Executivas analisam números e discutem presença feminina dentro de setor fundamental para economia
Nos últimos anos, a participação das mulheres no mercado de trabalho tem sido pauta de diversas discussões. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, as mulheres ocupavam no Brasil 45,3% das vagas do mercado. Porém, segundo o estudo de Estatísticas de Gênero realizado pelo mesmo instituto, as figuras femininas contam com um nível educacional mais elevado e recebem aproximadamente 20% a menos que os homens.
Apesar disso, a presença das mulheres tem aumentado nos cargos considerados mais elevados. De acordo com a pesquisa mais recente do International Business Report da Grant Thornton, 34% dos cargos de diretoria executiva são ocupados por mulheres no Brasil, 5% acima da média global.
Ainda que a presença feminina no mercado de trabalho venha ganhando força, Ana Carolina Jarrouge, presidente executiva do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e região (SETCESP), acredita que ainda não é o suficiente. “Temos as mulheres muito presentes nas atividades administrativas, mas quando falamos em alta liderança, em termos de presidente ou CEO, a presença feminina é quase nula”, comenta Jarrouge.
O setor de transporte de cargas, onde Ana atua há mais de 20 anos, é conhecido por ser um segmento majoritariamente masculino. Porém, cada vez mais as mulheres têm ganhado força e mostrado seu valor tanto nas transportadoras quanto nas entidades de classe.
Assim, o projeto Vez & Voz – Mulheres no TRC nasceu. Como uma iniciativa do SETCESP para valorizar as mulheres que trabalham no setor de transporte rodoviário de cargas, o projeto quer incentivar o crescimento profissional de cada uma dentro do segmento.
Priscila Zanette é prova desse crescimento. Atual diretora da Ouro Negro Transportes e coordenadora do Núcleo da Comissão de Jovens Empresários e Executivos do Transporte Rodoviário de Cargas – COMJOVEM do Sul de Santa Catarina, ela considera importante a mescla de homens e mulheres trabalhando juntos, de maneira colaborativa. “Queremos ter o nosso espaço, mas também precisamos complementar os homens no ambiente de trabalho. Com habilidades diferentes, teremos sem dúvida resultados muito melhores ao trabalharmos juntos”.
Outro caso positivo é o de Rafaela Cozar, atual head de gestão e inovação da Roda Brasil Logística, que reforça a necessidade de voz para que as mulheres tenham mais vez no segmento de transporte rodoviário de cargas. “Acredito que nós mulheres somos mais testadas, mas a partir do momento em que os resultados começam a aparecer também somos mais ouvidas e requeridas. Por isso, não podemos parar de falar, de mostrar nossas habilidades e, principalmente, de agir”.
E é agindo que a TransJordano, empresa especializada no transporte de combustíveis, desenvolveu o projeto Jordanetes, com o objetivo de unir as mulheres e entender como podem ajudá-las em seus desenvolvimentos dentro da organização.
“Atualmente realizamos encontros trimestrais com o principal objetivo de trocar experiência entre elas e temos a meta de aumentarmos o número de mulheres na empresa em mais 10% até o final de 2021, o que resultará em um total de 40% do quadro de colaboradores composto por mulheres. A maior equidade na empresa traz diferentes visões de mundo e pensamentos”, afirma Joyce Bessa, head de gestão estratégica, finanças e pessoas da TransJordano.