O futuro da informação e como usar os dados a favor da saúde foram temas debatidos no 4º Fórum da Saúde Suplementar

O futuro da informação e como usar os dados a favor da saúde foram temas debatidos no 4º Fórum da Saúde Suplementar

A informação foi o centro do debate da segunda palestra do 4º Fórum da Saúde Suplementar, organizado pela Federação Nacional da Saúde Suplementar (FenaSaúde), que terminou ontem (23/10). Qual o futuro da informação? Como usá-la para benefício do médico, paciente, operadora e prestadoras? Como fazer a governança dos dados? Estas perguntas foram debatidas entre os participantes do evento após uma palestra sobre ‘O impacto das novas tecnologias da saúde na vida das pessoas’ ministrada por Henrique von Atzingen do Amaral, líder do ThinkLab na IBM Brasil e professor de inovação na pós-graduação da ESPM. O especialista apresentou as novidades tecnológicas existentes e que irão impactar, em breve, todo o setor.                   

Passando pelo impacto da criação do Iphone, pelo surgimento dos processadores e transistores, pela computação em nuvem, pela velocidade das conexões, pelos satélites e pela internet das coisas, Amaral traduziu como o nosso planeta está se tornando um grande dispositivo virtual. E este mundo da tecnologia não está longe da medicina e da população. Hoje já existem dispositivos para a saúde do consumidor que podem medir a qualidade do sono, gerar gráficos sobre pressão e peso, relógios que fazem eletrocardiogramas e tantos outros aplicativos que ajudam o usuário a obter informações sobre sua saúde. “Mas estes dados ainda estão nas mãos do consumidor, não do médico, nem da operadora de saúde. Estas informações podem ser úteis para a medicina assim que ficar mais acessível”, explicou o professor.

Segundo Amaral, o consumidor aceita compartilhar as informações pessoais desde que tragam soluções mais rápidas para seus problemas, porém quando as empresas erram, como compartilhar dados ou fornecer propagandas irrelevantes, desagradam o usuário. “Errar com dados de saúde será imperdoável. A receita para não errar é oferecer conveniência, relevância, segurança e controle. Na saúde, os dados são do usuário e este deve ter o controle de acessos e fornecimento das informações”, afirmou o especialista.

Flávio Bitter, diretor-gerente da Bradesco Saúde e vice-presidente da FenaSaúde, apresentou a iniciativa da rede de médicos que já solicita autorização para os pacientes para compartilhar um prontuário eletrônico. “Se o usuário entender os benefícios, ele aceita compartilhar os dados. Mas é necessário ter clareza, franqueza e propósito correto da informação. Porém, ainda estamos muito longe de uma integração dos sistemas. Hoje as iniciativas são isoladas. Se não criarmos um fluxo, vamos manter uma assistência descentralizada. Para isso, há necessidade de unir a cadeia de saúde discutindo governança e ética”, disse Bitter.

Para avançar neste segmento, é preciso quebrar a barreira da desconfiança, afirmou Josier Vilar, diretor-presidente do IBKL. “O setor sofre de uma crise de desconfiança e descontruir este sentimento é um desafio gigantesco. Temos que começar com um projeto piloto de integração de informações, mas com as pessoas querendo trabalhar como um projeto de transformação, que deveria ser liderado pela ANS”, sugeriu Vilar.

Já Franklin Padrão Junior, diretor-presidente da Golden Cross e vice-presidente da FenaSaúde, considera que existe resistência e que os médicos precisam ser treinados. “A segunda opinião médica é tida como afronta por muitos profissionais. É necessário mudar já nas faculdades que precisam ensinar a medicina não como um ato individual para um paciente único. O grande trabalho deve ser junto aos médicos para entenderem o uso da informação. O sigilo médico é usado como uma barreira ao acesso à qualidade do procedimento utilizado”, explicou.

O ideal seria um prontuário eletrônico interligado e todos terem acesso pontuou Claudia Cohn, presidente do Conselho da Abramed. Ela acredita que a disponibilidade de informações pelo paciente é um processo que vai acontecer, mas que deve levar sempre em conta a governança e a ética dos dados. “A legislação tem que vir para dar transparência e clareza de como utilizar os dados. Temos que despir da desconfiança e criar um ambiente seguro e ético”, concluiu.

Encerramento

No fechamento do 4º Fórum da Saúde Suplementar, a presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiro Mendes, agradeceu o alto nível das palestras e contribuições dos participantes e do público. Durante o evento, foram mais de 30 palestrantes, especialistas e lideranças que apresentaram diversos aspectos de melhorias e construção de um setor mais sustentável.

Além disso, mais de 900 pessoas estiveram presentes nos dois dias de evento. Este foi o primeiro ano das edições do Fórum em que se utilizou um aplicativo. Nele os participantes enviaram perguntas, participaram de enquetes e fizeram posts com fotos e comentários. O Fórum contou com transmissão online com mais de 3 mil visualizações.