Aumenta o interesse por planos de previdência privada no Brasil

Dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados) mostram que a procura por planos de previdência privada tem gerado aumento nas contratações. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o crescimento na contratação de planos de previdência privada chegou a 12,2%.

Para os especialistas do setor, isso indica uma mudança importante no comportamento da população brasileira em relação ao seu planejamento financeiro. A busca por uma previdência privada já havia ficado aquecida após a reforma da previdência, proposta pelo governo Temer, mas o período de pandemia ajudou a fixar a importância de ter uma reserva de emergência.

Para quem já possuía uma reserva financeira, ficou a importância de complementar a aposentadoria. Já para quem teve perda de renda, problemas de saúde ou passou por um período complicado nos negócios, a previdência privada chamou a atenção pela liquidez imediata dos recursos.

A previdência privada é uma excelente oportunidade de investimento para quem tem maior sensibilidade e aversão aos riscos de outras modalidades. Para quem tem esse perfil, a pandemia pode ter reforçado ainda mais a necessidade de buscar por um investimento seguro como uma possibilidade de garantir recursos para os períodos de instabilidade.

Crescimento da previdência privada no Brasil

A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) fez um levantamento de como está o setor ao redor do país no primeiro semestre de 2022. O estado que teve o maior crescimento nas contratações de previdência privada foi o Piauí, com um aumento de 41,3%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Em segundo lugar, aparece o Mato Grosso, com aumento de 40,4%, seguido por Goiás, com 33,1%, Bahia, com 31,3%, Maranhão, com 29,3%, e Mato Grosso do Sul, com 29,2%, mostrando um crescimento mais expansivo entre todos os estados do Brasil. No Sudeste, a Superintendência de Seguros Privados revelou que o aumento foi de 13,1% no primeiro semestre do ano.

Rendimentos para aposentados

Apesar do crescimento da popularidade da previdência privada, ela ainda representa os rendimentos de uma parcela muito pequena da população brasileira aposentada. É o que aponta a pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em parceria com o Datafolha.

De acordo com a pesquisa, apenas 3% dos aposentados têm essa modalidade como parte dos seus rendimentos. Esse também é o número da porcentagem de brasileiros aposentados que só conseguem sobreviver porque continuam trabalhando, seja para fora ou em suas próprias empresas. A pesquisa também apontou que ainda mais raros são os casos de aposentados que recebem recursos provenientes da família ou de seus filhos, chegando a 2%. Já aqueles que recebem recursos de rendas de pensão, aplicações financeiras ou aluguel de imóveis são apenas 1% de todos os aposentados, em cada categoria de renda.

Para Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima, ainda é muito difícil para a maior parte dos brasileiros a adesão a uma previdência privada. Ainda que existam benefícios tributários e a possibilidade de as empresas contratarem a aposentadoria para os empregos, muitos ainda não conseguem separar renda para investir.

Com a pandemia de Covid-19 e outras instabilidades financeiras que atingiram os brasileiros nos últimos anos, as rendas são capazes de cobrir apenas os gastos do dia a dia. Para uma parte da população, a renda passou a ser insuficiente, levando muitas pessoas a se endividarem ou precisarem procurar novas maneiras de ganhar dinheiro para ter acesso ao básico. Por isso, a indicação de especialistas é que, assim que houver a possibilidade, os brasileiros busquem uma forma de investimento para ajudar nos rendimentos durante a aposentadoria, levando mais segurança durante uma época de maior vulnerabilidade. (Foto: Divulgação istock)