Confira o artigo escrito por Arley Boullosa, Diretor de Ensino do Sincor-RJ e fundador da Kuantta Consultoria, exclusivamente para a edição 207 da Revista Seguro Total
A economia global desacelera e aqui no Brasil seguimos através sando uma crise que começou em 2014 e se arrasta com um crescimento medíocre, altíssimo desemprego, endividamento das famílias e aumento da informalidade. O coronavírus piorou ainda mais a situação e deixou o mundo em estado de alerta.
No mercado de seguros, muitas coisas aconteceram desde o final do ano passado. Começou com a Medida Provisória 905/2019 e logo depois a Superintendência de Seguros Privados (Susep) anunciou a necessidade da categoria de corretores partir para a autorregulação. Os corretores são constantemente apontados pela ineficiência da distribuição de produtos para a sociedade e ainda são acusados de receber remuneração acima da média mundial.
A verdade é que nunca fomos o único canal de distribuição. Sempre disputamos a atenção dos clientes com bancos, lojas de varejo e outros agentes. Também não ganhamos tanto como a Susep divulgou. Não é simples ser corretor e os comparativos realizados não são os melhores.
Fui segurador durante 21 anos e fundei e sou sócio de uma corretora há 8. Já imaginava o quanto seria difícil empreender ao construir uma empresa do zero, mesmo com todo conhecimento acumulado sobre o mercado de seguros e um planejamento que foi visto e revisto por 6 meses antes de iniciar o negócio.
Pelo menos 90% dos corretores que eu conheço aqui no Rio de Janeiro são pequenos e possuem até 3 funcionários. A maioria possui um faturamento até R$ 1 mil e por isso existem dificuldades para se investir em marketing, tecnologia, pessoas e qualificação profissional.
Estes profissionais sobrevivem 2014 para cá com resiliência para não desistirem, até mesmo porque buscar outra atividade no atual momento não é opção fácil.
Mas o que pode nos diferenciar e dar vantagem competitiva para continuar avançando? Volto a insistir que apenas a qualificação garante a sobrevivência de bons profissionais em qualquer segmento. Não existe outra possibilidade para os corretores de seguros que queiram continuar necessários para os clientes.
Entendo toda dificuldade existente para investimentos em educação, mas hoje existem inúmeras possibilidades e não há nenhuma desculpa que justifique a falta de qualificação. É muito importante que a categoria saia da inércia e procure estruturar um planejamento mínimo para qualificar também as suas equipes.
Cito o exemplo de Tallis Gomes, o mineiro que fundou o Easy Taxi – primeiro aplicativo do mundo para conectar passageiros e taxistas e que em menos de 4 anos estava em 35 países. Em determinado momento, Gomes precisou interromper o curso de marketing que fazia devido ao crescimento de sua startup e seguiu os estudos nas disciplinas que lhe seriam úteis para continuar sozinho nos estudos. Mesmo após ter vendido a Easy Taxi e virado um milionário, Tallis Gomes estuda diariamente uma hora por dia para seguir seus aprendizados e se tornar cada vez melhor.
Talvez nos falte um pouco de disciplina para compreender o quanto é vital estudar e evoluir profissionalmente. Precisamos de uma mudança cultural no mercado de seguros e em nossas corretoras. Falamos muito em tecnologia, mas sem estratégia, planejamento e execução realizadas por pessoas capacitadas nada funciona.
É hora de ter claro que não há nenhum monstro embaixo da cama. É hora de levantar e partir para a ação. Melhores resultados dependem
apenas de nós.