Fonte: g1.globo.com
Sergipanos dizem que apólice ajudou a mantê-los na faculdade.
Setor movimentou R$ 44 milhões no Brasil em 2016,diz FenaPrevi
Crise financeira, recesso econômico e o aumento da inadimplência são alguns dos fatores que no ano passado ajudaram ao setor de Seguro Educacional brasileiro a registrar alta de 81%, entre janeiro e novembro, comparado ao ano de 2015, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), arrecadando R$ 44 milhões em prêmios.
Em Sergipe, o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Sergipe (Sincor/SE) está bastante otimista com o seguimento, que em 2016 teve crescimento semelhante ao dado nacianal. “Esperamos que continue apresentando números bastante positivos, com a adesão de mais estabelecimentos de ensino”, explica o presidente do Sincor/SE, Érico Melo.
“Estamos em um cenário econômico, político, financeiro e governamental fragilizado, então, o seguro é o melhor caminho para proteção das partes”, diz Rubens Dias, analista financeiro.
A Escola Nacional de Seguros aponta que no Brasil cerca de 4,5 milhões de universitários estão enquadrados neste tipo de serviço. Gente como o autônomo Moisés dos Santos Júnior, que é estudante do terceiro período do curso de “Tecnologia em Radiologia”, de uma universidade particular de Aracaju (SE).
No ano passado, Moisés tomou um susto quando perdeu o emprego de quatro anos como operador de caixa e viu que tinha pela frente cinco períodos da graduação. O sonho de ter uma graduação por pouco não foi destruído graças ao Seguro Educacional, que adquiriu ao se matricularem na universidade.
“No segundo mês, do segundo período do curso, fiquei desempregado. Aí como tinha a apólice procurei o setor responsável na universidade e assim que encaminhei a solicitação, com os documentos necessários, em menos de 15 já passei a desfrutar do benefício”, conta o estudante.
O seguro educacional garantiu os estudos durante os cinco meses que restavam para concluir o período do estudante, que hoje trabalha como autônomo vendendo roupas. “Quando fiquei desempregado não pensei em largar o curso, mas certamente não teria condição de continuar estudando. O seguro ajudou a prolongar meus estudos”, observa Moisés Santos.
Com a universitária Giselle Henrique, que está no sétimo período de Farmácia, foi o marido dela, responsável pelo pagamento da mensalidade do curso, que ficou desempregado. Era ele quem pagava a metade de R$ 1.040,00, já que 50% é financiado pelo Fies. “O seguro cobriu desde o dia do sinistro até o final do período. Usei quatro meses que restavam. O salário que recebo é muito pouco para bancar a mensalidade. Se dependesse desse dinheiro teria interrompido o curso”, explica.
Para Giselle Henrique, o seguro foi a melhor saída para superar o problema, já que o marido dela vive uma instabilidade financeira. “Ele trabalha como contratado em uma empresa que tem prazo para acabar. Quando soube que a universidade dava o seguro para os alunos, fiquei bastante interessada e foi o que me ajudou a continuar”, relata a universitária.
Via dupla
Da mesma forma que o seguro educacional chega como uma garantia da permanência do aluno no semente, é também uma segurança para a instituição que tem a certeza de receber e de não ficar com o aluno inadimplente.
O Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Sergipe (Sincor/SE) explica que o seguro educacional pode ser contratado individualmente, porém o mais comum é ser feito através do estabelecimento de ensino. “Eles sabem da importância de ter o seguro educacional como forma de garantir receita e possibilitar que os alunos continuem podendo estudar”, conta.
“As instituições de ensino estão se protegendo em relação ao grau de inadimplência que vem crescendo, mesmo porque a gente sabe que o indevidamente está diminuindo, mas a inadimplência aumentando. O que isso significa? As pessoas estão comprando menos porque não têm dinheiro para pagar, mas em compensação elas não conseguem pagar o que estava devendo, então, naturalmente acaba ficando inadimplente”, explica o analista financeiro Rubens Dias.
Moisés e Giselle, citados no início da reportagem, estudam na mesma universidade que desde fevereiro do ano passado disponibiliza o na instituição. “Esta é uma ação de grande importância à medida que gera maior segurança em nossos alunos num momento de crise econômica como o atual”, ressalta o superintendente administrativo financeiro do Grupo Tiradentes, André Tavares.
Para desfrutarem dos benefícios, a universidade estabeleceu critérios como a necessidade do aluno estar matriculado e com as mensalidades em dia, quando ocorrer o sinistro; se o estudante não é o responsável pelo seguro, é preciso apresentar comprovação do responsável financeiro.
Seguro Individual ou coletivo?
Para o analista financeiro Rubens Dias, nos casos de quando a instituição não disponibiliza a apólice, vale a pena o estudante contratar o serviço individualmente, já que o valor investido é baixo e pode variar entre 1% e 4%. No caso das unidades de ensino que disponibilizam o seguro, o custo já vem diluído na mensalidade.
“O contrato também pode ser fechado com a instituição de ensino de forma individual, mas é interessante saber se ela faz este tipo de contrato, no caso da faculdade não querer fazer coletivo. Quando ela faz de forma coletiva sai mais em conta para ambos os lados. Estamos em um cenário econômico, político, financeiro e governamental fragilizado, então, o seguro é o melhor caminho para proteção das partes”, observa o analista.
A cobertura básica, geralmente dá direto ao pagamento das mensalidades escolares até o final do curso em caso de morte e de invalidez do aluno ou responsável financeiro pelo aluno. Porém, ainda há a possibilidade do cliente ter benefícios adicionais e neste caso, o aluno e a instituição precisam deixar claro no contrato.
De acordo com a Escola Nacional de Seguros, “De acordo com o perfil do cliente, há benefícios adicionais. O seguro educacional cobre desde a assistência emergencial ao aluno em caso de acidentes e imprevistos até o transporte para tratamentos fisioterápicos e comparecimento às aulas. A apólice pode incluir carteirinha escolar opcional, com a identificação do aluno e telefones para atendimentos 24 horas, e prever auxílio na recolocação profissional. Há opções ainda de auxílio para despesas com funeral do aluno ou responsável”.