Proposta prevê, dentre outras ações, que 9,4 milhões de trabalhadores industriais deverão fazer exames rápidos a cada 15 dias
O Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade (Foto/Agência Brasil), encaminhou nesta sexta-feira (27), correspondência ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, na qual a entidade se prontifica a ajudar na implementação do chamado “isolamento social vertical” de pessoas do grupo de risco e de contaminados do novo coronavírus.
“A evolução de casos da Covid-19 na Coréia do Sul e na Alemanha demonstra que, se bem executada, essa é uma estratégia eficiente para promover o achatamento da curva de propagação do vírus, preservar vidas e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde”, justifica Robson Andrade em um dos trechos do documento. “Ao mesmo tempo, facilita a retomada, ainda que gradual das atividades produtivas”, acrescenta.
No documento – que foi encaminhado também para os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli; do Senado Federal, Davi Alcolumbre; e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia –, a CNI argumenta que o isolamento vertical requer forte coordenação entre os setores público e privado e que, por esse motivo, propõe uma parceria com o governo federal, por meio da qual o Serviço Social da Indústria (SESI) se compromete a capacitar e dar assistência para realização de testes rápidos da Covid-19, custeados com recursos do governo federal, para 100% dos cerca de 9,4 milhões de trabalhadores da indústria, a cada 15 dias, com isolamento social apenas de pessoas com exame positivo. Além disso, seriam realizados exames moleculares (PCR), conhecidos como “contraprova”, para verificar falsos positivos da Covid-19.
De acordo com o presidente da CNI, para isso, é muito importante que sejam feitos testes rápidos nos pacientes sem sintomas, pois acredita-se que 80% da população infectada apresenta poucos ou nenhum sintoma da doença, sendo responsável pela maioria das contaminações locais. “Trata-se de uma estratégia complexa, mas possível e, no caso do Brasil, necessária, pois as empresas e os cidadãos não terão fôlego financeiro para resistir por um período prolongado de isolamento social horizontal”, alerta Robson Andrade.
A proposta prevê ainda a criação de uma plataforma online, integrada e colaborativa, para manejo clínico do novo coronavírus em uma rede de atenção primária e de parceiros privados. A CNI propõe a criação de um fundo de aval, com recursos no valor de R$ 500 milhões, que seriam aportados pelo SESI, para financiar capital de giro das indústrias de micro, pequeno e médio portes, com faturamento anual de até R$ 10 milhões. “O objetivo, neste caso, é contribuir para a provisão de liquidez das empresas industriais, durante o período de retração das atividades empresariais, que não sabemos quanto tempo vai durar”, afirma Robson Andrade.
Ainda segundo o presidente da CNI, é a prioridade máxima, neste momento, são as ações para preservar vidas, seguindo sempre as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) com relação à Covid-19. “Entretanto, é crucial que nos preocupemos também com a sobrevivência das empresas e a manutenção dos empregos”, afirma Robson Andrade, acrescentando que preciso que o governo estabeleça uma estratégia consistente para que, no momento oportuno, seja possível promover uma retomada segura e gradativa dos setores produtivos.