Nos dois primeiros meses de 2022 são mais de 31 mil casos; TRAUMA reforça Maio Amarelo
Neste mês, a campanha Maio Amarelo reforça a importância da segurança no trânsito, cujo acidentes desse tipo registraram, somente nos dois primeiros meses do ano, 31.780 internações no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o Ministério da Saúde. Na comparação entre 2020 e 2021, houve alta de 10% no número de hospitalizações (187.888 contra 207.969). A Pasta ressalta que “os números não correspondem ao número de vítimas/pessoas ou acidentes, pois uma mesma pessoa pode ser vítima ou sofrer mais de um acidente ao longo do ano”.
Os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de politraumatismos, situação a qual dois órgãos ou mais, ou a partir de duas partes distintas do corpo são lesionadas gravemente. “O politraumatismo, muitas vezes, leva a uma condição de esgotamento da capacidade fisiológica de equilíbrio orgânico, o que eleva a taxa de mortalidade. Além disso, sobreviventes de politraumatismos poucas vezes retornam à vida comum. Na maior parte dos casos, a vítima precisa conviver com uma série de sequelas deixadas pelo acidente”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA), Dr. Vincenzo Giordano Neto.
O traumatologista pontua a amplitude dos impactos desse tipo de acidente. “Há um longo tempo de recuperação e, em muitos casos, problemas que serão permanentes, impedindo a pessoa de trabalhar e ser uma fonte de renda para a família”, fala. “Há também, a problemática de sobrecarga no sistema de saúde, no pronto-atendimento e de internação atingindo o uso dos sistemas de atendimento de primeiros socorros, como o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)”, completa. Estima-se que nos últimos dez anos, aproximadamente R$ 290 milhões foram gastos por ano pelo SUS com atendimento a vítimas de trânsito. “Com mais responsabilidade no trânsito, podemos reduzir o número de vítimas e, consequentemente, os gastos com a saúde pública no país, podendo aplicar a quantia em melhorias para a área”, salienta o Dr. Vincenzo.
Cinto de segurança
Uma importante questão a ser lembrada quando se fala em prevenção de acidentes é o uso do cinto de segurança e também no banco traseiro. Porém, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019 e divulgada em 2021 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 54,6% dos entrevistados afirmaram utilizar o cinto no assento de trás.
No fim de março, o alerta ganhou força com o caso do ex-BBB Rodrigo Mussi, que estava em veículo de aplicativo, não utilizava cinto de segurança e, em acidente, ficou gravemente ferido, estando atualmente em processo de recuperação. “No caso de uma batida, um corpo solto em um automóvel mantém a mesma velocidade que estava até encontrar uma barreira. Com isso, sem o cinto, em uma batida a 60 km/h, essa será a velocidade com que uma pessoa atinge o para-brisa”, explica o presidente do TRAUMA.
O médico pontua que, em caso de acidente na estrada, a ausência de cinto de segurança no banco traseiro resulta em situação ainda pior. “Nas rodovias, o limite de velocidade permitido é maior, entre 100 km/h, 120 km/h. Um impacto nessas proporções, se não resultar em óbito, deixa sequelas permanentes”.
Álcool e direção: combinação letal
Outro ponto de alerta é a mistura álcool e direção, que muitas pessoas ainda insistem em combinar. No feriado de Carnaval deste ano, por exemplo, foi registrado aumento de 225% no número de motoristas flagrados dirigindo sob influência de álcool na comparação com o resultado do ano passado, nas rodovias federais.
“Dirigir sob efeito de álcool potencializa o risco de acidentes, uma vez que a coordenação motora e noção de espaço do motorista são reduzidas e os reflexos ficam comprometidos”, diz Dr. Vincenzo. “Os agravos que envolvem as vítimas de acidentes de trânsito podem ser evitados com atenção e prudência. Se beber, não dirija, trafegue com calma, não use o celular enquanto dirige, respeite os limites de velocidade e as leis de trânsito, enfim, preserve a vida, sua e a de quem está à sua volta”, conclui.