Ana Paula Martins Lima, coordenadora de psicologia do Grupo Care Plus / Foto: Divulgação

Outubro Rosa: O papel do apoio psicológico no enfrentamento ao câncer de mama

Ana Paula Martins Lima, coordenadora de psicologia do Grupo Care Plus, apresenta reflexões sobre os desafios emocionais enfrentados pelas pacientes

Sabemi

Em outubro, o movimento Outubro Rosa ganha destaque, alertando sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Além do impacto físico, o diagnóstico afeta profundamente a saúde mental das pacientes, um aspecto muitas vezes negligenciado. Ana Paula Martins Lima (foto), coordenadora de psicologia do Grupo Care Plus, apresenta reflexões sobre os desafios emocionais enfrentados pelas pacientes e destaca a importância do apoio psicológico ao longo do tratamento.

O estigma da vulnerabilidade emocional

Ana Paula explica que o estigma em torno da vulnerabilidade emocional pode dificultar a busca por apoio psicológico, prejudicando o enfrentamento do câncer. “Existe uma pressão social sobre a mulher para ser forte e resiliente, lidando com múltiplas tarefas e demonstrando inteligência emocional. Isso gera medo de julgamento e dificulta que ela nomeie suas necessidades emocionais”, afirma.

O receio de parecer vulnerável pode levar à solidão emocional, um gatilho para problemas como ansiedade e depressão. “O estresse e a ansiedade, quando instalados, afetam integralmente a qualidade de vida, fragilizando as estratégias de enfrentamento da paciente”, alerta Ana Paula. Para combater esses efeitos, a especialista sugere campanhas contínuas de conscientização sobre saúde mental e a criação de grupos de apoio, que favorecem a sensação de pertencimento entre as participantes.

Ana Paula reforça que o apoio à saúde mental não é uma responsabilidade exclusiva dos psicólogos: “Todos os profissionais que atuam no tratamento devem estar preparados para abordar questões emocionais. Além disso, o suporte de amigos e familiares é essencial, pois uma rede de apoio é um fator protetivo importante”.

A nova relação com a imagem corporal

Mudanças no corpo, especialmente após cirurgias como a mastectomia, afetam diretamente a autoestima e a percepção da própria identidade. “A paciente precisa incorporar uma mudança corporal não planejada na imagem que tem de si mesma. Isso nem sempre é fácil e pode impactar seus relacionamentos interpessoais, levando ao afastamento e até ao isolamento social”, ressalta Ana Paula.

Essas mudanças podem aumentar a ansiedade e o estresse, interferindo no bem-estar integral. Nesse cenário, o apoio psicológico torna-se essencial. “O profissional ajuda a paciente a ressignificar essa experiência e encontrar novos significados para essa fase da vida”, explica a psicóloga.

Terapias eficazes no enfrentamento do câncer de mama

Cada paciente responde de forma única ao tratamento, e por isso, diferentes abordagens terapêuticas são indicadas. “A terapia individual oferece um espaço seguro para a expressão de emoções e para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento”, destaca Ana Paula. Ela também reforça o papel das terapias em grupo: “Elas são fortes aliadas na construção de vínculos e na sensação de pertencimento”.

Técnicas como meditação e atenção plena auxiliam na redução da ansiedade e na melhora do sono. “Em alguns casos, a terapia familiar é recomendada para fortalecer a dinâmica entre os envolvidos, criando estratégias mútuas para enfrentar o adoecimento”, acrescenta.

Superando tabus e promovendo a prevenção

Ana Paula enfatiza a importância de quebrar tabus relacionados ao autoexame das mamas, destacando que muitas mulheres não sabem como realizá-lo corretamente. “O desconhecimento e o desconforto em relação ao próprio corpo são questões que podem ser revertidas com o apoio emocional adequado”, aconselha.

O Outubro Rosa vai além da conscientização sobre a prevenção. Ele promove o diálogo aberto sobre saúde física e mental, combatendo estigmas e encorajando as pacientes a buscarem apoio em todas as fases do tratamento. “Cuidar da saúde emocional é tão importante quanto tratar o corpo”, conclui Ana Paula.