Diagnóstico de um ano de superação do setor de seguros

Diagnóstico de um ano de superação do setor de seguros

Conjuntura CNseg nº 37 avalia comportamento de ramos diante da pandemia


A crônica de 2020, um ano histórico, com todas as repercussões para o setor segurador, é tratada na seção “Análise de mercado” da edição 37 da Conjuntura CNseg, publicação da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg. Surpreendente no primeiro momento, a pandemia produziu reconhecidos danos a todas as atividades econômicas, mas seus efeitos foram sendo gradualmente reduzidos no setor segurador no decorrer do segundo semestre do ano passado, indicando que a pandemia despertou maior sentido de aversão a riscos para a sociedade como um todo.

A Conjuntura CNseg assinala que a redução dos impactos sobre o setor segurador nacional foi gradual, até ter atingido o melhor resultado nominal no mês de dezembro – mais de R$ 30 bilhões em prêmios e alta de quase 15,4% sobre o mesmo mês de 2019 -, importante para levar a arrecadação anual de 2020 para o território positivo: alta de 1,3% e arrecadação de R$ 274 bilhões em prêmios de seguros, contribuições de previdência e faturamento de capitalização (sem Saúde Suplementar e DPVAT). Outros R$ 151 bilhões pagos em sinistros, benefícios, sorteios e resgates, representaram alta de 8,3%, em relação aos valores de 2019, demonstrando a capacidade de atendimento às demandas de empresas e pessoas.

O vírus desafiou, contudo, mentes e corações de seus dirigentes, que encontraram na migração digital a pedra de toque para superar obstáculos causados pelas restrições à mobilidade urbana e ao funcionamento de inúmeras atividades, sobretudo as de serviços.

Embora reconhecendo a capacidade e solvência setorial, o raio-X do crescimento do setor enunciou uma evolução desigual entre seus diversos ramos e modalidades de seguros. Ou seja, refletindo a realidade dos setores aos quais se destinam as coberturas, houve desde altas até quedas expressivas no movimento do ano entre os distintos segmentos e seus ramos. Ao mesmo tempo, os números do setor são eloquentes ao demonstrar que seguem a trilha das coberturas requisitadas pelos consumidores, em meio às incertezas e medos provocados pela pandemia.

Por segmento, as Coberturas de Pessoas cresceram 20,7% (R$ 21,5 bilhões) em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2019, obtendo arrecadação estável na comparação anual entre 2020 e 2019 (R$ 172,45 bilhões). Dessa forma, o segmento recuperou as perdas concentradas no segundo trimestre do ano passado.

Já os seguros de Danos e Responsabilidades avançaram 9,9% (R$ 7,3 bilhões) em dezembro, em relação ao mesmo mês do ano anterior, e encerraram 2020 com crescimento de 6% (R$ 78,3 bilhões) sobre 2019.

Os Títulos de Capitalização, após um indicativo de retomada no terceiro trimestre, voltaram a apresentar retração e, em dezembro, recuaram 9,8% (R$ 2,0 bilhões), em comparação ao desempenho do mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, o faturamento foi de R$ 22,9 bilhões, recuo de 4,1% sobre o mesmo período do ano anterior.

Por sua vez, os resgates cresceram 17% no ano nos Planos de Acumulação em Coberturas de Pessoas, resultando em captação líquida 23,6% inferior a observada no ano anterior.

De volta aos prêmios, constatam-se destaques em diversos produtos de Danos e Responsabilidades. O de seguro Automóvel, na comparação entre dezembro de 2020 e 2019, teve aumento de 6,6% – porém, no acumulado do ano decresceu 2,1%. O grupo Patrimonial cresceu 8,5% em dezembro, em relação ao mesmo mês do ano anterior. No ano, o avanço foi de 10,2% (R$ 14,6 bilhões).

Os seguros Massificados, que correspondem a mais de 80% do grupo Patrimonial, movimentaram, em dezembro de 2020, mais de R$ 1 bilhão em prêmio, avanço de 23,1% contra dezembro do ano anterior. No acumulado em 2020, o montante de prêmio ultrapassou R$ 10,5 bilhões, valor 5,9% maior do que aquele observado em 2019.

Dentro dos seguros Massificados, o Residencial viu sua demanda aumentar no ano da pandemia e apresentou crescimento de dois dígitos desde agosto. Em dezembro, o avanço na arrecadação foi de 21,7% sobre o mesmo mês do ano anterior e, no ano, o crescimento é de 6,1%. O resultado do seguro Rural – arrecadação recorde de quase R$ 7 bilhões – foi ainda mais extraordinário: de 29,5% no ano, em relação a 2019.

O segmento de Coberturas de Pessoas conseguiu recuperar as perdas ocorridas durante 2020, fechando o ano com virtual estabilidade. Entre os chamados Planos de Risco, os destaques foram os seguros de Vida e Prestamista. Já a Saúde Suplementar, apesar da conjuntura econômica adversa, fechou o ano com mais beneficiários sob seu guarda-chuva. Um total de 74.614.676, dos quais 47.564.363 beneficiários de planos de assistência médica e 27.050.313, odontológicos.