Em função da crise econômica, seguro de crédito cresce 13,1% no país no primeiro semestre

O crédito concedido por fornecedores representa o dobro do montante oferecido por bancos para financiar seus compradores. Já a conta de créditos a receber das empresas corresponde a, em média, de 30% a 40% dos seus ativos totais. Dada a importância desses recursos para as organizações, o atraso no pagamento representa um custo de capital, situação que pode se agravar num cenário de crise econômica. Tanto é que, no Brasil, o seguro de crédito teve variação nominal de 13,1% no acumulado de janeiro a junho desse ano, segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg).

O consultor de Riscos Financeiros da Senzala Corretora de Seguros, Marcelo Loch, diz que proteger o “contas a receber” e minimizar o fato positivo no balanço patrimonial da empresa são desafios. “Os pedidos de recuperação judicial são crescentes e, por isso, a exigência de garantias para empréstimo junto aos bancos é maior. Para as organizações que pretendem expandir a atuação ou diversificar os negócios, a seleção dos parceiros deve ser mais rigorosa. Situações como essas tornam o seguro de crédito ainda mais relevante como ferramenta de funding, controle da carteira de recebíveis e de gestão de risco”, comenta.

O seguro de crédito é exclusivo para as empresas com faturamento anual acima de R$ 10 milhões, para proteção da relação entre pessoas jurídicas. Essa modalidade de seguro tem a finalidade de proteger o negócio contra o não pagamento de dívidas de transações comerciais, sendo que o valor indenizado normalmente é de 90% do que consta na Nota Fiscal, podendo chegar a 100% nos casos de recuperação total do crédito.

“A cobertura do seguro de crédito é taylor made, ou seja, customizada para cada cliente. Para definir o limite de crédito específico para cada parceiro comercial, ou seja, o valor pelo qual a seguradora vai indenizar o segurado se o comprador coberto pela apólice deixar de pagar, são analisados principalmente o faturamento anual da empresa, estimado à crédito, e a sua carteira de clientes, no que tange aos devedores e à capacidade de pagamento de cada um deles”, descreve Loch.

Além de proteger as relações comerciais no mercado interno, o seguro de crédito pode assegurar o recebimento do crédito nas transações que envolvem exportação. “Nesse último caso, estão cobertas as perdas oriundas de riscos comerciais, como insolvência e mora prolongada, assim como riscos políticos, tais como moratória, embargo, guerra e impossibilidade de remessa de divisas”, detalha Loch.

O valor da apólice no seguro de crédito varia entre 0,15% e 0,4% do faturamento bruto à crédito da empresa segurada. O consultor de Riscos Financeiros da Senzala Corretora de Seguros ressalta ainda que é feito o acompanhamento regular da carteira de clientes da corporação para manter o limite de crédito atualizado, sendo o cliente informado sobre a necessidade e os riscos de aumento da cobertura. “Ainda, é possível solicitar limite para um novo comprador, sem período de carência para tal inclusão”, observa.

O atestado de inadimplência e o processo de indenização seguem prazos. Após o vencimento do título, o prazo para pagamento é prorrogado por mais 30 dias. Se o comprador ficar inadimplente, a indenização ao segurado é liberada em até 180 dias, a contar da data de formalização do sinistro. “Em casos de inadimplência por recuperação judicial do parceiro comercial, a indenização é feita na hora em que a seguradora for comunicada”, pontua o consultor da Senzala Corretora de Seguros. A apólice do seguro de crédito tem duração de 12 meses, podendo ser renovada por igual período.