Após uma semana marcada pelas decisões de política monetária no Brasil e no exterior, revisões de valência negativa podem ser observadas nas projeções do Focus desta segunda. As expectativas para a inflação em 2023 e 2024 voltam a subir, enquanto a mediana para o crescimento esperado este ano foi reduzida marginalmente, como reflexo de incertezas sobre a política econômica – especialmente a fiscal – a despeito das perspectivas mais positivas para a economia global que vêm se consolidando nas últimas semanas.
A expectativa para o IPCA em 2023 subiu de 5,74% para 5,78%, oitava alta seguida. Para 2024, houve avanço de 3,90% para 3,93%. Já a projeção para o crescimento do PIB caiu de 0,80% para 0,79%, enquanto a de 2024 foi mantida em 1,50%.
Em meio a declarações mais explícitas a respeito do desconforto do Governo com a política monetária, o Copom manteve, na semana passada, a Selic em 13,75%. No comunicado da decisão, mencionou “incerteza maior que a usual” em torno de suas premissas e projeções, frase que vem sendo usada nos comunicados desde maio do ano passado, quando a taxa básica foi elevada a 12,75%.
No entanto, a percepção da maior parte dos analistas é de que o tom do comunicado foi mais duro (hawkish), com acréscimo de um novo parágrafo sobre a política fiscal e menção à continuidade do processo de desancoragem das expectativas de inflação que vem ocorrendo desde o ano passado: “A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária. O Comitê avalia que tal conjuntura eleva o custo da
desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.