Pesquisa divulgada pela Federação de Industrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) apontou que os roubos de cargas no Brasil aumentaram em grande escala entre 2011 e 2016. Os seus custos para indústria e sociedade cresceram na mesma proporção. Foram mais de 97 mil casos no período, com impacto superior a R$ 6,1 bilhões.
Os números pioram quando o foco é o estado carioca. São registrados, em média, 23 roubos de cargas por dia. Somente nos primeiros 12 dias deste ano, o Rio sofreu com 281 roubos.
Eduardo Michelin, Head of Marine da Willis Towers Watson, analisou o atual cenário e apresentou ações da companhia para mitigar esses riscos.
Bate-Papo Seguro – Eduardo Michelin
1) Revista Seguro Total – Como o mercado de seguro de transportes enxerga esse índice de criminalidade tão alto? Da mesma maneira que a demanda cresce, os gastos que a seguradora terá com o sinistro também elevam.
Eduardo Michelin – O mercado de seguro de transporte de carga está passando por um momento desafiador e o segmento foi bastante afetado desde que os índices de assalto a caminhões cresceram, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Esses números afetaram as carteiras de todas as seguradoras que por sua vez passaram a ter dificuldades de resultado em função disso.
O diferencial da Willis Towers Watson está no suporte e consultoria em relação ao gerenciamento de risco logístico. Nós viabilizamos a colocação de soluções de seguros para mercadorias consideradas críticas e, o quanto o cliente se dedica e se compromete com as medidas de gerenciamento é fundamental, muito mais que o custo do seguro. O que ele faz em relação à segurança do transporte da carga, quais os transportadores utilizados, tecnologia, rotas, o período do dia, etc.
2) RST – A intervenção federal no Rio de Janeiro diminuiu a média de roubo de cargas no estado?
EM – A intervenção militar teve início no dia 21 de fevereiro e com menos de dois meses de vigência não é possível afirmar se ela surtiu efeito ou não. Historicamente, as autoridades demoram para divulgar os índices de roubos dos meses recentes, além da dificuldade de consolidação dos dados pelas entidades independentes.
3) RST – Nesse setor, é possível, enquanto seguradora, mitigar os riscos? Se sim, de que maneira?
EM – Primeiro, vale falar que nossa estratégia nesse segmento é atuar mais do que como corretores, mas como consultores, buscando as melhores soluções para nossos clientes junto as seguradoras.
Dessa forma, mitigar os riscos é possível. Hoje nas rotas mais perigosas as empresas estão buscando soluções tanto para tentar evitar a perda da carga como também para recuperá-la após o roubo. As iscas móveis, que podem personalizadas e escondidas na mercadoria, são o que existe de mais moderno em termos de rastreamento. Elas podem ser escondidas nas embalagens dos produtos e possuem uma tecnologia híbrida que pode enviar sinal tanto por satélite quanto por rádio frequência. Vale deixar claro que esse recurso é uma contingência, não evita a carga ser roubada, mas ajuda a localizá-la e quanto mais rápida a ação da equipe de gerenciamento, maiores as taxas de sucesso.
Para evitar o roubo de carga, ajudamos os clientes a definirem as melhores estratégias para a utilização das ferramentas de gerenciamento de risco, como rastreadores instalados no veículo, seus sensores e atuadores (trava de baú, sensores de abertura de porta, de presença na cabine, botão de pânico, etc…). Além do controle de horários, de transportadores, de motoristas e rotas. Trabalhamos com um conjunto de medidas de gerenciamento de riscos.
4) RST – O papel de reduzir os roubos de cargas é exclusivo da segurança pública? Instituições privadas que comercializam essa carteira podem participar desse processo, promovendo ações sociais e investindo na segurança do próprio motorista?
EM – O cenário que encontramos hoje só existe em razão de uma soma de fatores e a segurança pública tem grande papel nisso. Em minha opinião, deveria ser criada uma legislação específica e mais rígida para o crime de roubo de carga e receptação. Assim como investimentos em segurança pública e trabalhos de inteligência policial precisam ser intensificados.
As empresas de transporte de carga, em conjunto com seguradoras e corretoras realizam treinamentos específicos dos motoristas para que eles saibam lidar em situações de risco, bem como, para terem cuidados de preservar o sono, se alimentar bem, evitar ingestão de bebida alcoólica e outros entorpecentes que podem desviar a atenção do motorista. Além disso, as paradas também são sempre planejadas, em pontos estratégicos com o objetivo de garantir uma segurança maior do motorista e da carga.
5) RST – As seguradoras sempre esperam ganhar força em suas vendas. Mas o motivo pelo crescimento dessa carteira não é legal. Deixando de lado os fatores macro, como a empresa de seguro trabalha para espalhar a importância do seguro de cargas pelo país?
EM – Na realidade, o seguro de carga não é visto com maus olhos. Ele não existe apenas para prevenir roubo de carga. O seguro de transporte também pode ser acionado em caso de acidentes e avarias, além de possuir um caráter de contratação obrigatória segundo legislação vigente.
Esta gestão do risco e proteção financeira através de um programa de seguros irá permitir ao cliente uma melhor visibilidade dos principais problemas e fragilidade de sua operação logística, permitindo trabalhos efetivos de prevenção de perdas com o suporte de seu corretor de seguros especializado.
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Redação