Os desafios das jovens mulheres que ocupam cargos de gestão

Os desafios das jovens mulheres que ocupam cargos de gestão

Segredo para a nova geração, que precisam aprender a lidar com a desconfiança e a pressão dos colegas, é autoconfiança e preparação

Sabemi

Com o ingresso da Geração Z no mercado de trabalho é cada vez mais frequente que cargos gerenciais sejam ocupados por jovens executivos. Essa dinâmica no mercado corporativo vem propiciando situações onde profissionais mais experientes são comandados por pessoas mais jovens. Além disso, como a presença feminina em cargos de comando e de gestão é cada vez maior nos ambientes de negócios, a troca de ideias entre diferentes gerações pode ser um exercício conflituoso.

Natália Cunha (35), COO da insurtech Planetun passou por alguns desses desafios. “Recentemente, uma colaboradora mais experiente me disse: ‘você é só uma menina’. Ela questionou minha capacidade de lidar com pressões e deu a entender que eu não tinha punch”, conta. Para Natália, o maior desafio de ser uma mulher líder jovem é a desconfiança das pessoas em relação ao seu trabalho e ao seu potencial. A executiva comenta que além de lidar com os desafios do mercado e da gestão de pessoas, ainda tem que mostrar em cada um de seus projetos e entregas a sua capacidade para a liderança.

Segundo dados da pesquisa “Atitudes Globais pela Igualdade de Gênero”, realizada em 2019 pela Ipsos, três em cada 10 pessoas no Brasil (27%) admitem que se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe. Para Natália, por uma questão cultural no Brasil, os funcionários respeitam mais os líderes experientes. “É importante também ouvir e respeitar aqueles que conquistaram algo independente da idade, homens ou mulheres”, diz.

No dia a dia de Natália, não é difícil que algumas pessoas com mais experiência corporativa imponham desafios a ela com o objetivo de ver até que ponto é capaz de aguentar as pressões do cargo. Para lidar com tudo isso, além de confiar em seu potencial, Natália procura se manter atualizada, por meio de cursos relacionados ao segmento no qual atua e também cursos de liderança. A executiva também participa de uma mentoria, uma forma de passar os conhecimentos acumulados e trocar experiências.

Mulheres no comando

A boa notícia é que a pesquisa Women in Business da Grant Thornton mostrou que as mulheres ocupam 39% dos cargos de liderança no Brasil, 5% a mais do que em 2020. O índice de mulheres no cargo de CEO passou de 32% em 2020 para 36% este ano e no cargo de diretor de Operações (COO), o mesmo da Natália, o salto foi ainda maior: de 16% para 28%.

Outros cargos de diretoria que seguiram a tendência de alta no Brasil foram o de diretora financeira (CFO), de TI, Recursos Humanos, Marketing e Vendas. A pesquisa mostrou ainda que as empresas vêm adotando iniciativas para alcançar a equidade de gênero em níveis mais seniores, como a adoção de metas de igualdade.

Apesar do aumento de líderes femininas, o setor de Tecnologia é um dos que menos abriga essas profissionais. Um levantamento financiado pelo International Development Research Centre (IDRC) mostrou que as mulheres não chegam a um terço dos trabalhadores do mercado de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês).

Para Natália, o cenário ainda é ruim, mas está mudando. “Historicamente, temos poucas mulheres no mercado de trabalho da tecnologia, mas estamos ocupando cada vez mais espaços. Na Planetun, nosso time já conta com duas desenvolvedoras e estimulamos que mais mulheres venham fazer parte desse novo cenário”, finaliza.