Após resultado promissor no primeiro trimestre, setor sofre impactos no mês de abril e mostra queda de 16,7% na arrecadação mensal
O mercado de seguros enfrenta hoje uma leve desaceleração, mas segue mostrando postura resiliente em meio ao cenário de incertezas da economia nacional. Nos quatro primeiros meses de 2017, o setor registrou crescimento nominal de 8,8%, após ter demonstrado forte alta de 13,9% no primeiro trimestre deste ano, confirmam dados divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e compilados pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), publicados no informe setorial Carta do Seguro. O cenário exposto durante o mês de abril foi o principal responsável pelo resultado no quadrimestre, caracterizado por uma reversão de expectativas em diversos segmentos.
Os resultados mostram o setor com queda de sinistralidade geral e controle das despesas administrativas, que se encontram estáveis, sobretudo ao compará-las com os números do primeiro quadrimestre de 2016, enquanto as despesas de vendas subiram 0,7 ponto percentual. A sinistralidade no período foi de 45,9%, representando queda de 4,1 pontos percentuais ante o mesmo período de 2016. O resultado denota, porém, uma postura mais conservadora do setor, que preferiu não assumir riscos para manter, em patamares sustentáveis, os níveis de sinistralidade.
Após um crescimento estável ao longo dos últimos meses, o segmento de Coberturas de Pessoas sofreu redução geral de 6,7%, na comparação com abril de 2016. O resultado foi motivado pela queda dos planos VGBL, de 11,9%, e pela súbita desaceleração do seguro de vida individual, que passou de taxas de dois dígitos, em dois meses do ano, para um crescimento reduzido de 9,7%. No segmento de Ramos Elementares, pesou o aprofundamento da queda do DPVAT, de 42,9%, assim como a desaceleração do ramo de automóveis e do seguro rural, que tiveram queda de 3,6% e 9,4%, respectivamente.
“A surpresa foi a repentina mudança da tendência que o trimestre anunciava. O mês de abril, ruim, fez toda a diferença. E a redução do crescimento, mês contra mês do ano anterior, afetou a maioria dos ramos líderes”, afirmou o presidente da CNseg, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, que ressaltou: “Considerando o ambiente de incertezas, confirmado pelas recentes dezoito citações desse termo pelo Banco Central do Brasil, na última e recente reunião do Copom, não há como indicar tendências firmes para o nosso mercado”.
O setor mantém, no entanto, uma trajetória de resiliência consolidada com crescimento estável nos últimos meses, o que se reflete na arrecadação de alguns produtos. É o caso do Seguro de Garantia Estendida, que teve alta de 20,7%, entre março e abril, e o Seguro Prestamista, que já acumula um crescimento de 27,1%, na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2017 e 2016.
Nos quatro primeiros meses deste ano, os prêmios diretos do mercado somaram R$ 77,2 bilhões, sendo que o segmento de Pessoas respondeu por R$ 48 bilhões e o de Elementares por R$ 22,9 bilhões desse valor. Mantendo-se a base de comparação anual, o ramo de automóveis mostrou aumento de 4,5%, ainda que o resultado seja inferior ao crescimento de 5,8% registrado no primeiro trimestre deste ano. O ramo habitacional permaneceu estável e o seguro rural, após uma alta de 51,3% nos primeiros meses deste ano, reduziu seu crescimento para 32%. O segmento de capitalização sofreu retração de 4,1%, contribuindo com R$ 6,2 bilhões no acumulado do quadrimestre.
Seguem outros números relativos ao resultado do mercado segurador no primeiro quadrimestre de 2017, comparados ao mesmo período do ano passado:
- Seguro de Grandes Riscos: redução de 5% (receita de R$ 872,5 milhões no primeiro quadrimestre de 2017 – receita de R$ 918,8 milhões no primeiro quadrimestre de 2016)
- Seguro de Riscos de Engenharia: redução de 32% (receita de R$ 90 milhões no primeiro quadrimestre de 2017 – receita de R$ 132,6 milhões no primeiro quadrimestre de 2016)
- Seguro Habitacional: crescimento de 11% (receita de R$ 1,2 bilhão no primeiro quadrimestre de 2017 – receita de R$ 1,1 bilhão no primeiro quadrimestre de 2016)
- Seguros de Responsabilidade Civil: crescimento de 6,3% (receita de R$ 543,6 milhões no primeiro quadrimestre de 2017 – receita de R$ 511,3 milhões no primeiro quadrimestre de 2016)
- Seguro Viagem: crescimento de 54,9% (receita de R$ 162,3 milhões no primeiro quadrimestre de 2017 – receita de R$ 104,8 milhões no primeiro quadrimestre de 2016)
- Planos de previdência PGBL: crescimento de 14% (receita de R$ 2,8 bilhões no primeiro quadrimestre de 2017 – receita de R$ 2,4 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016)