No final do ano, é comum aumentar o tráfego de veículos nas vias públicas, seja nas estradas ou dentro das cidades. Uma das consequências da intensificação da circulação de veículos é o crescimento de acidentes no trânsito. Essa tendência é frequente todos os anos e pode causar impactos na saúde pública, com o aumento da demanda por atendimento de urgência.
A circulação de veículos no final do ano costuma ser muito mais intensa do que em outras épocas. Esse fenômeno pode estar relacionado ao período de festas, que leva muitas pessoas a tirar férias ou efetuar uma mudança na rotina, realizando viagens, celebrações e à procura de presentes nos centros, por exemplo. Com o aumento da quantidade de carros e motos nas ruas, o aumento no risco de acidentes no trânsito é inevitável.
De acordo com dados do DataSUS, no ano de 2022, o Brasil teve uma média de 3,5 mil mortes por acidentes de trânsito por mês. Para dezembro deste ano, espera-se que o aumento de fatalidades seja de 12%. Seguindo essa estimativa, o número de vítimas fatais pode ultrapassar 3,9 mil pessoas. Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que acompanha os dados de acidentes de trânsito nas rodovias federais do Brasil, mostram um total de 283.551 acidentes no período entre 2014 e 2020. Deste total de casos nas estradas, 247.475 pessoas ficaram feridas, enquanto 14.551 vítimas perderam suas vidas.
Dados do órgão apontam que a causa mais frequente de acidentes é a “falta de atenção à condução”, com 215.401 casos no período de 2014 a 2020, o que representa aproximadamente 76% dos acidentes no Brasil. Em seguida, a segunda causa mais registrada é a de “ingestão de álcool”, com 40.268 casos no mesmo período, uma taxa de 14% do total de acidentes. Na sequência, “condutor dormindo” é a terceira maior causa de acidentes no trânsito, responsável por 22.683 casos, com 8% de todos os acidentes. Completam a lista, em seguida: “mal súbito”, com 2.702 acidentes; “restrição de visibilidade”, com 2.205 acidentes; e “ingestão de substâncias psicoativas”, com 292 acidentes.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) destacam o Brasil entre os 10 países com maior mortalidade no trânsito, ao lado de nações como Camboja, China, Egito, Índia, Quênia, México, Rússia, Turquia e Vietnã. O órgão criou um projeto para promover a segurança no trânsito e dedicar esforços para evitar acidentes nesses países, chamado “Road Safety in 10 Countries”. Como parte do projeto, a instituição também decretou que de 2011 a 2020 seria a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, com o objetivo de cortar pela metade o número de feridos e fatalidades em acidentes nas estradas dos 10 países.
No Brasil, o projeto recebeu o nome de Programa Vida no Trânsito, e foram instaurados grupos de trabalho em 5 capitais do país, sendo elas Campo Grande, Curitiba, Belo Horizonte, Palmas e Teresina, cada uma representando uma região. Elaborado pelo Ministério da Saúde, com apoio da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), o programa levou adiante o trabalho intersetorial para fortalecer estratégias de prevenção de acidentes de trânsito.
O aumento de acidentes causa preocupação para trabalhadores da área da saúde. Como apontam os dados, o número de feridos e fatalidades é bastante alto, fazendo com que seja um ponto de preocupação com a saúde pública. As vítimas, que precisam de atendimento médico de urgência, podem sobrecarregar o sistema de saúde público. Dentre os impactos mais perceptíveis, está a superlotação de hospitais.
Levantamento de dados do Ministério da Saúde aponta que, em 2021, foram registradas 642 internações por dia, decorrentes de acidentes de trânsito. No saldo anual, o número de internações ultrapassa 234 mil. Os registros do ano passado mostram a tendência de alta em 24%, em relação ao ano anterior, em que foram contabilizados 188 mil internações causadas por acidentes no trânsito, uma média de 515 por dia.
Para evitar acidentes, é importante dirigir cautelosamente. Nesta época do ano, muitas pessoas costumam perder o controle, portanto a atenção deve ser redobrada. Algumas dicas são sempre respeitar o limite de velocidade da via, evitar ultrapassagens arriscadas, não falar ao telefone nem mandar mensagens ao dirigir, não beber bebida alcoólica antes de dirigir, conferir se todos os passageiros estão utilizando o cinto de segurança, etc. Além disso, investir em um seguro de vida e em um seguro para o veículo também são úteis para ser amparado em caso de necessidade. (Foto: iStock)