Evento teve a participação de lideranças de RH da Aon, Bradesco Seguros e Travelex Confidence
A OdontoPrev realizou no final de junho a Mesa Redonda RH. O objetivo é debater as principais mudanças na área geradas pela pandemia e o futuro do trabalho. Participaram do evento Andrea Milan, diretora-executiva de RH da Aon Brasil; Paula Giannetti, diretora-executiva de RH, Comunicação e Marketing da Travelex Confidence; e Valdirene Soares Secato, diretora de Recursos Humanos da Bradesco Seguros. A live foi mediada por Rose Gabay, diretora de Recursos Humanos da OdontoPrev.
Para todas as empresas, os impactos do novo coronavírus trouxeram uma mudança cultural sem precedentes. Na Bradesco Seguros, com foco na proteção das pessoas, 96% dos colaboradores já estavam em home office em oito dias. Já na Travelex Confidence, o maior desafio foi estar disponível para oferecer serviços de envio de recursos para pessoas em outros países, em um momento em que estes viajantes estavam em outras nações, impedidos de retornar para o Brasil, o que fez a empresa se tornar mais ágil. E, na Aon, a política do home office já havia sido implementada para parte da empresa, mas a pandemia acelerou o processo e, em poucos dias, todos os colaboradores já estavam trabalhando remotamente.
Aumento da confiança durante o home office
No entanto, mesmo com experiências e desafios distintos, as executivas concordam em um ponto: o trabalho remoto aproximou as pessoas e fez com que a confiança fosse estabelecida.
“O impressionante é que, apesar da distância, as pessoas se aproximaram. Com a nossa capilaridade no Brasil, era difícil alcançar todos e, desde o início da pandemia, já tivemos mais de 1.300 turmas online para capacitação em diversas frentes, além das mais 22 mil participações de corretores, em 60 dias. Houve, inclusive, um esforço de disseminar e administrar esta nova realidade, que tem como destaque a liderança pela confiança e gestão da produtividade. Este momento naturalmente move a cultura. Os feedbacks nos mostram como está sendo positivo”, explica Valdirene Soares Secato, diretora de Recursos Humanos da Bradesco Seguros .
A mesma percepção de que o isolamento está trazendo proximidade, por mais que essas duas palavras possam ser contraditórias, é captada por Andrea Milan, diretora-executiva de RH da Aon . “O home office era realizado mais como teste de conceito, um dia por semana. A questão é que, geralmente, há um medo das empresas em relação à disciplina e à infraestrutura, por exemplo. Mas ficamos impressionados com a aproximação das pessoas, inclusive em reuniões e cafés virtuais. A ausência física faz com que haja uma proximidade e uma colaboração genuína”, diz a executiva.
Já na Travelex Confidence, essa combinação de confiança e proximidade foi sentida na prática, com mais intensidade, quando um gerente de Projetos foi contratado justamente durante a pandemia. “Esse gestor chegou no momento de fim de férias nas lojas, que contam com 400 pessoas, e em uma hora em que se estava decidindo o futuro das lojas. Então, ele apresentou e coordenou uma ação com a divisão dos colaboradores em 16 grupos de trabalho (squads) para acelerar processos, como o cadastro. Assim, descobrimos profissionais na ponta altamente especializados. Eu nunca produzi tantos materiais de marketing! Foi um engajamento incrível, com relevância para os clientes e a empresa. Daí em diante, passamos a trabalhar o capital humano, e não o job description. E já estamos com uma ação em andamento nesse sentido, como se fosse um job rotation”, conta Paula Giannetti, diretora-executiva de RH, Comunicação e Marketing da Travelex Confidence .
Sobrecarga de trabalho
No entanto, as executivas reconhecem que o trabalho remoto não tem somente aspectos positivos. Muitos profissionais têm percebido que estão trabalhando mais em suas casas, muitas vezes sem uma fronteira de papéis; sem uma divisão estabelecida entre as esferas pessoal e profissional.
Para vencer esse novo desafio, as lideranças participantes do Mesa Redonda RH da OdontoPrev acreditam que a área de Recursos Humanos precisa ter ainda mais protagonismo, o que já vem se delineando no isolamento social.
“Temos feito muita pesquisa com os colaboradores para ouvir de forma mais estruturada e sistematizada, e com uma frequência maior. Estamos muito mais atentos, até para suprir o convívio pessoal”, relata Rose Gabay, diretora de RH da OdontoPrev.
E muitos outros recursos estão disponíveis para o RH se fazer mais presente. “Na Bradesco Seguros, por meio do Programa Corporativo Viva Bem e do Meu Doutor – Novamed, realizamos orientação sobre cuidados com a vida e a proteção, bem como ações sobre saúde mental para todo o quadro, com o objetivo maior de cuidar das pessoas. O cenário exige de todos nós uma revisita constante. Acredito que, por meio das lideranças e do propósito, encurtaremos a distância e os objetivos da companhia. Por isso, precisamos estar abertos e experimentar o novo cenário”, aponta Valdirene .
“As pessoas estão mais autônomas e mais empoderadas. O RH, nesse contexto, é exatamente o que vai acelerar e mediar. Antes, era recebedor de tecnologia. Hoje, está ajudando na transformação”, completa Paula.
Métricas e resultados
E como fica a avaliação dos colaboradores a distância? Para Rose Gabay, da OdontoPrev, o momento alimenta a necessidade, já latente, de rever os processos. “Acho que todos nós já estávamos nos questionando, até antes da pandemia, sobre usar o método tradicional, quando vemos o digital avançando a passos largos”, sinaliza a diretora .
Para Andrea, da Aon, o caminho já está sendo delineado. “Esse novo momento está proporcionando feedback frequente e checkpoints. E como tem sido produtiva essa troca online! As pessoas podem alinhar como trabalhar da melhor forma o seu tempo e objetivos. Isso, com certeza, já está refletindo na percepção das lideranças”, observa a executiva .
Futuro do trabalho (e os escritórios?)
Principal dúvida de colaboradores e lideranças, esse tema ganhou destaque no Mesa Redonda RH. Mesmo sem uma resposta final, porque tudo ainda está em construção, as diretoras contaram como está sendo o processo de retomada na Aon, Bradesco Seguros, OdontoPrev e Travelex Confidence, bem como o que esperam quanto ao futuro para o trabalho e a área de Recursos Humanos:
“A OdontoPrev está fazendo uma retomada bem lenta, gradativa; mas vamos retomar. Independente disso, uma coisa é certa: o ambiente de confiança é a base de tudo, junto com a cooperação. Daí vem resultado”.
Rose Gabay, diretora de RH da OdontoPrev
“Temos um plano em andamento, mas sem respostas efetivas sobre o movimento futuro. Não é o que era e não será o que estamos vivendo; acredito em um modelo mais híbrido. Rompemos muitos paradigmas e conseguimos realizar atividades a distância, o que, em um cenário normal, não faríamos. Testamos e vimos que é possível. Há uma tendência natural pelo digital, autosserviço, que está mais acelerado. Para o futuro, também aposto em novas competências, como criatividade, empreendedorismo, estratégia e liderança”.
Valdirene Soares Secato, diretora de Recursos Humanos da Bradesco Seguros
“Tudo está sendo repensado, mas não voltaremos enquanto não tiver segurança. Para o futuro, o grande ponto é ter a capacidade de escutar e entender o ambiente, o funcionário, o entorno. É necessária a capacidade de abrir mão de crenças e transformar. Já percebemos que as grandes transformações no ambiente do trabalho são simples, baseadas em direcionamento claro, empatia, espaço de escuta e união”.
Andrea Milan, diretora-executiva de RH da Aon
“Estamos vivendo o voltar e o não voltar, porque temos 130 lojas no Brasil. O protocolo está pronto, mas só retornaremos por completo quando estiver mais seguro. Nas lojas, adotamos as medidas de segurança necessárias para evitar qualquer tipo de contágio. Já sobre o futuro do trabalho e do RH, tenho um chute: produtividade igual ou melhor, com redução de jornada. Também podemos acelerar novas modalidades de contrato e ter uma força de trabalho líquida, com pessoas flutuantes. O fundamental é ter humildade para pedir ajuda”.