Pesquisa indica que confiança das pessoas no Facebook na América Latina está arruinada

Pesquisa indica que confiança das pessoas no Facebook na América Latina está arruinada

Nove em cada dez consultados pedem que Facebook remova publicidade política enganosa

Sabemi

A confiança no Facebook nos mercados latino-americanos está sendo seriamente prejudicada, já que o gigante da mídia social enfrenta crescente pressão para assumir a responsabilidade por publicidade política enganosa e outras informações falsas que aparecem em sua plataforma, revela um novo estudo de consumidores.

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De acordo com o relatório Evolution of Traditional Media in Latin America, encomendado pela consultoria Sherlock Communications, três em cada quatro consumidores da região (77%) acreditam que o Facebook deve ser responsabilizado pela veracidade da publicidade que recebe dinheiro para publicar.

As descobertas seguem novos pedidos de várias organizações ativistas, incluindo a Color of Change e a NAACP nos EUA, para os anunciantes interromperem os gastos com anúncios no Facebook, exigindo que o Facebook lide com o racismo em suas plataformas por meio da campanha Stop Hate for Profit (Pare o ódio pelo lucro, na tradução literal). Patagonia, Ben & Jerry’s e Upwork estão entre as muitas marcas que já se comprometeram publicamente a fazê-lo.

Quase nove em cada 10 latino-americanos pediram que o Facebook verifique e remova ativamente a propaganda política que contém mentiras ou é deliberadamente enganosa. Essa visão é mais forte no Peru (88%), Colômbia, México e Brasil (todos 86%).

Além disso, a pesquisa também revela que 33% dos latino-americanos acreditam, em média, que o Facebook, WhatsApp e Instagram representam uma ameaça para eleições democráticas e justas, enquanto cerca de 32% pensam que não.

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Ryan Lloyd, professor visitante de estudos internacionais no Center College e especialista em política latino-americana, afirma: “Os resultados mostram uma desconfiança consistente do papel do Facebook na publicidade política em toda a região em vários países com contextos políticos distintos”.

O Facebook foi criticado por sua recusa em regulamentar a publicidade que contém e espalha informações enganosas e/ou falsas, em muitos casos em torno de questões políticas, mas também de saúde pública, como foi o caso da pandemia de coronavírus em 2020.

Zuckerberg argumentou que não há solução óbvia e que limitar a publicidade política no Facebook estaria limitando a liberdade de expressão. No entanto, 82% do público entrevistado discorda, segundo o estudo da Sherlock Communications.

De fato, 81% dos entrevistados disseram que respeitam a proibição do Twitter de publicidade política paga em sua plataforma – apresentando uma melhor percepção da empresa do que plataformas que não adotaram uma postura explícita.

Flávio Pinheiro, professor de ciências políticas da Universidade Federal do ABC, disse: “Os resultados da pesquisa refletem talvez uma maior dependência do cidadão, em geral, das notícias consumidas pelo Facebook e outras mídias sociais. Isso está impulsionando a demanda por mais transparência e controle. Os entrevistados também parecem considerar as repercussões na mídia sobre a influência do Facebook, por exemplo, nas eleições nos EUA e no Brexit”.

E o custo pode acabar atingindo os bolsos de Zuckerberg e do Facebook se os anunciantes sérios se afastarem da plataforma, já que 65% dos consumidores relatam ter menos probabilidade de confiar em outra publicidade do Facebook devido às mentiras na publicidade política, diminuindo o alcance aos consumidores por meio da plataforma.

“O Facebook precisa encarar que a decisão de deixar as campanhas políticas enganosas se espalharem por uma questão de ‘liberdade de expressão’, simplesmente não é aceita pelos latino-americanos”, diz Patrick O’Neill, Managing Partner da Sherlock Communications. “Esse posicionamento está diminuindo a eficácia das propagandas no Facebook e a confiança na plataforma e em seu conteúdo. A mensagem do público é clara: é hora de assumir a responsabilidade e erradicar qualquer anúncio político enganoso e falso da plataforma”, acredita.

O estudo da Sherlock Communications é lançado depois que Zuckerberg e a COO do Facebook, Sheryl Sandberg, foram objeto de renovadas chamadas para agir ou renunciar a seus papéis, principalmente pelo financiador bilionário George Soros, que argumentou que a recusa em remover anúncios políticos estava “ajudando reeleger Donald Trump”.

O candidato presidencial dos Estados Unidos Joe Biden também está entre os críticos do Facebook, pedindo à empresa que “promova fontes autorizadas e confiáveis de informações eleitorais, em vez de queixas de maus atores e teóricos da conspiração”, e que verifique a publicidade política.

Detalhes sobre o estudo

Pesquisa encomendada pela Sherlock Communications, conduzida pela Toluna, que realizou uma pesquisa on-line entre 2.000 adultos representativos de idade e classe divididos igualmente em cinco principais mercados da América Latina – México (400), Brasil (400), Argentina (400), Colômbia (400) e Chile (400). Mais dados e insights podem ser encontrados no relatório completo.