CEO da Coface no Brasil, Marcele Lemos, aposta na pluralidade empresarial em cenário desafiador para a economia
Apesar dos avanços, ainda é relativamente baixo o número de mulheres que ocupam posições de destaque no mercado de trabalho. Segundo pesquisa, divulgada no último trimestre de 2019 pelo Insper com a Talenses, elas ocupam 26% das posições de diretoria. Outros 23% de mulheres ocupam os cargos de vice-presidência e 16% estão nos conselhos das empresas. O número, no entanto, cai para apenas 13% de mulheres em função de presidência. “Podemos avançar muito mais. Ainda há muito a ser feito e quando olhamos para outros lugares como América do Norte e Europa este índice de mulheres presidentes cai para 3% e 6%, respectivamente”, comenta Marcele Lemos, que ocupa a posição de CEO da Coface há quase 9 anos no Brasil.
A executiva revela que começou na companhia – especialista em Seguros de Crédito – em 1999 e que ter passado por diversos departamentos fez toda diferença em sua trajetória. “Comecei na empresa como analista de crédito. Fazia as avaliações e fui galgando novas posições. Todas as vezes que um novo departamento ou alguma novidade surgia eu prontamente me oferecia para atuar neste projeto. Sempre gostei de desafios e nunca tive medo de trabalho. Depois disso fui promovida a gerente, superintendente e diretora técnica. Foi quando cheguei à presidência da Coface, onde estou há quase 9 anos”, explica.
“Posso dizer que conheço a empresa como um todo, desde o momento de precificação de uma apólice, passando pela análise de crédito, emissão, efetivação de um contrato de resseguro ou até mesmo em um caso de sinistro. Acredito que isso foi importante e fundamental para que eu chegasse ao posto de country manager”, complementa ao enfatizar a importância de contar com o apoio de sua equipe. A Coface conta, ao todo, com mais de 4 mil funcionários no País.
Defensora da diversidade para oxigenação de um negócio, Marcele Lemos defende que as mulheres não tenham receio de candidatar-se para posições de destaque. “É preciso ter mais auto confiança. Isso tudo vem da própria criação e educação que vem de casa. A menina geralmente é tratada como a princesinha, a frágil. O menino não pode chorar, pois a vida tem de continuar. Esse cenário só vai mudar com a educação”, analisa.
“Mulheres. Não tenham medo se vocês estão disputando uma vaga com outro colega. Se você tem as qualificações necessárias e está preparada para a posição não tenha medo de assumir. Sempre há o que aprender”, completa.
E, de fato, são diversos os levantamentos que demonstram maior satisfação, inovação e lucros em empreendimentos que apostam na diversidade de ideias, gêneros e demais características em seu quadro funcional. De acordo com a consultoria americana McKinsey (2018), as empresas com maior diversidade de gênero em cargos executivos contam com 15% mais chances de lucros acima da média em detrimento dos concorrentes. No caso de diversidade étnica o número é ainda maior: sobe para 33%. “É preciso confiar mais. Não existe uma universidade que prepare um presidente ou um diretor financeiro. Muitas coisas só são aprendidas na prática, quando você está em uma cadeira executando no dia a dia. Tanto as executivas, como os executivos, precisam ter mais autoconfiança e não ter medo dos desafios que surgem”, destaca Marcele.
E por falar em adversidades, o momento é desafiador para a economia mundial. A Coface conta com um time de analistas que acompanha a situação em mais de 200 países e a uma das grandes questões do momento é o que acontecerá após a da pandemia de coronavírus, por exemplo. “Estamos vivendo um cenário de muitas incertezas e vemos uma desaceleração da economia. Não se sabe ainda qual será o impacto do coronavírus e ainda estamos atravessando questões como a crise do preço do petróleo. Mesmo assim, as empresas precisam continuar com seus negócios nesse ambiente de incertezas. O Seguro de Crédito, por exemplo, possibilita que tudo continue de uma forma protegida. Por isso somos uma companhia considerada próxima ao risco, pois nossos analistas conhecem bem as informações para a tomada de decisão”, reitera Marcele Lemos.
A presidente da Coface lembra que o momento pode ser uma oportunidade para incentivar as exportações de empresas brasileiras. “Vemos que o governo tem propiciado um melhor ambiente de negócios, com juros mais baixos, inflação controlada e uma maior disponibilidade de crédito no mercado após a tão esperada Reforma da Previdência.
Isso tudo traz visibilidade ao Brasil, além de que a postura do Executivo é mais favorável às privatizações – o que diminui o ambiente de corrupção no País e, consequentemente, atrai novos investimentos. Com a desvalorização do real as empresas brasileiras ficam mais competitivas no mercado internacional, o que pode ser uma oportunidade para os empreendedores brasileiros”, comenta.
A especialista também lembra que a sinistralidade do mercado de Seguro de Crédito caiu consideravelmente após a grave crise atravessada pelo Brasil nos últimos anos. “Entre 2015 e 2016 o índice chegou a bater 130%. Depois, em 2017, esse valor foi caindo e chegou a um pouco menos de 39% no ano passado. Essa é uma modalidade que auxilia as empresas a protegerem seus recebíveis e a crescerem em mercados desconhecidos. Ainda é, no entanto, um nicho de mercado muito pequeno – com R$ 430 milhões de faturamento – um valor que pode crescer significativamente nos próximos anos dada a extensão e o número de empresas no País”, apresenta ao lembrar que este é um seguro que pode ser contratado por qualquer tipo de negócio. “Atendemos fábricas, montadoras e diversos segmentos da economia. Trata-se não de uma simples apólice, mas de um guarda-chuva de proteção. Atuamos com o monitoramento da situação dos clientes, dos números financeiros de uma empresa e contamos com um serviço de cobrança que tenta reaver recebíveis. Também é possível, para os empresários, anteciparem estes valores a receber em instituições financeiras – onde o contrato de seguro serve como garantia de pagamento”, revela Marcele. “É uma grande ferramenta para que as empresas alavanquem seus negócios e reduzam seus custos. É possível, ainda, que a equipe comercial de nossos segurados direcione suas vendas de acordo com o score de seus clientes, que varia de 0 a 10, onde 10 é o melhor risco”, sintetiza.
Marcele Lemos ainda lembra que o Seguro de Crédito pode ampliar a carteira e os ganhos dos profissionais da corretagem de seguros. “Temos muitos corretores que são nossos parceiros na distribuição deste tipo de cobertura no mercado brasileiro. Fica aqui minha atenção também aos profissionais que ainda não tiveram contato com este nicho. Estamos à disposição para treinar sua equipe e apresentar esse produto. Venha fazer com que cada vez mais empresas se beneficiem com este produto que tem muitas oportunidades para crescer”, finaliza.