A necessidade de garantias e proteção para as micro, pequenas e médias empresas foi o tema principal do webinar intitulado “Cenário macroeconômico para as pequenas e médias empresas em ambientes de crise”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em conjunto com a BMG Seguros, parte de uma série de apresentações realizadas pelo Centro de Estudos de Infraestrutura de Soluções Ambientais, da FGV, em parceria com a seguradora, com objetivo abordar questões voltadas para os empreendedores, e observar cenários e problemas enfrentados pelo micro e pequeno empreendedor.
O mercado dos Pequenos e Médios Empreendedores (PME) vive desde 2020 um cenário econômico ainda mais desafiador do que o habitual. O período de pandemia gerou recessão e, ainda que os indicadores tenham apresentado recuperação em 2021 com projeção de crescimento de 1,5% a 2%, o número ainda é relativamente baixo frente aos anos anteriores. O quadro foi agravado pelo aumento da inflação, na esteira das sequelas do pós-pandemia.
Desde o início da crise sanitária, dados de diversos setores apontam que os pequenos e microempresários foram os que mais sofreram com dificuldades para honrar compromissos financeiros adquiridos antes da crise e sem qualquer tipo de garantia. De acordo com o professor Gesner Oliveira, da FGV, há carência de seguros que protejam as PME. “Houve uma desorganização das cadeias produtivas com elevação do custo das matérias primas e com a guerra na Ucrânia, gerando uma pressão inflacionária muito forte. Qualquer empreendedor no Brasil já possui desafios de sobra diante de um quadro grande de incertezas mundiais, crescimento oscilante e relativamente baixo, pressão inflacionária muito forte, além de muitas vezes ter de prever e administrar custos no dia a dia”, explica.
Para Fernando Demier, diretor de Desenvolvimento de Negócios da BMG Seguros (foto), a baixa penetração de seguros na população e no mercado de PME ocorre por diversos fatores, mas principalmente pela ausência de produtos inovadores, mais alinhados com a necessidade das pequenas empresas, e com jornadas de contratação mais ágeis, descomplicadas.
Durante o webinar, o executivo citou alguns estudos relevantes, entre eles um dado que aponta que cerca de 2 milhões de PME tiveram alguma espécie de sinistro durante a pandemia, mas não possuíam proteção securitária e, muitas delas precisaram encerrar suas atividades”. “O mercado de seguros tem o desafio de mudar esse quadro. As insurtechs, aliadas a outras iniciativas como o Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros, trazem oportunidade para essa mudança”, relata Demier, destacando também a importância de inovação no setor.
O Brasil viveu um período recente de catástrofes naturais e isso afetou diretamente a vida do pequeno e médio empreendedor. Segundo Antônio Bento Leite, vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), os seguros têm um papel de “resiliência para a continuidade dos negócios”. Ele destaca ainda a mudança gradual do conceito de valor através da adequação de produtos. “É necessário mudar a concepção do papel de seguros na economia, como um produto que ajuda o negócio dos PME, um instrumento importante para sobrevivência em períodos de crise. As crises fazem parte do nosso cenário econômico, o importante é garantir segurança para essas empresas quando elas surgirem”, avalia o vice-presidente da ABF.
Participaram do evento também como palestrantes Juliana Caligiuri, vice-presidente da SulAmérica, e Caetano Minchillo, gerente de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional.