Publicação destaca que o ritmo de vacinação e o agravamento da pandemia no País ampliam incertezas
O Brasil usou força máxima no primeiro round da luta contra a Covid-19 no ano passado, e os estímulos governamentais suavizaram a queda do PIB (em vez de 10% esperados, caiu 4,1%). Foi surpreendido, porém, com a resistência da pandemia e, agora, perde o fôlego para reagir, já que a conta dos estímulos de 2020 começa a chegar, sem que haja espaço fiscal para a continuidade da ajuda adequada a empresas e famílias. Esses dois retratos são destacados na seção dedicada à economia brasileira da nova edição da Conjuntura CNseg (nº42), publicação da Confederação Nacional das Seguradoras- CNseg.
A Conjuntura assinala que uma contração econômica mais severa nos meses iniciais do ano tem relação direta com as dificuldades de endereçar soluções mais efetivas à crise sanitária. O ritmo de vacinação aquém do desejado, em meio ao agravamento da pandemia no País, amplia as incertezas, não só sanitárias, mas também fiscais e políticas.
As incertezas sanitária, fiscal e política dominam o cenário econômico nacional. “É preciso dar passos na direção de mitigá-las se quisermos ter boas notícias nos próximos meses. Restaurar a credibilidade do arcabouço fiscal com o cumprimento do teto de gastos e comprometimento da agenda de reformas é importante, assim como trabalhar por uma política sanitária racional contra a Covid-19, com menos confrontos entre as diferentes esferas de governo”, recomenda a análise da CNseg. “Caminhos alternativos a esses podem retardar a recuperação da economia, manter o câmbio pressionado e impulsionar a inflação, levando a aumentos mais fortes da taxa de juros”, acrescenta a publicação.
Apesar do cenário de incertezas, o desempenho do setor segurador foi positivo em fevereiro, constata a seção da Conjuntura destinada à análise setorial. A demanda cresceu 5,5% no comparativo entre os meses de fevereiro de 2020 e 2021, produzindo uma movimentação de mais de R$ 22 bilhões em prêmios e contribuições à previdência e à capitalização (sem Saúde e Dpvat). Na média de 12 meses móveis, o setor teve expansão de 0,1%, mantendo a sequência de desaceleração iniciada desde março do ano passado, quando da decretação da pandemia.
Os números dos seguros para bens ou danos causados a terceiros mantiveram o protagonismo em fevereiro, com prêmios de R$ 6,3 bilhões, 14,9% acima do mesmo mês de 2020. Em 12 meses móveis, a evolução foi de 7,2% até fevereiro (ante 6,4% até janeiro).
Em destaque, a reação ocorrida nas vendas do seguro Automóvel no mês – cresceu 7,4% sobre fevereiro, totalizando R$ 2,7 bilhões em prêmios diretos, depois da queda em janeiro (-4,4%). O vaivém tem relação direta com o comportamento das vendas de veículos, já que seminovos e usados têm aumentado em relação aos carros zero quilômetro. Em fevereiro, a venda de automóveis usados cresceu 13,8% e o número de emplacamentos recuou 22,4%, quando comparados a fevereiro de 2020.
De acordo com a publicação, preocupados com o risco de grandes vazamentos de dados e com as sanções da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), consumidores buscam cada vez mais proteção do seguro. Resultado: a demanda por seguros contra Riscos Cibernéticos cravou um recorde em fevereiro, ao expandir 242,5% em relação ao mesmo mês de 2020 e atingir prêmios de R$ 8,2 milhões. Para ser ter uma ideia, a receita de um único mês aproximou-se do totalizado na carteira em todo o primeiro trimestre de 2020 (R$8,9 milhões).
Os leitores da Conjuntura podem ainda mergulhar numa variedade de números e estatísticas do setor, que incluem dados nacionais, por estados e por segmentos de seguros, previdência e vida, capitalização e saúde suplementar, além de aprimorar seu conhecimento técnico, com duas páginas da seção de Glossário.