Empresas tem boas perspectivas de investimento em sua estruturação interna, definição estratégica e diferenciação no mercado
Em um momento com tantas dificuldades econômicas e sociais no Brasil, fortemente relacionadas à pandemia do coronavírus, pode parecer inusitado pensar em investimento, revisão do posicionamento estratégico e em marketing para as empresas. Porém, para o setor agrícola talvez este seja o melhor momento da história recente para realizar mudanças e traçar novos rumos para as organizações.
O setor do agronegócio vem observando a crise a uma distância segura. O PIB agrícola brasileiro teve avanço de 24,2% em 2020, quando comparado com 2019. Com este resultado e com o desempenho mais fraco de outros setores, o PIB do Agro brasileiro alcançou a expressiva marca de 26,6% de participação no PIB nacional. A principal cultura do país, a soja, teve um aumento de 130% em seus preços de janeiro de 2019 a abril de 2021, de acordo com dados do CEPEA. Esse aumento nos preços foi também impulsionado pela desvalorização cambial, mas mesmo considerando preços em dólar, o avanço reportado ainda foi de 55%, reforçando que os ganhos para os produtores são significativos.
Para 2021, o cenário se mantém com forte otimismo e com previsão de crescimento de 19,3% do Valor Bruto da Produção quando comparado a 2020, com a soja sinalizando alta de 33,6%, segundo dados recentemente divulgados pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Um dos mais importantes insumos agrícolas, que têm na soja sua líder de consumo, os fertilizantes NPK foram positivamente impactados e apresentam uma expansão de 11,9% nas entregas em 2020, quando comparado a 2019, de acordo com recentes dados da Pesquisa Setorial da ANDA, a Associação Nacional para a Difusão de Adubos. E já há indicações importantes de bom ritmo do setor de NPK para o ano de 2021. Segundo a MacroSector, consultoria especializada no mercado agrícola e em fertilizantes NPK, estima-se que as vendas internas avancem 6% em 2021, atingindo um novo recorde de 43 milhões de toneladas comercializadas.
Ainda dentro do grupo de Nutrição Vegetal, outro segmento que confirmou crescimento foi o de Fertilizantes Especiais. Segundo dados do Anuário de 2020 da ABISOLO, os Fertilizantes Foliares, cresceram 12,8% ao ano no período de 2014 à 2019 no Brasil, um crescimento expressivo e superior ao observado em outros insumos agrícolas no país.
Para 2020, empresários de empresas importantes de Fertilizantes Foliares relatam uma forte expectativa de crescimento do segmento, podendo superar aquele observado em 2018, quando a evolução superou os 19% com relação à 2017. Com a soja perfazendo 49,6% das vendas de foliares no Brasil, o impulsionamento é evidente e tudo indica, que sustentável também para 2021.
O especialista em Marketing e ex-executivo de empresas de grande porte do segmento, Anderson Nora Ribeiro, entende que: “O Brasil se tornou o grande centro global da agricultura tropical e nesse contexto a pesquisa, desenvolvimento e inovação se destacaram muito nas últimas décadas. O setor de Especiais é um dos mais dinâmicos e influentes no quesito de lançamento de tecnologias e criação de empresas, além de incluir produtos com atributos mais sustentáveis, algo que também tem tido maior procura no mercado agrícola”. Ribeiro destaca ainda que a maioria das empresas do setor são pequenas e médias e iniciam atividades com uma estrutura muito enxuta, focada em vendas e indústria-logística, mas com o crescimento e melhoria dos resultados, a necessidade de investimento em um posicionamento estratégico mais claro e em marketing, passa a ser uma prioridade para que consigam vencer o platô inicial de faturamento.
Entendendo que o momento é de investir em marketing para crescer, após vários anos à frente do Marketing de importantes empresas de Fertilizantes Especiais e também compondo o time de conselheiros da ABISOLO, Anderson e o também engenheiro agrônomo e especialista em Marketing, Marco Antônio Raymundo, se uniram para fundar a 5P2R Marketing de Precisão, empresa que visa acelerar o desenvolvimento de companhias de médio e pequeno porte, com foco no uso de ferramentas de planejamento e gestão muito comuns e acessíveis às grandes multinacionais, mas que ainda são pouco adotados por companhias de menor porte.
Segundo Raymundo, há um hiato grande de organização interna e uso de ferramentas de gestão entre as empresas do setor de insumos, pois as menores e mais jovens não conseguem “pagar” pelo mesmo nível de informações, conhecimento e sistemas que são amplamente utilizados pelas maiores. “Nossa ideia é usar essa bagagem adquirida em grandes multinacionais, adaptar e simplificar, para possibilitar que boas práticas e ferramentas eficazes de gestão sejam utilizadas por empresas com estruturas mais enxutas do setor agrícola”, acrescenta o especialista.
O excelente momento do agronegócio brasileiro, maior atratividade do mesmo para profissionais de outros setores e maiores margens de lucro das empresas de insumos diferenciados, abrem uma janela de oportunidade única para que estas definam mais claramente o seu propósito, seu portfólio de produtos e a gestão da carteira de clientes, e tracem um plano claro de desenvolvimento futuro. O setor agrícola brasileiro é altamente competitivo e com forte pressão de concentração de mercado, por parte das grandes corporações. A diferenciação, agilidade e flexibilidade comuns às empresas de menor porte, catalisadas por uma melhor organização da estratégia, podem ser chave para a sobrevivência e crescimento nesse ambiente de negócios tão promissor.