ONG planeja o lançamento de um canal digital para reclamações, aos moldes do que faz Procon, só para as causas digitais. “Trabalhamos para que o processo seja ágil e esteja pronto o mais rápido possível”, diz. Por hora é possível realizar denúncias por meio do email [email protected].
Segundo Felipe Ferraz, head de computação em nuvem do Centro de Estudos em Sistemas Avançados do Recife (CESAR), na era PIX, continuam frequentes os crimes pelo Whatsapp mas com golpes muitos mais sofisticados. Como de praxe, os criminosos sequestram as contas do aplicativo para pedir dinheiro aos contatos na lista. “O problema é que como o novo sistema faz as transferências em tempo real a qualquer dia e horário, a vítima praticamente não tem tempo para perceber que foi enganada e pedir o cancelamento da operação”, diz.
Tecnologia também trabalha a favor
Soluções como as criadas pela CredDefense, uma das maiores plataformas de biometria facial do Brasil, tem ajudado a combater o avanço da criminalidade online. Uma delas é a prova de vida que consegue detectar se as imagens apresentadas diante dos sistemas de autenticação das empresas são de pessoas reais ou apenas fotografias.
O CEO da CredDefense, José Luis Volpini, explica que a prova de vida é um procedimento aplicado em um estágio anterior à comparação entre a imagem apresentada na autenticação e sua versão correspondente registrada na originação de um cadastro, guardada no banco de dados das empresas.
“Para isso, são observadas sutilezas como iluminação, profundidade e movimentos de uma forma que permite detectar até mesmo se o fraudador estiver tentando utilizar um vídeo para simular movimento.
Outra forma de detecção de possíveis fraudes é a exigência de desafios por parte de quem está se autenticando. “O sistema pede que a pessoa mude o rosto de direção, pisque os olhos ou faça movimentos com a boca”, explica.
Inteligência Artificial cada vez mais presente
Não é de hoje que as fraudes online tiram o sono dos gestores do sistema financeiro. Na mesma proporção que cresce o uso de canais digitais para fazer compras e efetuar pagamentos, aumenta o volume de golpes e fraudes. Por isso, é preciso refinar cada vez mais as análises preditivas e a Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente no cotidiano das empresas.
Essa preocupação foi detectada na Kronoos, legaltech que cresceu 40% no último ano na esteira do aumento de fraudes. “Temos registrado um aumento exponencial da procura por nossos serviços”, afirma, Alexandre Pegoraro, CEO da Kronoos.
Baseado em tecnologias de ponta para mineração de dados e crawling, a plataforma desenvolvida pela startup consegue apontar com precisão o envolvimento de determinada pessoa ou empresa, seus sócios ou familiares, em casos de fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.